domingo, 8 de dezembro de 2019

“EU TENHO DIREITO DE SER FELIZ”



“Eu tenho direito de ser feliz!” Essa frase tem justificado muitas atitudes em nossos dias. Mas será que ela é verdadeira? Será que realmente cada um de nós tem o “direito” de ser feliz?
Possuir um direito significa que posso exigi-lo, que tenho ferramentas para obrigar que ele seja respeitado. Mas quando falamos em felicidade, como podemos exigir tal direito? Quem podemos obrigar a nos fazer felizes? A resposta é simplesmente: não podemos. E se não podemos exigir, não podemos falar em direito.

Nós nascemos para sermos felizes, mas a nossa estrutura humana, a forma que fomos criados, não foi feita para que consigamos ser felizes por nós mesmos. Precisamos do outro para realmente atingir a felicidade. É como aquela história de várias pessoas numa mesa, cada um com seu prato de sopa, mas com uma colher de 2 metros de comprimento. Se cada um tentar se alimentar sozinho, todos vão morrer de fome. Mas se um pegar a sua colher e colocar na boca do outro, todos se alimentam e ficam satisfeitos.

Da mesma forma, a nossa felicidade depende do nosso empenho em fazer o outro feliz. Nosso esforço, nossa luta deve ser para tentar proporcionar o máximo de felicidade para aqueles que convivem conosco. A felicidade do meu marido, da minha esposa, dos meus filhos, dos meus netos, dos meus pais, dos meus irmãos, dos meus avós, dos meus amigos deve ser prioridade. E o que veremos é que a nossa felicidade vem como consequência desse empenho na felicidade dos outros.

Então, por trás da frase: “Eu tenho o direito de ser feliz”, encontramos, no fundo, uma motivação egoísta, que está pensando em seu próprio bem em primeiro lugar, e o egoísmo é o contrário do amor, é aquilo que mata o amor. Quem busca a própria felicidade sem se preocupar com a felicidade de quem está ao seu redor, no final, acabará infeliz.

Obviamente é impossível agradar a todos e também é impossível ser feliz o tempo todo enquanto vivermos nesse mundo. Dificuldades, sofrimento, decepções fazem parte da vida de todos. Mas a felicidade é muito maior do que momentos de alegria e de prazer. A felicidade é a paz que temos em estar cumprindo bem o nosso papel, em estar cumprindo a missão, o ideal para o qual Deus nos criou.

Assim, a primeira pessoa que temos que nos preocupar em agradar é a Deus. Ele nos deu os Mandamentos e a doutrina moral da Igreja para nos ajudar nessa caminhada rumo ao Céu. Ele nos enviou seu próprio Filho para nos dar o modelo de amor e serviço. Ele nos alimenta e fortalece através dos sacramentos, em especial da confissão e da eucaristia. Ele é a fonte última de nossa felicidade, porque foi Ele quem nos criou para a felicidade sem fim que experimentaremos, um dia, no Céu.

Portanto, não nos deixemos iludir pela mentalidade egoísta de nossa sociedade que prega esse falso “direito” à felicidade. Isso é armadilha do inimigo, que deseja o ser humano cada vez mais egoísta, pois quanto mais egoísmo existir no mundo, menos amor haverá. E Deus é Amor. Menos amor, menos Deus...

photo credit: Gareth1953 All Right Now <a href="http://www.flickr.com/photos/40837632@N05/44073174905">Hyde Park - June 2018 - Smile For Daddy</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>





terça-feira, 3 de dezembro de 2019

ADVENTO: NÃO DEVEMOS PERDER TEMPO!


Iniciamos mais um ano litúrgico com as semanas que nos preparam para a vinda do Menino Jesus no Natal. Mais do que nos lembrar de um nascimento fora do comum de milênios passados, esse tempo do Advento deve nos ajudar a estarmos preparados para o nosso encontro pessoal com Cristo que ocorrerá no dia de nossa morte ou no dia de sua segunda vinda (o que acontecer primeiro!).

É um tempo de reflexão e de penitência, não tão forte quanto a Quaresma, mas também somos convidados a fazer um balanço de nossa vida de vinculação com Deus, pedir perdão pelas falhas, oferecer algum tipo de sacrifício em reparação e fazer o firme propósito de melhorar, pelo menos um pouquinho. Intensificar nossa luta contra o “homem velho” que existe dentro de nós, abraçando a salvação que Jesus já mereceu por cada um, fazendo a nossa parte, colocando a “mão na massa” e cumprindo fielmente nossos propósitos de ser uma pessoa melhor, que procura amar mais e servir melhor quem está ao nosso redor.

Para quem tem filhos (ou netos), esse é um tempo privilegiado para cultivar a fé no coração de cada um deles. Eles precisam saber e também experimentar na prática, que fazem parte de uma família maior, a Igreja, que são membros do Corpo Místico de Cristo. Participar da novena de Natal com amigos e vizinhos, montar o presépio em casa, fazer as orações da coroa do advento acendendo cada domingo uma vela, montar a Árvore de Jessé, fazer um ato concreto de caridade para uma família mais carente, enfim, são muitos meios que a Igreja proporciona para vivermos intensamente essa época.

Para os filhos maiores, é importante salientar a importância de preparar o coração para receber Jesus no Natal, através de uma boa confissão. Quem sabe participar de mais alguma missa durante a semana ou rezar mais vezes o terço como forma de preparar um presente espiritual para o aniversariante, com o estímulo de saber que no mundo todo, a família cristã inteira, está se preparando para esse grande momento.

