Esse foi o tema de uma
palestra do Pe. Léo que me fez refletir muito (quem quiser assistir, é só
clicar aqui). Realmente, a realidade que vamos morrer um dia é a única certeza
que temos na vida. Mas como em nosso corpo, existe uma repulsa natural ao que
nos causa sofrimento e também, instintivamente lutaremos sempre para
permanecermos vivos, não gostamos muito de falar sobre a nossa própria morte.
Além disso, em nosso
mundo moderno, a morte ficou mais distante do que era há algumas décadas. Antigamente,
as mães tinham muitos filhos e era comum que alguns deles morressem ainda bebês
ou crianças. Tanto os pais, como os outros irmãos, sofriam muito, mas viam esse
processo como sendo natural (o que realmente é). E ainda, os velórios eram
feitos em casa, assim, as crianças também participavam desse momento de dor e
despedida, vendo que a morte, faz parte da vida de todo mundo.
Hoje, com a cultura do
prazer, onde devemos evitar qualquer sofrimento a todo custo, falar de morte é
um absurdo, um assunto que ninguém quer tocar. E isso não faz bem, porque
precisamos ter a consciência de que esta vida é passageira e uma hora vai
acabar e teremos que prestar contas do que fizemos com ela, para ver com quem
passaremos a eternidade.
Não estou sugerindo que
precisamos viver num ambiente macabro onde tudo lembra a morte, mas como o Pe.
Leo ensinou, precisamos nos reconciliar com a nossa própria morte, pois é ela
quem vai nos levar ao encontro de nosso Criador. O ideal é todas as noites
antes de dormirmos, fazermos uma pequena reflexão, um exame de consciência,
para ver como vivemos aquele dia. Pedir perdão se fizemos algo de errado e ter
o firme propósito de ser melhor no dia seguinte. Isso é uma preparação para a
morte, que se chegar durante o sono, não nos pegará de surpresa e estaremos
prontos para prestarmos conta de nossa vida a Deus.
A expressão “carpe diem” (aproveite o dia) ficou
famosa naquele filme “A Sociedade dos
Poetas Mortos”. Só que lá, não conta que a origem dessa expressão era dos
monges antigos, que ao se encontrarem, um falava “memento moris” (vais morrer) e o outro respondia “carpe diem”. Ou seja, aproveite o dia,
viva-o da melhor forma possível amando a Deus e ao próximo, fazendo o bem, porque
você vai morrer, e pode ser hoje!
Outra coisa que me
ensinou a ver a morte como realmente é, um fato inevitável e natural e que
acontecerá com todo mundo, foi a experiência de enterrar uma filha. Quando
soube do problema da Júlia (história completa aqui), parecia que era a única
mãe no mundo a passar por isso. Depois, no tempo em que ela ficou na UTI, vi
que não era a única, que havia muitas mães passando pelo mesmo sofrimento. E
que eu não fui a primeira e nem seria a última.
Todo mundo fala que um
pai enterrar um filho é “antinatural”, que é “contra a ordem das coisas”, mas
na verdade, se pensarmos bem, é claro que é um sofrimento horroroso e que
estamos mais “preparados” para enterrarmos nossos pais do que nossos filhos,
mas faz parte da vida. Cada um de nós tem um tempo determinado em que vamos
viver aqui na terra: alguns podem ser poucos dias e morrerem ainda no ventre de
suas mães e outros podem viver mais de um século. O Pr. Claudio Duarte comenta
que cada um tem uma senha, e quando chega a hora, quando Deus chama seu número,
não tem o que fazer, você vai morrer. Ninguém sabe quanto tempo tem (ainda
bem!), então se a morte chegar muito cedo, é triste para quem fica, mas
acontece, é natural, todo mundo morre um dia. E acontece com muita gente.
Alguns tem a graça de
terem algum tempo para se preparar para a sua morte, pois ela vem através de
uma doença que leva um tempo para chegar ao fim. Mas não sabemos se este será o
nosso destino, então precisamos aprender a dizer como São Paulo: “Pois para mim o viver é Cristo, e o morrer
é lucro!” (Fl 1,21)
Enfim, a Divina
Providência está sempre tentando nos lembrar dessa realidade, de que um dia
iremos morrer, seja através de uma tragédia, como a queda de um avião, um
acidente, uma doença, a morte de alguém próximo. Não para ficarmos com medo,
mas para estarmos o mais preparados possível para quando chegar a nossa hora. É Deus Pai
nos dizendo: “Meu filho, minha filha, não se apegue muito às coisas desse
mundo, você está aí só de passagem, seu lugar é aqui comigo, na glória do Céu!”
photo credit: elviskennedy <a href="http://www.flickr.com/photos/39734516@N00/5771788449">Memorial Day - Galen Kittleson</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>
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