segunda-feira, 3 de abril de 2017

A CONFISSÃO E A INTELIGENCIA


O fim da Quaresma se aproxima e com ele a reflexão do quanto conseguimos aproveitar esse tempo de jejum, esmola e oração para uma aproximação maior de Deus, nosso Pai, que nos ama infinitamente e quer passar a eternidade conosco.

É mandamento da Igreja Católica também devemos procurar a confissão sacramental ao menos uma vez no ano, por ocasião da Páscoa. Mas qual a razão de confessarmos? Realmente isso ainda é necessário hoje em dia?

O pecado é uma ofensa a Deus e uma ruptura da comunhão com ele, pois escolhemos seguir nossos desejos muitas vezes desordenados, do que sermos fiéis aos ensinamentos de Deus, que tem apenas um objetivo: a nossa salvação. Assim, ao buscarmos o sacramento da confissão, arrependidos de nossos erros, nos reconciliamos com Deus e com os irmãos, recuperando o estado de graça que recebemos em nosso Batismo.

Toda vez que cometemos um pecado mortal precisamos buscar o quanto antes a confissão. “É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave (contra os 10 mandamentos), e que é cometido com plena consciência e deliberadamente” (CIC 1857).

Mas também os pecados veniais, aquelas falhas que cometemos quase que diariamente, por egoísmo e falta de caridade, devem ser confessados. Não porque rompem nossa amizade com Deus, mas porque seu acúmulo, com o tempo, podem levar a um pecado mortal.

E aqui vem a relação que Santo Tomás de Aquino faz entre a confissão e nossa inteligência. Santo Tomás é um dos grandes Doutores da Igreja e é conhecido por sua inteligência apuradíssima e sua capacidade intelectual quase que sobre humana. Ele ensina que quando estamos em estado de graça, enxergamos coisas que não conseguíamos ver antes, nossa inteligência se abre.

Eu sou testemunha dessa enorme graça que recebemos quando nos confessamos regularmente. Desde jovem tinha o costume de confessar uma vez por mês e esse costume se manteve durante os anos, com algumas oscilações dependendo da fase de minha vida.

Porém, há cerca de seis meses, passei a procurar esse sacramento quinzenalmente. Percebi um enorme crescimento em minha vida espiritual, em minha proximidade com Deus e uma grande facilidade em entender as coisas, em dar conselhos, em enxergar por trás dos acontecimentos a Divina Providência e ainda em escrever (que é uma parte importante em meu apostolado). Parece que deu um “click” em minha mente e agora vejo as coisas de outra perspectiva.

Já me perguntaram se o que estou fazendo não seria apenas uma direção espiritual, se efetivamente confesso a cada quinze dias. Vejo aí mais uma graça da confissão frequente: minha consciência ficou mais sensível, mais alerta às minhas imperfeições e consigo ver mais claramente todas as ofensas, mesmo que pequenas, que faço a Deus no meu dia a dia.

Assim, devemos nos confessar não porque é uma obrigação imposta pela Igreja, mas porque na confissão recebemos inúmeras graças para vivermos uma vida mais plena e mais feliz. É Jesus quem está ali no confessionário esperando por você, para derramar sobre você todas essas graças, para curar as feridas do teu coração e capacitar você para amar melhor e viver melhor. E nesse mundo tão atribulado em que vivemos, não há nada mais necessário do que viver com equilíbrio e é justamente isso que a confissão regular nos proporciona. Faça essa experiência!


photo credit: Frank Jakobi <a href="http://www.flickr.com/photos/21187029@N06/20659292951">Waiting for Clients</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nd/2.0/">(license)</a>