O Papa Bento XVI, em sua mensagem Urbi et Orbi de 2006, fala dessa realidade do Corpo Místico de Cristo: “Em Belém nasceu o povo cristão, corpo místico de Cristo no qual cada membro está unido intimamente ao outro por uma total solidariedade. O nosso Salvador nasceu para todos. Devemos proclamá-lo não somente com palavras, mas também com toda a nossa vida, dando ao mundo o testemunho de comunidades unidas e abertas, nas quais reina a fraternidade e o perdão, a acolhida e o serviço recíproco, a verdade, a justiça e o amor.”

Nós precisamos saber e nossos filhos também precisam saber que, cada ato de amor, cada oração, cada sacrifício que eu faça, mesmo que ninguém veja, faz bem para toda a Igreja, para todo o Corpo de Cristo. Então não devemos perder tempo! Nossa meta é o Céu! E para chegarmos um dia lá, precisamos viver bem o nosso hoje, o nosso agora.

photo credit: Joe Shlabotnik <a href="http://www.flickr.com/photos/40646519@N00/46478200181">Fourth Sunday Of Advent</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

terça-feira, 5 de novembro de 2019

OS PILARES PARA A NOSSA SALVAÇÃO

Não há nada mais importante em nossa vida do que cuidar da salvação de nossa alma. Sabemos que tudo nessa vida passa e que só a nossa alma é eterna, então cuidar do lugar onde passaremos a eternidade deve ser nossa prioridade.

O Céu pode ser definido como uma união completa com Deus, nosso Criador, que é Amor. Então, para um dia estarmos unidos ao Amor, precisamos procurar, ainda aqui nessa vida, um pouco dessa união. Para isso, a Igreja, nossa Mãe e que deseja que todos os seus filhos sejam salvos, oferece todos os meios necessários para que isso seja possível.

Além dos requisitos essenciais (ser batizado e ter fé), existem três pilares sobre os quais a nossa salvação se sustenta: a oração, a confissão e a eucaristia. Sem eles, a união total com o Amor na eternidade é muito difícil, ou praticamente impossível.

A oração é o diálogo pessoal com Deus. Não é possível passar a eternidade com uma pessoa com quem nunca conversamos, ou falamos muito pouco, ou ainda só falamos quando precisamos de alguma coisa. Para nos unirmos a Deus, precisamos procurar conhecê-lo, ver sua atuação em nossa vida e para isso que serve a oração. Existem muitas formas de rezar, mas a mais propícia para esse encontro com o Deus da minha vida é a oração meditativa.

São várias as técnicas para uma boa meditação e a vida dos santos está repleta delas. A que sugiro aqui é uma ensinada pelo Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Ele ensina que devemos saborear os acontecimentos da nossa vida, tentando enxergar a mão de Deus em cada coisa que nos acontece, tanto as boas como as que não são agradáveis.

Para isso, precisamos reservar algum tempo do nosso dia (no mínimo 15 minutos) onde nos colocamos em um lugar calmo, pedimos ao Espírito Santo que nos ilumine e nos ajude a encontrar com o Pai e escolhemos um acontecimento do dia anterior para meditarmos. Em vista desse fato, fazemos três perguntas: 1) O que Deus quer me dizer com isso? 2) o que eu digo a mim mesmo? 3) O que respondo a Deus?

A resposta a essas perguntas nos ajuda a enxergar a divina providência em nossa vida. O objetivo principal da meditação é conhecer para amar. Se conseguimos ver Deus por trás desses acontecimentos, vemos como Ele cuida de nós com amor infinito e assim, conseguimos também responder a esse amor. Só ama quem se sente primeiro amado. E Deus nos amou primeiro!

Outro pilar para a nossa salvação é o sacramento da confissão. O pecado nos afasta de Deus, pois escolhemos a satisfação de um desejo que nos faz mal, ao invés de permanecermos fiéis aos ensinamentos de nosso Pai. Assim, a confissão nos reconcilia com Deus, retoma o estado de amizade que o pecado havia desfeito. Devemos recorrer a esse sacramento com a maior frequência possível, mesmo que não tenhamos pecado gravemente, pois ele também nos ajuda a crescer em santidade, nos dando forças para resistirmos às tentações.

Por fim temos o mais importante, o mais sublime ato de amor que Deus poderia ter feito: a eucaristia. Na Sagrada Comunhão Deus se dá a si mesmo como alimento, para se unir a nós e se tornar uma só carne conosco! Nossa inteligência é muito limitada para entender a grandeza da eucaristia e nossa fé também é muito fraca. Quem realmente tem um pequeno vislumbre dessa maravilha, não quer passar um dia sequer sem receber Jesus Eucarístico.

Receber a eucaristia é já possuir o Céu aqui na terra. É unir-se a Jesus da maneira mais perfeita possível que podemos ainda nesse mundo. Durante os cerca de quinze minutos que a sagrada espécie está em nosso corpo, mesmo que nossos sentidos não percebam, somos um com Deus, como seremos um dia na eternidade. “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.” (Mt 28,20). A forma pela qual Jesus cumpre essa promessa é através da sua Real Presença do Santíssimo Sacramento.

Assim, para chegarmos um dia ao Céu, precisamos buscar incessantemente a santidade, que consiste basicamente em aprendermos a amar para podermos nos unir ao Amor. Para isso, precisamos, pouco a pouco, acabar com o nosso egoísmo que nos aprisiona em nossos desejos, buscando uma maior vinculação a Deus, procurando amá-lo cada dia mais e provando nosso amor saindo de nós mesmos para nos entregar ao serviço do outro.

photo credit: Tom Van de Peer <a href="http://www.flickr.com/photos/110112922@N02/40175277705">Laon Cathedral France</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nd/2.0/">(license)</a>

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

MATRIMÔNIO: ENTREGA TOTAL



A definição do sacramento do matrimônio, segundo o Catecismo da Igreja Católica, é “o pacto (...), pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole” (No. 1601)

Da expressão “comunhão íntima por toda a vida” podemos entender que o matrimônio é irrevogável e exige uma entrega total de um cônjuge ao outro, sem a qual é impossível haver uma comunhão. Hoje em dia é muito difícil as pessoas entenderem esse conceito de entrega total, pois vivemos numa sociedade  egoísta, onde o “eu” está em primeiro lugar.

