A definição do sacramento do matrimônio, segundo o Catecismo
da Igreja Católica, é “o pacto (...), pelo qual o homem e a mulher
constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole
natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole” (No. 1601)
Da expressão “comunhão íntima por toda a vida” podemos
entender que o matrimônio é irrevogável e exige uma entrega total de um cônjuge
ao outro, sem a qual é impossível haver uma comunhão. Hoje em dia é muito difícil
as pessoas entenderem esse conceito de entrega total, pois vivemos numa
sociedade egoísta, onde o “eu” está em
primeiro lugar.
Porém, para que seja possível um matrimônio feliz, é
importante que tanto o marido como a mulher estejam dispostos a se entregarem
totalmente um ao outro e façam esse exercício durante toda a vida matrimonial. Sem
exigir nada em troca, procurando cada dia dar um pouco mais de si, pois foi
isso que prometeram um ao outro, no altar, diante de Deus.
No dia do casamento, na verdade, não entregamos nada ao
outro, apenas fazemos a promessa de sermos fiéis, na alegria e na tristeza, na
saúde ou na doença, em todas as circunstâncias que a vida apresentar, até a
morte. É preciso levar essa promessa a sério, pois é dela que depende a própria
felicidade, a felicidade do outro e principalmente a felicidade dos filhos,
frutos desse amor conjugal.
O amor não é um sentimento, mas um compromisso de trabalhar e
cuidar do outro; é como uma fogueira que precisa ser continuamente alimentada
com pequenos gravetos, senão, apaga. E esses gravetos são os sacrifícios que
fazemos pelo bem do outro, matando o nosso egoísmo para fazer o outro feliz.
Como prometemos uma entrega total, não podemos colocar nenhuma
condição para ela. As condições que normalmente aparecem e nos tentam são as seguintes:
- condições de tempo: não tenho tempo para dedicar ao meu cônjuge, sempre tem
algo mais importante para fazer, como cuidar dos filhos, da casa, da família
estendida, do trabalho. Preciso ter a consciência de que meu marido (minha
esposa) é a minha primeira prioridade. Se não cuidar disso, tudo mais
desmorona.
- condições de disposição: “agora não posso porque estou cansada(o)”. Ou seja, só
faço algo para agradar ou cuidar do outro quando estou disposto. Essa condição
também revela que o “eu” vem antes do “tu” e não ajuda a construir um
matrimônio saudável.
- condições de gosto: “não faço isso porque não gosto”, é mais uma expressão do
egoísmo que mata o amor. Devo procurar fazer o que agrada ao outro, mesmo que
não seja agradável para mim.
- condições para perdoar: “só perdoo se me pedir desculpa” ou “só perdoo se
fizer isso ou aquilo”. O perdão tem que ser sempre incondicional. Perdoo porque
amo e ponto! Perdoo porque também preciso de perdão. Preciso buscar o autoconhecimento
para enxergar que também tenho defeitos que o outro acaba por suportar. Quem se
dá conta da miséria pessoal tem mais misericórdia dos defeitos alheios.
Essa entrega total não é possível se contarmos apenas com nossas
próprias forças. Nossa natureza é egoísta em virtude da mancha do pecado original,
então somente com a graça de Deus e a graça específica que recebemos no dia do
sacramento do matrimônio é que podemos ser vitoriosos nessa luta.
Quando contraímos matrimônio, a aliança não é apenas entre o
marido e a mulher, mas entre ambos e Deus. Então, precisamos sempre recorrer a
esse parceiro essencial de nossa aliança matrimonial pedindo todas as graças
necessárias para vivermos o sacramento da forma que ele foi sonhado para nós.
Podemos contar também sempre com a ajuda de Nossa Senhora, que desde as bodas
de Caná, ajuda os cônjuges para que não falte nada, principalmente o vinho do
amor verdadeiro.
photo credit: _.Yann Cœuru ._ <a href="http://www.flickr.com/photos/132252613@N08/28917891918">Wedding day</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>
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