Há cerca de
dois anos, começaram a aparecer em minha timeline do facebook alguns posts
sobre o uso do véu pelas mulheres na missa. Achei interessante e passei a ler a
esse respeito e me aprofundar no tema. Após alguns meses senti um verdadeiro
chamado a usar o véu e, depois de alguma resistência, decidi seguir esse
chamado, que tem transformado o modo como eu participo da Santa Missa e das
adorações eucarísticas. Compartilho aqui o que eu aprendi e as razões que me
levaram a tomar essa decisão.
Desde o início do cristianismo, era costume as mulheres cobrissem a cabeça
quando estavam na Igreja. No Código de Direito Canônico de 1917, que vigorou
até 1983, havia um cânon que falava sobre o assunto. Lá era dito o seguinte:
“Os homens, na Igreja ou fora dela, enquanto assistem aos ritos sagrados, devem
trazer a cabeça descoberta, a não ser que os costumes aprovados do povo ou
circunstâncias peculiares determinem de outra maneira; as mulheres, no entanto,
devem trazer a cabeça coberta e estarem vestidas de forma modesta,
especialmente quando se aproximarem da mesa da comunhão”. (Cân.
1262 §2).
Todavia, após as reformas litúrgicas oriundas do Concilio Vaticano II, aos
poucos as mulheres no ocidente começaram a abandonar esse costume e no Código
de Direito Canônico atual, não se encontra mais nenhum cânon referente ao tema,
inexistindo assim obrigatoriedade do uso do véu pelas mulheres. Mas isso não
significa que ele esteja proibido, por isso não é lícito ninguém impedir quem
quiser usar.
Provavelmente
o abandono do uso do véu se deu por influência do feminismo, que em sua
ideologia de querer “igualar” as mulheres aos homens, rechaça tudo aquilo que
pode ressaltar a feminilidade e a diferença de se vestir e se comportar entre
os sexos.
Em minhas
pesquisas, descobri também que durante o Concílio Vaticano II, foi perguntado
ao Arcebispo Bugnini (responsável pela reforma litúrgica) por alguns
jornalistas se as mulheres ainda precisariam cobrir suas cabeças na Santa
Missa. Sua resposta foi que essa questão não estava sendo discutida pelos Bispos.
Porém, os jornalistas entenderam essa resposta como um “não” e publicaram as
manchetes por todo o mundo essa informação equivocada. Desde então,
praticamente todas as mulheres abandonaram essa tradição.
Vejamos o que explica o Pe. Edison de Oliveira, sobre o fundamento bíblico do
uso do véu:
“Na primeira carta de São Paulo aos Coríntios, o apóstolo Paulo trata de
assuntos referentes à conduta daquela comunidade. Basicamente, seu pedido diz
respeito ao que se refere à masculinidade e feminilidade, de forma que homens e
mulheres não se vistam de maneira confusa.
Pelo contexto, é claramente expresso que, de maneira geral, as mulheres cristãs
tinham herdado da tradição judaica o costume de cobrir os cabelos com o véu (v.
16). Realidade que parecia não ser comum naquela comunidade. Neste
sentido, São Paulo faz tal pedido também para que o não uso do véu pelas
mulheres daquela comunidade não as deixassem parecidas com as mulheres que não
seguiam os costumes cristãos.
Em Corinto, as mulheres pareciam exercer papel ativo e de presença na
comunidade, para tal era necessário o máximo de prudência e pudor para que não
houvesse confusão”.
Assim, o primeiro argumento a favor do véu é justamente para distinguir o
masculino do feminino, fato que na nossa cultura atual é de fundamental
importância. A ideologia do gênero, a moda unissex, tem tentado “uniformizar” a
natureza humana, pregando que não há diferenças entre o homem e a mulher.
Quando uma mulher usa o véu na Igreja, ressalta a sua feminilidade e atesta de
forma silenciosa, mas eloquente, que Deus criou o homem e a mulher com a mesma
dignidade, mas com funções diferentes e complementares.
Outro argumento interessante é que faz parte da tradição cobrir com o véu tudo
o que é sagrado: o sacrário, a âmbula que contém a Eucaristia, enfim, tudo o
que se refere diretamente a Deus e ao sagrado é coberto com o véu. Então, ao
pedir que a mulher se cobrisse com o véu, a Igreja está ressaltando o caráter
sagrado do ser feminino. É na mulher que um novo ser humano é concebido, uma
nova vida, uma nova alma imortal é gerada e cuidada. O uso do véu, desta forma,
ressalta toda a dignidade e valor do ser mulher.
Apesar de ter praticamente abandonado o uso do véu na Igreja, quase toda mulher
ao subir ao altar para o seu casamento, continua usando o véu. Então, o véu é o
símbolo da noiva, do matrimônio. Quando vemos uma mulher de véu na Igreja se
aproximando da Eucaristia, isso deve lembrar a todos nós que estamos a caminho
das eternas Núpcias do Cordeiro. Devemos recordar que nossa caminhada aqui na
terra deve nos levar ao Céu, devemos nos comportar de tal modo que, ao fim da
vida, possamos entrar no grande banquete do Céu.
As mulheres, em geral, gostam muito de cuidar dos cabelos, pois é um adorno
importante para a beleza feminina. Ao balançar os cabelos a mulher exalta muito
de sua glória, de seu charme e pode ser também um instrumento de sedução.
Portanto, ao cobrir os cabelos com um véu na Santa Missa a mulher está cobrindo
a sua glória, aquilo que enaltece sua beleza, para dar glórias e louvores
somente para Deus. O véu deixa a mulher mais discreta, mais “escondida”, para
que ninguém se distraia olhando a sua beleza. Na Igreja os olhares devem se
voltar todos para o altar, para o grande sacrifício, para o nosso Senhor e
Salvador, Jesus Cristo.
Usar o véu
é também uma forma de testemunhar publicamente que acredito na real presença de
Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia e, como forma de reverência à sua
Divina Majestade, cubro minha cabeça com o véu. Isso é um privilégio atualmente
dado apenas às mulheres, pois os homens já não usam mais o chapéu no dia a dia,
para demonstrar sua reverência tirando o chapéu dentro da Igreja.
Por fim,
talvez o que mais me “convenceu” a usar o véu é o sentido de reparação pelos
pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Esse é um argumento
pessoal meu: uso o véu, cubro meus cabelos, para “compensar” aquelas mulheres
que praticamente andam despidas até mesmo dentro da Igreja. Tenho certeza que a
maioria absoluta dessas mulheres se vestem mal por pura ignorância, por achar
que precisam exibir seus corpos para serem valorizadas, amadas. Então eu uso o
véu pedindo que Nossa Senhora possa tocar o coração delas, para que comecem a
valorizar realmente o que é ser mulher e não se exibam por aí como um pedaço de
carne para ser usado e depois descartado.
Depois que comecei a usar o véu, senti mais facilidade de me concentrar durante
a missa e durante as adorações eucarísticas. Eu sinto como se Nossa Senhora
estivesse me cobrindo com seu manto, me ajudando a rezar e a participar com
mais dignidade do santo sacrifício da missa. Por incrível que pareça, as
pouquíssimas pessoas que, ao longo desses quase 20 meses, vieram falar sobre o
véu, foram sempre para elogiar!
Desta
forma, espero que este testemunho possa, quem sabe, despertar em outras
mulheres o desejo de também mostrarem sua fé e reverência a Nosso Senhor Jesus
Cristo presente no Sacrário através do uso do véu.
photo credit: profcarlos <a href="http://www.flickr.com/photos/35083636@N00/6459174557">Meditando</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/">(license)</a>