Porém, para que seja possível um matrimônio feliz, é importante que tanto o marido como a mulher estejam dispostos a se entregarem totalmente um ao outro e façam esse exercício durante toda a vida matrimonial. Sem exigir nada em troca, procurando cada dia dar um pouco mais de si, pois foi isso que prometeram um ao outro, no altar, diante de Deus.

No dia do casamento, na verdade, não entregamos nada ao outro, apenas fazemos a promessa de sermos fiéis, na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença, em todas as circunstâncias que a vida apresentar, até a morte. É preciso levar essa promessa a sério, pois é dela que depende a própria felicidade, a felicidade do outro e principalmente a felicidade dos filhos, frutos desse amor conjugal.

O amor não é um sentimento, mas um compromisso de trabalhar e cuidar do outro; é como uma fogueira que precisa ser continuamente alimentada com pequenos gravetos, senão, apaga. E esses gravetos são os sacrifícios que fazemos pelo bem do outro, matando o nosso egoísmo para fazer o outro feliz.

Como prometemos uma entrega total, não podemos colocar nenhuma condição para ela. As condições que normalmente aparecem e nos tentam são as seguintes:

- condições de tempo: não tenho tempo para dedicar ao meu cônjuge, sempre tem algo mais importante para fazer, como cuidar dos filhos, da casa, da família estendida, do trabalho. Preciso ter a consciência de que meu marido (minha esposa) é a minha primeira prioridade. Se não cuidar disso, tudo mais desmorona.

- condições de disposição: agora não posso porque estou cansada(o)”. Ou seja, só faço algo para agradar ou cuidar do outro quando estou disposto. Essa condição também revela que o “eu” vem antes do “tu” e não ajuda a construir um matrimônio saudável.

- condições de gosto: não faço isso porque não gosto”, é mais uma expressão do egoísmo que mata o amor. Devo procurar fazer o que agrada ao outro, mesmo que não seja agradável para mim.

- condições para perdoar: só perdoo se me pedir desculpa” ou “só perdoo se fizer isso ou aquilo”. O perdão tem que ser sempre incondicional. Perdoo porque amo e ponto! Perdoo porque também preciso de perdão. Preciso buscar o autoconhecimento para enxergar que também tenho defeitos que o outro acaba por suportar. Quem se dá conta da miséria pessoal tem mais misericórdia dos defeitos alheios.

Essa entrega total não é possível se contarmos apenas com nossas próprias forças. Nossa natureza é egoísta em virtude da mancha do pecado original, então somente com a graça de Deus e a graça específica que recebemos no dia do sacramento do matrimônio é que podemos ser vitoriosos nessa luta.

Quando contraímos matrimônio, a aliança não é apenas entre o marido e a mulher, mas entre ambos e Deus. Então, precisamos sempre recorrer a esse parceiro essencial de nossa aliança matrimonial pedindo todas as graças necessárias para vivermos o sacramento da forma que ele foi sonhado para nós. Podemos contar também sempre com a ajuda de Nossa Senhora, que desde as bodas de Caná, ajuda os cônjuges para que não falte nada, principalmente o vinho do amor verdadeiro.


photo credit: _.Yann Cœuru ._ <a href="http://www.flickr.com/photos/132252613@N08/28917891918">Wedding  day</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

VIVEMOS NA "MATRIX"?

Acredito que todos conhecem o filme “Matrix”, onde um sistema inteligente e artificial manipula a mente das pessoas e cria a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia. O personagem Neo, porém, percebe que algo está errado e ajudado por Morpheus, decide tomar a “pílula vermelha” e finalmente enxerga a realidade: grande parte da humanidade é escrava da Matrix e nem se dá conta disso. 

Gostaria de usar essa ficção científica para fazer uma analogia com a nossa vida nesse mundo. Ao observarmos nossa sociedade, percebemos que um grande número de pessoas vive suas vidas como se elas se resumissem ao que conseguem perceber: os bens e prazeres materiais. Trabalham, se esforçam para conseguir as coisas que deveriam torná-las felizes e realizadas. E quando a vida chega ao fim, simplesmente acaba, ponto final. 

Infelizmente muitos católicos, sem se darem conta, vivem dessa forma. Apesar de teoricamente acreditarem em Deus e na vida futura, se comportam como se não acreditassem, vivendo tranquilamente na “Matrix”. Acabam se tornando escravas do próprio eu, das suas vontades, do pecado e não param para pensar que a nossa vida aqui serve para preparar a passagem para onde nossa alma ficará por toda eternidade. 

Precisamos “tomar a pílula vermelha” e acordar desse “transe”! Enxergar que se não lutarmos, seremos sempre escravos do pecado. Ver que esse mundo é passageiro e quando menos esperamos iremos prestar conta da nossa vida diante do Justo Juiz. Precisamos também ajudar a outras pessoas a enxergarem essa realidade, trazê-las para a verdade e mostrar que só assim, vivendo nesse mundo mas como se não fossem desse mundo (Jo 17, 15-16), é que serão realmente felizes. 

Devemos saber ainda que viver dessa forma não é fácil, pois tudo conspira para que permaneçamos ligados à “Matrix”. Porém, nossa Santa Mãe Igreja, possui toda uma gama de sacramentos que nos ajuda a permanecer firmes na vida real, na perspectiva do Céu. A confissão regular e frequente e a comunhão eucarística, junto com uma vida de oração, são os meios mais eficazes para conseguirmos viver com a consciência de que nossa meta é o Céu. 

