sábado, 29 de julho de 2023

ENVELHECER: PRESENTE DE DEUS

 

Vivemos em uma época em que envelhecer é considerado um grande mal a ser evitado. Procedimentos estéticos de todos os tipos prometem a eterna juventude. As roupas, modo de falar, atitude dos jovens são adotadas por pessoas de todas as idades. Ninguém mais quer parecer idoso. Até os pronomes de tratamento “senhor” e “senhora” são vistos de maneira negativa.

O problema desse modo de viver é que as pessoas não querem enxergar a realidade, as circunstâncias da vida que fazem parte de sua existência. Assim, vivem no “mundo da imaginação” e perdem a oportunidade de efetivamente deixar sua marca na história, principalmente na história daqueles que convivem com elas.

Cada fase da vida tem sua beleza, seus desafios, sua importância para o amadurecimento. O jovem tem muita disposição e vigor físico, mas sua imaturidade e impulsividade pode atrapalhar a tomada de decisões coerentes. A pessoa mais velha, pela experiência dos anos vividos, deveria ser o ponto de referência, o farol para que o jovem se oriente melhor nas decisões de sua vida. Então num mundo onde só há jovens, onde os mais velhos querem ser sempre jovens, todos acabam ficando perdidos e sem saber por onde ir.

Outra desvantagem dessa “eterna juventude” é que se perde a razão pela qual Deus permitiu que a pessoa ficasse velha: aprender a se desapegar. No processo de amadurecimento espiritual, devemos aprender a ir aos poucos nos desapegando das coisas materiais, que são passageiras, para nos fixar no que realmente importa: a vida eterna.

Quem está demasiadamente apegado às coisas e às pessoas tem muita dificuldade em se entregar a Deus, em entender a transitoriedade dessa vida terrena, de saber que um dia vai deixar para trás esse corpo mortal e todas as coisas materiais. Quem tem essa visão materialista da vida, pensando que a felicidade completa se tem aqui nesse mundo, perde a oportunidade de realmente se preparar para a vida em plenitude, que começa com a nossa morte.

E para nos ajudar nesse difícil processo, Deus criou a velhice. Com a velhice, nosso corpo pouco a pouco vai se deteriorando, ficando mais fraco, mais feio e tudo isso acontece para nos lembrar que o mais importante não é a matéria, mas a alma imortal. Seria extremamente difícil para o ser humano entender essa dinâmica do desapego se nunca envelhecêssemos.

Uma pessoa jovem, em pleno vigor físico, não encara a morte como uma passagem para uma vida melhor. A morte é uma tragédia, afinal o jovem está vivendo o agora de uma maneira exuberante. Porém, o idoso percebe melhor a vida indo embora e tem a capacidade (ou pelo menos deveria ter) de abraçar a morte como uma amiga que o levará aos braços do Criador.

Vamos encarar a velhice como ela realmente é: uma grande graça! Uma oportunidade para aprofundarmos nosso amor a Deus e às pessoas que nos cercam. Claro que não é fácil; não é gostoso ver a vida e o vigor indo embora, mas devemos abraçar a velhice como um processo pedagógico que o Pai usa para nos preparar para o nosso encontro com Ele e a vida eterna.

 



Crédito da foto: Foto de JW. na Unsplash