Os
conflitos dentro da família são inevitáveis, mas é importante saber que a forma
que lidamos com os conflitos afetam o futuro ajuste emocional e comportamento
de nossos filhos. Se para nós pais, é difícil e complicado ver dois filhos
brigando, sem saber quem fez o quê e ver uma multidão de agressões e um
colocando a culpa no outro, imaginem como é para nossos filhos verem seus pais
brigando. Quando os pais brigam na frente dos filhos, eles ficam no meio do
fogo cruzado, tentando entender quem tem culpa e quem não tem e como resolver o
problema. Além disso, as crianças nem sempre conseguem perceber a gravidade da
situação: o que pode ser um pequeno desentendimento para os pais, pode parecer
o fim do casamento para os filhos. Isso pode fazer com que se sintam confusos e
desamparados. Então, nossa primeira decisão deve ser nunca brigar na frente dos filhos.
Porém,
não importa o quanto nos esforçamos, haverá tempos em que os conflitos
aparecerão, de uma forma explícita ou implicitamente. Esses tempos são ótimas
oportunidades para ensinar a nossos filhos (e a nós mesmos) a melhor maneira de
resolver conflitos.
Seguem
aqui algumas dicas de como podemos resolver os conflitos de uma maneira mais
sadia:
1. Entender o problema: parece óbvio, mas
muitas vezes a esposa fala “A” e o marido entende “B” e vice-versa. A conversa
logo vira discussão e acabam os dois falando e nenhum dos dois escutando. Como
quebrar esse círculo? Quando um falar uma coisa que o outro não concorde ou até
se sinta ofendido, antes de responder,
repita o que o outro falou, para ver se entendeu corretamente. É incrível o
número de discussões que não existiriam utilizando essa simples técnica. Além
disso faça perguntas antes de falar sua
opinião. Por exemplo: “o que você está enxergando que eu não consigo ver?”;
“fale pra mim porque isso é importante para você”; “o que significou para você
quando eu fiz isso? Fale como você viu essa situação.” A ideia é se colocar no
lugar do outro e tentar entender seu ponto de vista.
2. Interprete sempre que o outro não
quer ofender. Se entrarmos numa discussão com a certeza de que o outro é
uma pessoa que nos ama e que jamais deseja nos machucar, então o caminho para a
resolução é muito mais curto. Santo Inácio de Loyola disse: “Deve ser pressuposto que todo bom cristão
seja ansioso para colocar uma boa interpretação sobre uma declaração do seu
próximo do que condená-la. Além disso, se não se pode interpretá-lo
favoravelmente, deve-se perguntar o que o outro quis dizer com isso.” Devemos
ter claro que jamais sabemos
realmente a intenção do outro, apenas sabemos o impacto de suas ações em nós.
Se o impacto foi negativo, não significa necessariamente que o outro quis
ofender.
3. Peça desculpas sempre. Se tivemos a
intenção de ofender, claro que devemos nos desculpar. Se não tivemos a intenção
e mesmo assim o outro se sentiu ofendido, também pedimos desculpas. Se
interpretamos mal o outro, também nos desculpamos. Enfim, a melhor forma de
“quebrar o gelo” é pedir desculpas, sinceramente, sem falsidade.
4. Não deixe os problemas se acumularem. Uma
das piores coisas que podemos fazer em nosso relacionamento é deixar os
problemas se acumularem. Se não cuidarmos, logo viram uma bola de neve gigante,
que pode até acabar com o casamento. A melhor coisa a se fazer é conversar logo
que surge uma situação conflituosa. Uma forma de manter sempre em ordem é nos reunimos uma vez por
semana, em dia e hora marcados, para conversarmos sobre o nosso relacionamento.
Rezamos juntos e nos perdoamos, se houver necessidade.
5. Jamais ofender o outro. Isso deve ser
uma regra de ouro. Quando der vontade de falar algo para machucar, morder a
própria língua! A ofensa só afasta e torna as coisas mais difíceis.
6. Comece uma conversa difícil com um elogio.
Todos nós temos aspectos positivos e negativos. Quando precisarmos conversar
sobre algo que não gostamos do outro, uma maneira de deixa-lo mais receptivo ao
que vamos falar é começar com um elogio. Destaque o que gosta no outro, o que
te deixa feliz e só depois fale, de maneira calma e com amor, o que você acha
que o outro precisa melhorar. Tenha em mente que a única pessoa que conseguimos
mudar é nós mesmos. Então fale o que
você acha que o outro precisa melhorar, mas saiba que isso só vai acontecer se
o outro conseguir ver o problema e quiser mudar.
7. Separe a pessoa do problema. Isso
significa que você deve se posicionar de uma forma que os dois vejam o problema
juntos. O problema não está em você nem no outro. Por exemplo: você acha que
seu marido está trabalhando demais e que a ausência dele está prejudicando a
família. O problema então é o excesso de trabalho e não o seu marido. A
abordagem seria mostrar para ele como você acha que o excesso de trabalho está
atrapalhando a família, sem acusações, ou críticas a pessoa do seu marido.
Dessa forma ambos podem tentar achar a melhor solução para a situação e ele não
se sentirá ofendido ou ameaçado.
8. Separe “posições” de “interesses”. A
“posição” é a forma que você decidiu sobre determinada coisa. No exemplo acima,
sua posição seria: meu marido deve trabalhar menos. O “interesse” é o que
motivou você a tomar uma posição. Neste caso, seu interesse seria o bem estar
da sua família. O que acontece é que interesses dos dois lados normalmente são
os mesmos, a diferença está nas posições, como cada um decide resolver a
questão. No mesmo exemplo, o interesse do marido também é o bem estar da
família, só que a posição que ele tomou é justamente trabalhar mais para
aumentar esse bem estar familiar. Desta forma, numa discussão é fundamental
dizer qual é o interesse de cada um, pois demonstra o que realmente é
importante e até podemos ver que isso que é importante pode ser obtido de forma
diferente da posição que inicialmente tomamos.
9. Gere o máximo de opções antes de tomar uma
decisão. Depois de identificado o problema e os interesses de cada um sobre
a situação, vocês devem falar o máximo de sugestões possíveis para o problema, antes
de tomarem uma decisão. Continuando nosso exemplo, possíveis soluções
seriam: comprometer-se a não trazer trabalho para casa nos fins de semana; a
esposa ajudar o marido em parte do trabalho (p. ex. pagar as contas); o marido,
mesmo chegando cansado, reservar um tempo para contar histórias para os filhos;
etc. Depois, vejam o que é mais viável e tomem uma decisão a respeito do que
deve ser feito. Lembrem-se que a decisão não precisa ser perfeita ou
permanente, podem fazer uma experiência e ver como funciona.
10. Coloquem os problemas nas mãos de Deus.
Em qualquer situação, devemos pedir a Deus que cuide de nossos problemas e que
nos ajude a solucioná-los. Ele sabe qual é o melhor caminho para nós seguirmos,
então devemos pedir sua ajuda, especialmente do Espírito Santo, para nos
iluminar e tomarmos as decisões de acordo com a Sua vontade. Ele é o maior
interessado em nossa felicidade e que nosso relacionamento se aprofunde e
amadureça.
photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/12929727@N06/5533226289">Lost in Conversation</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>
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