No filme, quando Neo acorda no mundo real, este é um horror pós apocalíptico. Para nós, isso pode ser uma realidade bem pior: o inferno. Quando morrermos iremos nos deparar com a vida eterna que será de acordo com as escolhas que fizemos enquanto estávamos no mundo. E se não lutarmos para preparar nossa eternidade no Céu, acabaremos por viver num mar de tormento eterno. 

Não devemos temer falar do inferno, pois ele existe e os demônios também. Nossa Senhora veio até nós e MOSTROU o inferno para três CRIANÇAS, em Fátima. Ora, se nossa Mãe usou dessa pedagogia para alertar todos os seus filhos pedindo a oração do Santo Rosário e penitências para livrar as almas do inferno, como podemos nos esquivar desse assunto tão sério? 

Então precisamos acordar-nos e despertarmo-nos mutuamente! Vivamos nesse mundo, trabalhemos, utilizemos das coisas que Deus provê para a nossa vida, mas tenhamos a consciência de que nossa vida real, aquela que vai durar eternamente, não é aqui. Fomos criados para o Céu, mas precisamos nos esforçar para nos livrarmos do egoísmo, do amor próprio, das preocupações fúteis, para conseguir chegar lá. Em outras palavras, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. 

"Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda em redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos." 1 Pedro 5,8-9 

photo credit: kirainet <a href="http://www.flickr.com/photos/69078600@N00/4444673930">This is your LAST CHANCE. After this, there is no turning back. You take the blue pill, the story ends. You wake up and believe whatever you want to believe. You take the red pill and you stay in wonderland, I show you just how deep the rabbit hole goes</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

quarta-feira, 5 de junho de 2019

QUAL O VALOR DO TRABALHO?



O trabalho normalmente é associado a uma pena, uma punição, uma coisa muito ruim que somos “obrigados” a fazer. Por outro lado, o trabalho, para algumas pessoas, se tornou um verdadeiro vício, sugando todo o tempo disponível e todas as energias. Mas qual é então o verdadeiro valor do trabalho?

O trabalho pode ser definido como o conjunto das atividades, produtivas ou criativas, que o ser humano exerce para atingir determinado fim. É a forma de colaborarmos no trabalho criador de Deus e é um aspecto fundamental da vocação humana. Ele é necessário para a plena realização e a felicidade humana e nele está intrínseca a responsabilidade pela administração de todas as coisas do mundo. 

Desta forma, o trabalho precisa ser devidamente valorizado, como forma de colaboração para o bem-estar de todos e deve ser executado com o máximo zelo e responsabilidade, não importando a sua natureza. “Qualquer trabalho, ainda que ingrato, oferece ao cristão um meio de louvar a Deus”, ensina o Pe. José Kentenich. As crianças, desde pequenas, precisam aprender o devido valor do trabalho, realizando tudo o que os pais pedirem, da melhor forma possível e sem reclamações. 

Essa parte, de fazer o que deve ser feito, sem reclamar, realmente não é fácil. Nossa tendência é buscar sempre o mais cômodo, o mais fácil e quando precisamos empregar algum tipo de esforço, a vontade é se rebelar reclamando. Porém, uma vez que entendemos que aquilo que nos é solicitado pode ser feito como prova de amor, é mais fácil conter a rebeldia da vontade. Os filhos normalmente seguem o exemplo dos pais: se ouvem os pais resmungarem, vão resmungar; mas se percebem que os pais, mesmo cansados, realizam o trabalho com alegria, aprendem também a enxergar as obrigações da mesma forma. 

Nós podemos demonstrar o nosso amor a Deus e aos outros através da forma que executamos nosso trabalho, seja ele qual for. Se colocamos uma boa dose de sacrifício, procurando fazer tudo da melhor forma, certamente nos aproximamos mais de Deus e daqueles a quem estamos servindo com nosso trabalho.

É claro que o trabalho também pode ser uma fonte de prazer, quando fazemos aquilo que gostamos. Neste caso, precisamos cuidar para não cair no extremo oposto: supervalorizar o trabalho e deixar nossas outras responsabilidades, como o relacionamento com Deus e com o próximo (especialmente nossa família), em segundo plano. Portanto, para ter uma correta relação com o trabalho, precisamos fazer as seguintes perguntas:

1. Estou realizando esse trabalho da melhor forma possível, com zelo, diligência, sem procrastinação?

2. Com a dedicação a esse trabalho, também disponho de tempo para me relacionar com Deus e com o próximo?

3. Faço o trabalho com boa disposição, oferecendo o sacrifício como forma de demonstrar meu amor, ou sempre reclamo de cumprir minhas obrigações?

Peçamos a S. José que nos ajude sempre a cumprir nossos deveres da forma que mais agrada a Deus.

crédito da foto: <a href="https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/negocio">Negócio foto criado por senivpetro - br.freepik.com</a>

quarta-feira, 8 de maio de 2019

A IMPORTÂNCIA DE CULTIVAR A ALEGRIA


Todos nós buscamos a alegria. A alegria é um anseio profundo de nossa alma, então precisamos aprender a encontrá-la e a cultivá-la. Um lar alegre é um ambiente onde as virtudes podem se desenvolver e frutificar.

Existem diferentes tipos de alegria. A alegria como sentimento aparece quando alcançamos aquilo que desejamos. Porém, como todo sentimento, ela é passageira e quando vai embora, deixa uma certa nostalgia na alma. Precisamos ter cuidado com esse tipo de alegria para não se tornar um vício, um buscar o sentimento a qualquer custo, pois senão será uma fonte de amargura e desilusão. 

