Um dia desses assisti um trecho de uma entrevista do
psicólogo Leo Fraiman no programa do Roni Von onde ele fala da “síndrome do
imperador”, que resumidamente significa a atitude dos pais de quererem fazer os
filhos felizes realizando todos os desejos deles. Gostaria de comentar sobre
alguns aspectos desse vídeo, acrescentando um pouco da visão sobrenatural, pois
essa reflexão é muito necessária nos dias de hoje.
Primeiramente precisamos ter a consciência de que nesse mundo
não existe felicidade plena. Esse tipo de realização só acontecerá quando, um
dia, estivermos na presença de Deus no Paraíso. Até lá, o que temos aqui são
momentos felizes que vem e vão. Assim, é impossível fazer os filhos
integralmente felizes.
Os pais que tentam proporcionar um estado de felicidade
constante para os filhos realizando todos os seus desejos, na verdade estão
criando pessoas egoístas, que serão sempre frustradas e insatisfeitas. E o
pior: ao proporcionar um prazer imediato que não exigiu do filho nenhum
esforço, podem estar viciando os filhos nesse tipo de sentimento, que quando
crescerem e verem que o mundo não lhes trata da mesma forma, buscarão esse
prazer no álcool, nas drogas, na promiscuidade.
Esse comportamento dos pais é um reflexo da ideologia que
paira em nossa sociedade onde somos estimulados a buscar o prazer e fugir da
dor. Nosso cérebro já é programado para isso como é o dos animais, mas como
seres humanos, que possuem inteligência e vontade, temos a capacidade de negar
um prazer se vemos que aquilo será um bem para nós ou para o outro. E essa
capacidade só os seres humanos possuem. Essa capacidade é o que chamamos de
amor. Só sabe amar quem aprendeu a renunciar a si mesmo pelo bem do outro.
Isso é muito sério. Os pais tem o grave dever de educar os
filhos para viverem bem na sociedade, saberem que tem responsabilidade pelo bem
comum, que tem deveres e não só direitos. A forma de aprender isso é através da
frustração do desejo, de aprender a esperar, de saber que precisa contribuir de
alguma forma para o bem da família (pequenos serviços domésticos), da
responsabilidade pelo estudo e bom desempenho escolar, de respeitar a
autoridade dos pais e professores. E com o amadurecimento, as crianças também
precisam aprender a amar, a se sacrificarem pelo bem dos pais, dos irmãos, para
um dia poderem também se sacrificar pelo bem do marido, da esposa, dos filhos.
Para experimentarmos o sentimento de felicidade precisamos
também experimentar o sentimento de tristeza, de frustração. Nossa experiência
vem do contraste. O branco aparece melhor com o preto de fundo e vice-versa. Só
saberemos o que é verdadeira alegria ao possuir alguma coisa se isso no custou
esforço.
Fomos criados para amar e sermos amados, mas amar requer
sacrifício, doação de si mesmo, desapego dos próprios gostos e caprichos.
Sabemos que somos amados quando vemos o outro se sacrificar por nós. E quanto
antes ensinarmos isso aos filhos, mais fácil eles aprenderão. Quanto mais tempo
eles permanecerem centrados em si mesmos, exigindo tudo e a todo momento e
tendo esses desejos prontamente realizados pelos pais, mais difícil será
aprenderem realmente o que é o amor.
Precisamos cuidar muito para não aleijar nossos filhos, tirar
deles a capacidade de serem pessoas plenas e realizadas. E isso custa muito
esforço por parte dos pais. É preciso tempo, paciência e muito amor, amor de
verdade, onde os pais renunciam ao prazer do descanso, da televisão, da
internet, da saída com os amigos, da viagem, pelo bem de seus filhos, para
ensina-los a serem pessoas capazes de amar. E é só amando que somos realmente
felizes, com a máxima felicidade que podemos ter nessa vida.
photo credit: josstyk <a href="http://www.flickr.com/photos/33632522@N00/248920216">Done</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>
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