quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A FELICIDADE DEPENDE DAQUILO QUE TE MOTIVA

 


Fomos criados para sermos felizes e cada ser humano vive nessa constante busca da felicidade. Porém, a intensidade e a duração da sua felicidade dependem das suas motivações.

"Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.” (Jo 15,11) Jesus já nos ensina que o desejo de Deus para cada um de nós é a completa alegria, a felicidade sem fim. Por causa do pecado, esse tipo de felicidade infinita não é possível enquanto estamos aqui na terra, porém podemos chegar muito perto disso, dependendo das escolhas que fazemos.

A felicidade não é uma coisa estática, como uma foto, mas é um estado de ânimo que depende muito mais de nossas disposições interiores do que de acontecimentos externos. Por isso, dependendo de como buscamos a felicidade, de qual é a nossa motivação, podemos encontrá-la ou não.

Motivação do prazer

Podemos identificar três motivações básicas do homem para buscar a felicidade, segundo Peres Lopes: o prazer, a intelectualidade e a transcendência. A motivação pelo prazer é a motivação mais básica, que os animais também possuem. A pessoa é movida a agir para sentir prazer, como comer, beber, dormir, ter relações sexuais, entre outros. A recompensa por essa ação geralmente é imediata e pode ser muito intensa até, porém essa sensação logo passa. Isso é causada pela dopamina, um neurotransmissor, que está relacionada com esse sistema de recompensa. Quando os neurônios desse sistema são ativados, eles liberam a dopamina em regiões específicas do cérebro, causando o aumento da sensação de prazer.

Com o vazio desse prazer que já passou, a pessoa busca novamente os mesmos estímulos, porém, cada vez precisa de um estímulo maior para ter a mesma sensação e muitas vezes esse tipo de felicidade fugaz vira um vício.

Motivação intelectual

O segundo tipo de motivação é aquela que estimula o intelecto. Não é mais uma motivação externa, como é o caso da busca do prazer e também não é acessível aos animais. O tipo de alegria proporcionada por essa motivação é uma alegria tipicamente humana, de satisfação pelo crescimento das habilidades intelectuais e do desenvolvimento pessoal. Consequentemente esse tipo de felicidade é mais intensa e mais duradoura que a causada somente pelo prazer e a razão disso é que esse tipo de satisfação exige um certo esforço por parte da pessoa. Não é uma satisfação automática que responde a um estímulo. É um processo, muitas vezes penoso, mas que no fim, gera essa alegria mais sóbria. Alguns exemplos são conseguir tocar um instrumento, ganhar uma competição esportiva ou aprender alguma disciplina, como matemática, física, etc.

Motivação transcendente

O tipo mais elevado de motivação que traz realmente uma felicidade mais plena e duradoura é a motivação transcendente, aquilo que vai além das sensações físicas e intelectuais, aquilo que ultrapassa o próprio ser humano, como por exemplo, a busca da glória ou o amor verdadeiro que deseja causar alegria para outra pessoa ou ainda fazer algo que tenha um impacto positivo para muitas pessoas. Esse tipo de motivação ajuda a pessoa a superar qualquer obstáculo, a fazer os maiores sacrifícios e faz tudo isso com uma grande alegria, pois o que busca não é um simples prazer efêmero ou uma conquista intelectual, mas um bem que ultrapassa a si mesmo.

Alguns exemplos desse tipo de motivação é o jovem que dá aulas gratuitas num cursinho da periferia, ou o voluntário que alimenta os moradores de rua ou o pai de família que realiza um trabalho que lhe custa muito, mas que é importante para o sustento de sua família ou ainda aquela pessoa que está disposta a entregar a própria vida por uma causa.

Felicidade duradoura

Assim, para conseguirmos ter essa felicidade duradoura, mesmo em meio ao sofrimento (do qual ninguém escapa), é preciso que nossas motivações sejam mais elevadas, buscando fazer o bem para os outros. “Buscai as coisas do alto” (Col 3,1), já nos orienta São Paulo.

Isso não significa que não possamos sentir prazer. O prazer foi criado por Deus e é uma coisa boa, mas ele não pode ser a finalidade das nossas ações. A motivação mais elevada que podemos ter é aquela do próprio Jesus: fazer em tudo a vontade do Pai (Jo 4, 34; Jo 6, 38). Essa é a alegria de Jesus que ele quer que esteja em nós, para que a nossa alegria seja plena.

Nossa meta: a santidade

A vontade do Pai para cada um de nós é que sejamos santos! Ser santo significa desenvolver todo o potencial para o qual fomos criados e um dia gozar da felicidade plena no Céu. Assim, precisamos conhecer a nós mesmos e vermos quais virtudes precisamos conquistar. Devemos utilizar todos os meios que a Santa Igreja coloca a nossa disposição para alcançarmos a santidade, que são os sacramentos, especialmente o da confissão e o da eucaristia. Buscar uma rica vida interior, com a oração e a meditação da vida diária, enxergando como o Pai se comunica comigo e demonstra seu amor por mim no dia a dia.

Portanto, busquemos a felicidade onde ela realmente está: em uma vida santa, de amor a Deus e aos outros.

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