A alegria como sentimento pela posse de um bem será mais nobre e duradoura de acordo com o tipo de bem que almejamos. O bem maior que podemos desejar é ser amado e querido, assim a maior alegria é saber que se é amado e querido.

Outro tipo de alegria é aquela que obtemos pela convicção de termos cumprido bem o nosso dever. Quando nos esforçamos para fazer bem a nossa obrigação, possuímos uma alegria mais estável, que não vai embora tão facilmente. Mesmo se estamos exaustos, ou se estamos sofrendo, mas cumprindo nosso dever, temos em nossa alma essa alegria, esse sentido de que todo esforço vale a pena.

Além do sentimento pela posse de um bem e da convicção do dever cumprido, a alegria ainda é uma atitude. Podemos escolher ter uma atitude alegre, independente do que está acontecendo em nossa vida. Podemos dar essa alegria a quem amamos, mesmo se não estamos nos sentindo bem. Essa atitude de alegria é uma demonstração do domínio de si mesmo. E não existe maior alegria que podemos experimentar do que a do autodomínio, de saber que não é escravo das paixões, dos sentimentos, das vontades, do humor.

Devemos lutar muito para conseguirmos ter esse tipo de alegria, de poder dar um sorriso a todos que se encontram conosco, independente de como nos sentimos. Isso é uma grande prova de amor ao próximo, pois deixar-se guiar pelo sentimento, pelo humor é um tremendo egoísmo.

Todos os dias podemos procurar fazer algo que traga alegria aos que moram conosco. Um dia preparar um prato que o marido gosta, outro dia deixar um bilhetinho na agenda do filho, outro dia trazer uma flor para a esposa sem nenhuma data especial, arrumar a cama sem a mãe ter que pedir, enfim são vários pequenos gestos que todos podemos fazer para deixar o ambiente do lar mais leve e alegre.

Por fim, existe ainda a alegria sobrenatural, aquela que ninguém pode nos tirar. Essa alegria, a verdadeira alegria, brota da união com Deus, da “posse” de Deus, de saber que Deus habita em nossa alma, que nos ama infinitamente e que nos transforma.

Assim, para termos essa alegria em plenitude, devemos perseverar no amor de Deus, através da oração e da frequência aos sacramentos, especialmente na Sagrada Eucaristia. Através da comunhão do corpo e sangue de Cristo, ele realmente está em nós, não havendo união mais perfeita entre Deus e o ser humano nesse mundo.

photo credit: smolarek.janusz <a href="http://www.flickr.com/photos/125415920@N08/22834229942">Dorota & Konrad</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>

quarta-feira, 10 de abril de 2019

CUIDADO! VOCÊ PODE ESTAR VICIANDO SEU FILHO!



Um dia desses assisti um trecho de uma entrevista do psicólogo Leo Fraiman no programa do Roni Von onde ele fala da “síndrome do imperador”, que resumidamente significa a atitude dos pais de quererem fazer os filhos felizes realizando todos os desejos deles. Gostaria de comentar sobre alguns aspectos desse vídeo, acrescentando um pouco da visão sobrenatural, pois essa reflexão é muito necessária nos dias de hoje.

Primeiramente precisamos ter a consciência de que nesse mundo não existe felicidade plena. Esse tipo de realização só acontecerá quando, um dia, estivermos na presença de Deus no Paraíso. Até lá, o que temos aqui são momentos felizes que vem e vão. Assim, é impossível fazer os filhos integralmente felizes.

Os pais que tentam proporcionar um estado de felicidade constante para os filhos realizando todos os seus desejos, na verdade estão criando pessoas egoístas, que serão sempre frustradas e insatisfeitas. E o pior: ao proporcionar um prazer imediato que não exigiu do filho nenhum esforço, podem estar viciando os filhos nesse tipo de sentimento, que quando crescerem e verem que o mundo não lhes trata da mesma forma, buscarão esse prazer no álcool, nas drogas, na promiscuidade.

Esse comportamento dos pais é um reflexo da ideologia que paira em nossa sociedade onde somos estimulados a buscar o prazer e fugir da dor. Nosso cérebro já é programado para isso como é o dos animais, mas como seres humanos, que possuem inteligência e vontade, temos a capacidade de negar um prazer se vemos que aquilo será um bem para nós ou para o outro. E essa capacidade só os seres humanos possuem. Essa capacidade é o que chamamos de amor. Só sabe amar quem aprendeu a renunciar a si mesmo pelo bem do outro.

Isso é muito sério. Os pais tem o grave dever de educar os filhos para viverem bem na sociedade, saberem que tem responsabilidade pelo bem comum, que tem deveres e não só direitos. A forma de aprender isso é através da frustração do desejo, de aprender a esperar, de saber que precisa contribuir de alguma forma para o bem da família (pequenos serviços domésticos), da responsabilidade pelo estudo e bom desempenho escolar, de respeitar a autoridade dos pais e professores. E com o amadurecimento, as crianças também precisam aprender a amar, a se sacrificarem pelo bem dos pais, dos irmãos, para um dia poderem também se sacrificar pelo bem do marido, da esposa, dos filhos.

Para experimentarmos o sentimento de felicidade precisamos também experimentar o sentimento de tristeza, de frustração. Nossa experiência vem do contraste. O branco aparece melhor com o preto de fundo e vice-versa. Só saberemos o que é verdadeira alegria ao possuir alguma coisa se isso no custou esforço.

