Sim, tenho certeza de que nossa vida é muito fácil e tentarei
demonstrar... Vamos pensar: há 100 anos, não havia luz elétrica, banheiro com
descarga e a expectativa de vida no Brasil era de 33 anos! E no mundo industrializado
não passava de 47 anos... Muito provavelmente você que está lendo esse post, ou
já estaria na eternidade, ou muito próximo de chegar a ela.
Tudo bem, 100 anos é bastante tempo. Vamos pensar então em 50
anos: em 1973, para fazer uma chamada telefônica era necessário utilizar um
telefone fixo. E para receber também! Para aquecer seu jantar, era preciso
ligar o fogão. Para mudar os poucos canais existentes na TV era preciso
levantar e apertar o botão. Não existia controle remoto.
O desenvolvimento tecnológico nos últimos anos facilitou
muito a vida de todos nós. Mesmo as pessoas mais desfavorecidas e pobres, hoje
tem mais condições de conseguir se alimentar bem, do que alguém que era da realeza
no século XVIII. O avanço na medicina aumentou muito a expectativa de vida, que
está em torno de 77 anos aqui no Brasil e pode chegar a 88 anos no Japão.
Pensar que o gênio da música, Mozart, morreu aos 35 anos por causa de uma
infecção na garganta...
Apesar de todas as facilidades que o mundo moderno nos
proporciona, ainda nos sentimos insatisfeitos e com vontade de reclamar. Qual
será a razão disso?
O primeiro motivo é que não paramos para refletir sobre a
nossa realidade. Nossa tendência é olhar sempre para aquilo que ainda não
temos, para quem tem mais que a gente ou que tem coisas melhores, mais beleza,
mais inteligência, mais poder... E isso gera insatisfação, certa revolta e muita
reclamação.
Esquecemos o valor da gratidão, de enxergarmos tudo o que
somos e temos, tudo o que já conquistamos, já vencemos. Essa atitude de estar
sempre insatisfeito, reclamando, pode adoecer a nossa alma e nos privar das
pequenas alegrias do dia a dia. Quem está desgostoso da própria vida, não enxerga
o sorriso e os olhos brilhantes do filho quando chega em casa; não consegue
admirar um pôr-do-sol; não percebe uma gentileza no trânsito ou no ambiente do
trabalho. Além disso, a reclamação constante pode aumentar o nível de stress do
nosso corpo, prejudica a memória, deixa o corpo mais cansado, reduz a
autoestima.
Outro motivo mais profundo que nos motiva a reclamar é que,
no fundo de nossa alma, temos um desejo que não pode ser plenamente satisfeito.
Toda reclamação é oriunda da insatisfação de um desejo, então, mesmo sem ter
muita consciência sobre esse desejo mais íntimo, como percebemos que ele não
será satisfeito, acabamos por reclamar.
Esse desejo é a sede pelo infinito, pelo eterno. Toda alma
foi criada com essa sede, essa espécie de “saudade de Deus”, para que possamos
durante a nossa vida, buscá-lo. E como disse Sto. Agostinho: “Inquieto está
nosso coração enquanto não repousa em Ti”. Esse desejo só será plenamente
realizado o dia em que pudermos estar com o Criador no Céu.
O que fazer até lá, então? Precisamos mudar a chave do nosso
olhar, começar a admirar os inúmeros “milagres” do nosso dia a dia e agradecer.
Se você acordou hoje, agradeça, tantos não tiveram esse privilégio e já estão na
eternidade. Se o seu país está em paz, agradeça, quantos irmãos sofrem o
flagelo da guerra. Se você está com saúde, agradeça, tantos sofrem num leito de
hospital. Tudo é motivo para agradecer. Um coração agradecido gera muita paz,
aumenta nossa capacidade de amar e de sermos felizes, mesmo em meio à dificuldades
e frustrações.