sábado, 22 de fevereiro de 2020

"SAIDINHA" COM OS FILHOS


A Nicole e eu em nossa "saidinha" da semana

Quando meus filhos eram pequenos, li sobre a importância de ter um tempo individual com cada um deles para conhecê-los melhor e aumentar o vínculo entre mãe e filho. Na época aquele conselho pareceu meio estranho, pois passava todo o meu tempo com eles e não conseguia imaginar como eles não estariam tão vinculados a mim no futuro.

Porém, eles foram crescendo, tendo suas próprias atividades e ficando menos tempo comigo. Foi então que iniciamos o costume da “saidinha com a mãe”. Combinamos que uma vez na semana eu levaria um deles para um passeio, onde eles escolhessem. Nesse tempo, nós conversaríamos sobre o que eles quisessem. Para que desse certo, o celular ficava desligado (tanto o meu quanto o deles).

Eles ficaram empolgados com a ideia, mais pelo fato de ir num lugar que eles gostam e que possam comer “porcarias”, do que pela conversa em si. O lugar tem que propiciar um ambiente de diálogo, então normalmente é uma lanchonete ou sorveteria. Cinema não conta, a menos que tenha um tempo para conversar antes ou depois do filme. O tempo gira em torno de uma hora.

A regra é sair com um filho de cada vez, então todos sabem que terão esse tempo comigo, com atenção exclusiva e em determinada semana do mês. Quando começamos, meu filho mais velho já tinha 14 anos, e os outros tinham 11 e 10. Com os menores foi mais fácil, porque a conversa fluía mais naturalmente, mas com o adolescente, demorava um certo tempo para “engrenar”.

Quando não há nenhum fato específico que eles queiram conversar, daí o assunto é comigo. Eu conto da minha vida, do que tem acontecido ou de como foi minha infância, adolescência, juventude... Falo também sobre o pai, os tios, os avós, enfim, sobre a nossa família. As vezes conto fatos da infância deles que eles não lembram mais. Esses são os assuntos preferidos deles. Conhecer a história, ver como as épocas eram diferentes e como as coisas aconteceram para chegarem até eles hoje.

Essa troca de experiências é super importante, porque não só os pais precisam conhecer melhor os filhos, mas também os filhos precisam conhecer o que seus pais pensam, o que gostam, o que não gostam, quem admiram etc. Só é possível amar quem conhecemos, assim o fato de gastar tempo para nos conhecer, aumenta e fortalece o amor e consequentemente o respeito entre nós. Nesses anos, fui surpreendida várias vezes com a profundidade da troca de experiências que esses diálogos proporcionaram.  

Esse ano o mais velho completa 18 anos e veio me perguntar esses dias se as nossas “saidinhas” iriam acabar porque ele já será oficialmente um adulto. Tranquilizei-o dizendo que iríamos continuar com as “saidinhas” até quando ele quisesse...

Assim, meu testemunho é que ter esse tipo de experiência e relacionamento com cada filho é muito importante e gratificante também. Na correria do dia a dia, acabamos não dialogando, só falamos sobre o cumprimento das obrigações, acabamos por resumir o relacionamento de pai e filho como ordens e obrigações por parte dos pais e pedidos de coisas por parte dos filhos. Tudo muito mecânico.

Não somos pais perfeitos, sabemos que muitas vezes erramos na educação dos filhos, mas vejo que ter esse momento de intimidade com cada um deles tem feito a diferença nessa época mais conturbada da adolescência.

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