Fomos criados para amar e sermos amados, mas amar requer sacrifício, doação de si mesmo, desapego dos próprios gostos e caprichos. Sabemos que somos amados quando vemos o outro se sacrificar por nós. E quanto antes ensinarmos isso aos filhos, mais fácil eles aprenderão. Quanto mais tempo eles permanecerem centrados em si mesmos, exigindo tudo e a todo momento e tendo esses desejos prontamente realizados pelos pais, mais difícil será aprenderem realmente o que é o amor.


Precisamos cuidar muito para não aleijar nossos filhos, tirar deles a capacidade de serem pessoas plenas e realizadas. E isso custa muito esforço por parte dos pais. É preciso tempo, paciência e muito amor, amor de verdade, onde os pais renunciam ao prazer do descanso, da televisão, da internet, da saída com os amigos, da viagem, pelo bem de seus filhos, para ensina-los a serem pessoas capazes de amar. E é só amando que somos realmente felizes, com a máxima felicidade que podemos ter nessa vida.  

photo credit: josstyk <a href="http://www.flickr.com/photos/33632522@N00/248920216">Done</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

terça-feira, 19 de março de 2019

O PIEDOSO USO DO VÉU NA IGREJA

Há cerca de dois anos, começaram a aparecer em minha timeline do facebook alguns posts sobre o uso do véu pelas mulheres na missa. Achei interessante e passei a ler a esse respeito e me aprofundar no tema. Após alguns meses senti um verdadeiro chamado a usar o véu e, depois de alguma resistência, decidi seguir esse chamado, que tem transformado o modo como eu participo da Santa Missa e das adorações eucarísticas. Compartilho aqui o que eu aprendi e as razões que me levaram a tomar essa decisão. 

Desde o início do cristianismo, era costume as mulheres cobrissem a cabeça quando estavam na Igreja. No Código de Direito Canônico de 1917, que vigorou até 1983, havia um cânon que falava sobre o assunto. Lá era dito o seguinte:

“Os homens, na Igreja ou fora dela, enquanto assistem aos ritos sagrados, devem trazer a cabeça descoberta, a não ser que os costumes aprovados do povo ou circunstâncias peculiares determinem de outra maneira; as mulheres, no entanto, devem trazer a cabeça coberta e estarem vestidas de forma modesta, especialmente quando se aproximarem da mesa da comunhão”
. (Cân. 1262 §2).

Todavia, após as reformas litúrgicas oriundas do Concilio Vaticano II, aos poucos as mulheres no ocidente começaram a abandonar esse costume e no Código de Direito Canônico atual, não se encontra mais nenhum cânon referente ao tema, inexistindo assim obrigatoriedade do uso do véu pelas mulheres. Mas isso não significa que ele esteja proibido, por isso não é lícito ninguém impedir quem quiser usar. 

Provavelmente o abandono do uso do véu se deu por influência do feminismo, que em sua ideologia de querer “igualar” as mulheres aos homens, rechaça tudo aquilo que pode ressaltar a feminilidade e a diferença de se vestir e se comportar entre os sexos.

Em minhas pesquisas, descobri também que durante o Concílio Vaticano II, foi perguntado ao Arcebispo Bugnini (responsável pela reforma litúrgica) por alguns jornalistas se as mulheres ainda precisariam cobrir suas cabeças na Santa Missa. Sua resposta foi que essa questão não estava sendo discutida pelos Bispos. Porém, os jornalistas entenderam essa resposta como um “não” e publicaram as manchetes por todo o mundo essa informação equivocada. Desde então, praticamente todas as mulheres abandonaram essa tradição.

Vejamos o que explica o Pe. Edison de Oliveira, sobre o fundamento bíblico do uso do véu:

“Na primeira carta de São Paulo aos Coríntios, o apóstolo Paulo trata de assuntos referentes à conduta daquela comunidade. Basicamente, seu pedido diz respeito ao que se refere à masculinidade e feminilidade, de forma que homens e mulheres não se vistam de maneira confusa.

Pelo contexto, é claramente expresso que, de maneira geral, as mulheres cristãs tinham herdado da tradição judaica o costume de cobrir os cabelos com o véu (v. 16). Realidade que parecia não ser comum naquela comunidade. Neste sentido, São Paulo faz tal pedido também para que o não uso do véu pelas mulheres daquela comunidade não as deixassem parecidas com as mulheres que não seguiam os costumes cristãos. 

Em Corinto, as mulheres pareciam exercer papel ativo e de presença na comunidade, para tal era necessário o máximo de prudência e pudor para que não houvesse confusão”.

Assim, o primeiro argumento a favor do véu é justamente para distinguir o masculino do feminino, fato que na nossa cultura atual é de fundamental importância. A ideologia do gênero, a moda unissex, tem tentado “uniformizar” a natureza humana, pregando que não há diferenças entre o homem e a mulher. Quando uma mulher usa o véu na Igreja, ressalta a sua feminilidade e atesta de forma silenciosa, mas eloquente, que Deus criou o homem e a mulher com a mesma dignidade, mas com funções diferentes e complementares.

Outro argumento interessante é que faz parte da tradição cobrir com o véu tudo o que é sagrado: o sacrário, a âmbula que contém a Eucaristia, enfim, tudo o que se refere diretamente a Deus e ao sagrado é coberto com o véu. Então, ao pedir que a mulher se cobrisse com o véu, a Igreja está ressaltando o caráter sagrado do ser feminino. É na mulher que um novo ser humano é concebido, uma nova vida, uma nova alma imortal é gerada e cuidada. O uso do véu, desta forma, ressalta toda a dignidade e valor do ser mulher.

Apesar de ter praticamente abandonado o uso do véu na Igreja, quase toda mulher ao subir ao altar para o seu casamento, continua usando o véu. Então, o véu é o símbolo da noiva, do matrimônio. Quando vemos uma mulher de véu na Igreja se aproximando da Eucaristia, isso deve lembrar a todos nós que estamos a caminho das eternas Núpcias do Cordeiro. Devemos recordar que nossa caminhada aqui na terra deve nos levar ao Céu, devemos nos comportar de tal modo que, ao fim da vida, possamos entrar no grande banquete do Céu. 

