No relato da Criação, vemos que “o
homem e a mulher estavam nus e não se envergonhavam” (Gn 2,25).
Porém, após a tragédia do pecado original, da rebeldia dos nossos primeiros
pais em não aceitarem serem criaturas e quererem ser “outros deuses”, caindo na
armadilha do demônio e desobedecendo ao Criador, ouvimos Adão dizer: “Ouvi o
barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e
ocultei-me” (Gn 3,10). E Deus responde: “Quem te revelou que estavas nu?
Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de
comer?” (Gn 3,11)
Qual foi essa consequência do
pecado que fez com que o homem tivesse medo por estar nu? Antes do pecado, não
se envergonhavam; mas depois, tiveram medo e se esconderam de Deus... Essa
nudez significa muito mais do que simplesmente estar sem roupa. É uma atitude
perante Deus de total despojamento e de confiança, de entrega em sua amorosa
providencia.
O pecado fez com que o ser humano
perdesse essa pureza e singeleza de ser criatura diante de Deus, de saber que é
cuidada e amada com amor infinito. O medo por estar nu representa a desconfiança
no amor e proteção de Deus, o desejo de autossuficiência, de assumir o controle
da própria vida sem a interferência divina, frutos desordem causada pelo
pecado.
Então, nós precisamos lutar para voltar a estar nus, para retomar aquela confiança filial que nossos primeiros pais tinham perante Deus. O primeiro passo é buscar conhecer melhor a Deus, pois não é possível confiar em quem não conhecemos... Para conhecer melhor, é preciso passar tempo com Deus, dialogar com Ele e principalmente buscar ouvir o que Ele nos diz, através das circunstâncias, dos acontecimentos em nossa vida, das pessoas com quem nos encontramos, da natureza, das coisas... Enfim, tudo pode ser um sinal do amor de Deus para conosco.
A oração meditativa é fundamental
para esse maior conhecimento de Deus. Reservar alguns minutos por dia, escolher
um texto de um livro espiritual ou da Bíblia, ou até um acontecimento da nossa
vida e perguntar: o que Deus quer me dizer com isso? O que eu digo a mim mesmo?
O que eu respondo a Deus? Essa prática, com o tempo, vai abrindo nossos olhos,
nossa mente e nosso coração para perceber o amor e o cuidado de Deus Pai em
nossa vida.
Os santos aprenderam esse caminho de
entrega total e incondicional à divina providência. Sabiam que eram amados e
queridos, mesmo em sua miséria, e assim, com esforço e ajuda da graça,
conseguiram responder a esse amor divino, com atitudes de luta contra as
imperfeições para um dia desfrutarem eternamente da presença do Pai.
Vejamos alguns exemplos de
ensinamentos desses nossos amigos do Céu:
“Espero tudo do Bom Deus, como
uma criancinha espera tudo de seu pai. Meu caminho é o caminho da infância
espiritual, o caminho da confiança e da entrega absoluta” (Santa Terezinha
do Menino Jesus”
“Corre no caminho da perfeição
quem possui o coração dilatado na confiança em Deus”. (Santo Afonso de
Ligório)
“Quanto mais confiamos em
Deus, tanto mais progredimos no seu amor”. (São Vicente de Paulo)
“Todos os esforços pouco
valem, se não deixarmos de confiar em nós para confiar somente em Deus.”
(Santa Teresa)
Peçamos a ajuda de Maria
Santíssima, a pessoa que mais confiou e amou a Deus, para que aos poucos
possamos reconquistar essa atitude de filhos obedientes e fiéis, que confiam e
se entregam ao Pai totalmente, pois sabem que são amados e que tudo o que o Pai
provê e permite é para o seu bem, a sua santidade e para conquistar seu lugar
na felicidade eterna do Céu.
crédito da foto: pixabay.com
Mãe Rainha, ajuda-nós a confiar cada dia mais no amor e cuidado de Deus Pai por nós! Amém
ResponderExcluirAmem!!
ResponderExcluirObrigada, Flávia! Essa confiança em Deus nos ajuda a vivermos sem medo, como um filho(a), seguros(as) do olhar amoroso do nosso Bom Pai!
ResponderExcluirIsso mesmo, agradeço por comentar. Lembrando sempre que "Deus é Pai, Deus é Bom e Bom é tudo aquilo que ele faz ou permite" (Pe. Kentenich)
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