quinta-feira, 14 de setembro de 2023

O DESEJO É FUNDAMENTAL

 





O ser humano é composto de corpo e alma; tanto um como outro são movidos pelo desejo. O desejo tem um poder imenso e uma força avassaladora. É o desejo que move nossos instintos para comer, beber, descansar, ter relações sexuais. É o desejo que nos faz sair da cama todos os dias para cumprirmos nossas obrigações e construirmos nossa vida. A falta de desejo, em qualquer área de nossa vida, pode ser sinal de alguma doença (física ou emocional) e pode até levar a morte!  

O desejo é como um foguete com grande propulsão que pode nos levar às alturas e à imensa felicidade, mas se ele for apontado para o lado errado, para nós mesmos, pode ser causa de nossa autodestruição. Então a chave para usar o desejo a nosso favor é perguntar: o que eu desejo? E por que eu desejo isso?
Existem os desejos básicos da nossa natureza que são relativamente fáceis de serem atendidos: comer quando se está com fome, beber quando tem sede e descansar quando está cansado, entre outros. O problema começa quando começamos a acrescentar qualidades a esses desejos, como o tipo de comida ou bebida; o lugar ou a quantidade de descanso... Podemos desejar coisas materiais mais difíceis, como uma casa, um carro, uma viagem. Os desejos podem ser mais complexos e amplos, como o desejo por poder, por uma posição social, pela fama e riqueza. 

Ao analisarmos a nossa própria vida e a sociedade em que vivemos podemos concluir que é muito difícil chegar ao ponto de ter todos os desejos atendidos. Sempre que conseguimos algo que desejávamos, começamos a desejar outra coisa... E qual é a raiz disso? Por que parecemos sempre insatisfeitos? 

Santo Agostinho já dizia: “inquieto está meu coração enquanto não repousar em Ti, meu Deus”. Com as coisas materiais é relativamente fácil saciar os desejos do nosso corpo, mas como somos corpo e alma, existe algo em nós, um tipo de desejo, que jamais será saciado enquanto estivermos nessa vida terrena. É o nosso desejo pelo infinito. O nosso corpo terá um fim, quando morrermos, mas a nossa alma é imortal e não pode ser inteiramente saciada com as coisas desse mundo. 

Deus colocou esse tipo de desejo insaciável em nossa alma por uma única razão: para lembrarmos que fomos feitos para a eternidade! E se fomos feitos para a eternidade, devemos, desde já, vivermos de uma forma que possamos ser eternamente felizes e realizados. Por isso, o mais importante que podemos fazer nessa vida é desejar o Céu.

O desejo pelo Céu tem um poder incrível. Ele nos move a escolher sempre aquilo que vai nos ajudar nessa meta; a buscar viver uma vida de virtudes, procurando sempre o bem, o belo e o verdadeiro. É muito importante renovar esse desejo frequentemente. Dizer mesmo, em nossa mente: eu quero ir para o Céu! Eu quero ser eternamente feliz em Deus, que me criou para isso!

É o desejo pelo Céu que moveu a vida de tantos santos, dando força e alegria para enfrentarem os maiores sofrimentos, incluindo o martírio. Sabemos que o mais perto que podemos chegar do Céu nessa vida é receber Jesus, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Sagrada Eucaristia. No livro “Imitação de Cristo”, Tomás de Kempis reza: “Com suma devoção e abrasado amor, com todo afeto e fervor do coração, desejo receber-vos Senhor na Sagrada Comunhão, como desejaram muitos santos e pessoas devotas que vos eram tão caras (...) Oh amor eterno, meu único bem, felicidade interminável, desejo receber-vos com fervor mais veemente e com a reverência mais digna qual jamais teve nem pode sentir nenhum dos vossos santos. E ainda que eu seja indigno de ter aqueles admiráveis sentimentos de amor, ofereço-vos todo o afeto do meu coração, como se eu só estivesse animado de todos aqueles inflamados desejos.”

Então, vamos analisar nossa própria vida e tentar enxergar como podemos direcionar melhor nosso “foguete” do desejo para aquilo que realmente importa: o Céu. Muitas coisas são necessárias para conseguirmos viver dignamente, mas nosso desejo não pode estar direcionado a elas. Elas são apenas meio, não o fim. Nossa meta é o Céu. 


Foto de Iván Díaz na Unsplash