As mulheres, em geral, gostam muito de cuidar dos cabelos, pois é um adorno importante para a beleza feminina. Ao balançar os cabelos a mulher exalta muito de sua glória, de seu charme e pode ser também um instrumento de sedução. Portanto, ao cobrir os cabelos com um véu na Santa Missa a mulher está cobrindo a sua glória, aquilo que enaltece sua beleza, para dar glórias e louvores somente para Deus. O véu deixa a mulher mais discreta, mais “escondida”, para que ninguém se distraia olhando a sua beleza. Na Igreja os olhares devem se voltar todos para o altar, para o grande sacrifício, para o nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. 

Usar o véu é também uma forma de testemunhar publicamente que acredito na real presença de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia e, como forma de reverência à sua Divina Majestade, cubro minha cabeça com o véu. Isso é um privilégio atualmente dado apenas às mulheres, pois os homens já não usam mais o chapéu no dia a dia, para demonstrar sua reverência tirando o chapéu dentro da Igreja.

Por fim, talvez o que mais me “convenceu” a usar o véu é o sentido de reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Esse é um argumento pessoal meu: uso o véu, cubro meus cabelos, para “compensar” aquelas mulheres que praticamente andam despidas até mesmo dentro da Igreja. Tenho certeza que a maioria absoluta dessas mulheres se vestem mal por pura ignorância, por achar que precisam exibir seus corpos para serem valorizadas, amadas. Então eu uso o véu pedindo que Nossa Senhora possa tocar o coração delas, para que comecem a valorizar realmente o que é ser mulher e não se exibam por aí como um pedaço de carne para ser usado e depois descartado. 

Depois que comecei a usar o véu, senti mais facilidade de me concentrar durante a missa e durante as adorações eucarísticas. Eu sinto como se Nossa Senhora estivesse me cobrindo com seu manto, me ajudando a rezar e a participar com mais dignidade do santo sacrifício da missa. Por incrível que pareça, as pouquíssimas pessoas que, ao longo desses quase 20 meses, vieram falar sobre o véu, foram sempre para elogiar! 


Desta forma, espero que este testemunho possa, quem sabe, despertar em outras mulheres o desejo de também mostrarem sua fé e reverência a Nosso Senhor Jesus Cristo presente no Sacrário através do uso do véu.

photo credit: profcarlos <a href="http://www.flickr.com/photos/35083636@N00/6459174557">Meditando</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/">(license)</a>

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

TREINAR A ALMA PARA SUPORTAR AS DIFICULDADES

Todos sabemos da importância de uma alimentação saudável e de exercícios físicos para termos uma boa saúde do corpo. Porém, muita gente não sabe que a nossa alma, aquilo que dá vida ao corpo, também precisa de cuidados para se manter saudável. Hoje vemos um grande número de pessoas, principalmente os mais jovens, que não suportam o menor sofrimento, sucumbem frente as contrariedades da vida, chegam até a adoecer fisicamente pela incapacidade de enfrentar os problemas e dificuldades que a vida lhes apresenta.

O que está faltando é a resiliência, que pode ser definida como a capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar aos infortúnios ou às mudanças. Mas como conseguir essa resiliência? A melhor maneira é praticar a virtude da temperança, que é caracterizada pelo autodomínio e pela moderação dos desejos. Ou seja, para sermos resilientes, fortes, precisamos treinar a nossa alma através da privação dos nossos desejos e vontades.

O cérebro animal, incluindo o cérebro humano, é programado para buscar o prazer e fugir da dor. Todos os nossos instintos seguem essa “programação”. Porém, diferente do animal, o ser humano é capaz de dizer não ao instinto em benefício de um bem maior. Essa capacidade de autonegação é típica da alma, que o animal não possui.

Quando satisfazemos todos os nossos desejos, nossa alma se enfraquece e nos tornamos escravos desses mesmos desejos. Não conseguimos dominar a nossa vontade e podemos cair até no vício. Por exemplo, aquela pessoa que come o que quer, na hora que quer, tem extrema dificuldade em seguir uma dieta, mesmo que seja para a sua sobrevivência, como é o caso de uma diabetes.

Então, precisamos nos habituar a fazer pequenas mortificações da nossa vontade, negando a nós mesmos pequenos prazeres, assim, aos poucos, nossa alma se fortalece e se nos for exigido algum sacrifício maior, estaremos preparados para enfrenta-lo sem sucumbir. O Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, testemunhou que só conseguiu sobreviver com a alma íntegra ao campo de concentração nazista, onde chegou com 57 anos e viveu lá por mais de 3 anos, porque durante toda a sua vida habituou seu corpo a algumas renúncias.

Esse treinamento pode ser feito por qualquer pessoa, inclusive por crianças e quanto antes nos habituarmos, mais fácil se torna. Esperar alguns minutos antes de beber água quando está com sede, não repetir o prato depois do almoço, renunciar a uma bebida durante a refeição, acordar alguns minutos mais cedo, tomar banho mais rápido, desligar o rádio quando está no carro, deixar de assistir um programa que gosta uma vez na semana, tomar um dia o café sem açúcar, renunciar a um doce, esperar alguns minutos antes de olhar o celular depois de ter ouvido que recebeu uma mensagem, tudo isso são formas de praticar a temperança para conseguir a resiliência.

Não é preciso fazer muita coisa de uma vez. Da mesma forma que na academia começamos o treino com pouco peso e vamos aumentando conforme nosso corpo se fortalece, também para o treinamento da alma precisamos começar aos poucos e conforme formos ficando mais resilientes, conseguimos aumentar a dose, até termos o completo domínio sobre nossas paixões e instintos.


Somente aquele que domina a si mesmo é verdadeiramente livre e consegue amar de verdade e servir aos demais. Assim, essas renúncias vão conduzir à plena liberdade dos filhos de Deus para a qual todos nós fomos criados.

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

ENSINAR OS FILHOS A PENSAR

A educação formal há mais de um século é no estilo do professor passar o conteúdo e o aluno aprender, sem muito espaço para reflexão se o que está sendo passado é verdadeiro ou como aquela matéria pode ser usada na vida prática. A forma preferida de entretenimento, principalmente dos mais jovens, também segue o mesmo estilo: absorvem o conteúdo das inúmeras telas (TV, computador, celular, tablets) passivamente, sem qualquer questionamento.

Este estilo de vida acaba criando pessoas com muito pouco senso crítico, que não sabem refletir se a informação recebida realmente corresponde com a verdade, ou qual o sentido de assistir determinado programa, o que aquilo traz de bom, de saudável, para a vida.

Então cabe a nós, pais, desenvolver primeiramente em nós mesmos e depois ensinar os filhos, já na pré-adolescência, a ter um senso crítico com relação às coisas que eles vêm por aí. Isso vai ajuda-los a se protegerem de informações e ideologias que sejam contrárias aos princípios e valores importantes para a vida deles.

Começamos fazendo perguntas: por que você gosta de assistir isso? Qual a mensagem que esse vídeo quer passar pra você? É possível que esteja querendo vender algum produto ou serviço? Quais os sentimentos/desejos que esse programa desperta em você?

No começo as respostas podem ser bem vagas: “ah, porque é legal...”, ou “porque eu gosto...”, então devemos insistir e ensiná-los a reconhecer o que está acontecendo dentro deles e colocar em palavras, para então, com o tempo, conseguirem escolher o que realmente é melhor para eles.

Exemplificando: vamos supor que seu filho está assistindo um vídeo onde o youtuber se propõe a ficar 24 horas dentro da piscina, sem poder sair nem para ir ao banheiro. O pai então pergunta:

P: Por que alguém se submeteria a isso?
Filho: Pra ganhar visualizações.
P: E o que ele pode ganhar tendo muitas visualizações?
F: Fama e dinheiro.
P: Será que passar 24h dentro de uma piscina é uma atitude que faz bem para a pessoa?
F: Ah, não sei... No começo deve ser legal, mas depois deve cansar
P: Quais será que são os efeitos no corpo de uma pessoa que fica 24h dentro da água? E o que acontece se uma pessoa fica muito tempo sem fazer xixi? E se ela faz xixi na piscina e continua na água?
F: Ah, pai, sei lá...
P: Percebi que esse vídeo tem uns 20 minutos. Será que o youtuber realmente ficou as 24h na piscina? É possível que ele tenha saído e não tenham filmado? É possível que tudo seja uma “armação” para enganar quem está assistindo?
F: Acho que não... mas não tenho certeza
P: Você acha que ficar 24h numa piscina é uma boa forma de ganhar dinheiro? Será que vale a pena? Quantas pessoas, depois de assistir esse vídeo, podem querer fazer a mesma coisa? Será que todas vão ganhar muitas visualizações e ganhar dinheiro também?
F: Não tinha pensado nisso...
P: Por que você gosta de assistir vídeos desse tipo?
F: Porque eu me divirto.
P: Você já pensou que para você se divertir, uma outra pessoa está se submetendo a tudo isso, que pode prejudicar a saúde, além de ter desperdiçado um dia inteiro de vida, onde ele poderia ter feito tantas cosias boas, ajudado outras pessoas, mas ficou dentro de uma piscina, sofrendo?
F: Ai, pai, você está exagerando...
P: Será que estou exagerando, filho? Você sabia que quando você assiste este tipo de vídeo você está estimulando esse youtuber a fazer coisas cada vez mais loucas para ter as visualizações? Será que você está fazendo o bem para ele?
F: Não tinha pensando nisso...

Conversas desse tipo são cansativas, mas são necessárias. Não adianta apenas proibir os filhos de assistirem determinados programas. É preciso leva-los a refletir os motivos pelos quais aquele conteúdo não é apropriado para eles. É preciso também ensiná-los a ter argumentos para justificar para os amigos o porquê não vêm determinadas coisas.

Os pais precisam saber o que os filhos gostam de assistir, como eles gostam de se divertir. Muitas vezes isso implicará assistir coisas juntos (mesmo que seja extremamente entediante para os pais) e então discutirem sobre o que viram. Isso toma tempo e energia, mas é uma das melhores coisas que os pais podem fazer pelos filhos: ensinarem a pensar!

O “efeito colateral” desse aprendizado, é que os filhos podem passar a questionar também a atitude dos pais. Mas isso é bom, pois propiciará aos pais a oportunidade de mostrar os seus valores, o que é importante e o que os motiva. Claro que deve ser feito com respeito, os filhos precisam aprender a questionar sem desrespeitar.

Um dos grandes objetivos da educação dos filhos é ensiná-los que aquilo que faz “bem” deve sempre ter prioridade sobre aquilo que é “bom”.  Não é porque uma coisa causa prazer, é gostoso, que devemos fazer. A motivação sempre deve ser o bem para a saúde, o bem para a inteligência, o bem para o espírito, o bem para o outro. Quando eles aprendem a pensar e a questionar suas próprias atitudes, aprendem também a fazer a escolha certa.


photo credit: danielfoster437 <a href="http://www.flickr.com/photos/17423713@N03/3752652055">Me, Myself, and I</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>