A Nicole e eu em nossa "saidinha" da semana
Quando meus filhos eram pequenos, li sobre a importância de
ter um tempo individual com cada um deles para conhecê-los melhor e aumentar o
vínculo entre mãe e filho. Na época aquele conselho pareceu meio estranho, pois
passava todo o meu tempo com eles e não conseguia imaginar como eles não estariam
tão vinculados a mim no futuro.
Porém, eles foram crescendo, tendo suas próprias atividades e
ficando menos tempo comigo. Foi então que iniciamos o costume da “saidinha com
a mãe”. Combinamos que uma vez na semana eu levaria um deles para um passeio,
onde eles escolhessem. Nesse tempo, nós conversaríamos sobre o que eles
quisessem. Para que desse certo, o celular ficava desligado (tanto o meu quanto
o deles).
Eles ficaram empolgados com a ideia, mais pelo fato de ir num
lugar que eles gostam e que possam comer “porcarias”, do que pela conversa em
si. O lugar tem que propiciar um ambiente de diálogo, então normalmente é uma
lanchonete ou sorveteria. Cinema não conta, a menos que tenha um tempo para
conversar antes ou depois do filme. O tempo gira em torno de uma hora.
A regra é sair com um filho de cada vez, então todos sabem
que terão esse tempo comigo, com atenção exclusiva e em determinada semana do
mês. Quando começamos, meu filho mais velho já tinha 14 anos, e os outros
tinham 11 e 10. Com os menores foi mais fácil, porque a conversa fluía mais
naturalmente, mas com o adolescente, demorava um certo tempo para “engrenar”.
Quando não há nenhum fato específico que eles queiram
conversar, daí o assunto é comigo. Eu conto da minha vida, do que tem
acontecido ou de como foi minha infância, adolescência, juventude... Falo
também sobre o pai, os tios, os avós, enfim, sobre a nossa família. As vezes
conto fatos da infância deles que eles não lembram mais. Esses são os assuntos
preferidos deles. Conhecer a história, ver como as épocas eram diferentes e como
as coisas aconteceram para chegarem até eles hoje.
Essa troca de experiências é super importante, porque não só
os pais precisam conhecer melhor os filhos, mas também os filhos precisam
conhecer o que seus pais pensam, o que gostam, o que não gostam, quem admiram
etc. Só é possível amar quem conhecemos, assim o fato de gastar tempo para nos
conhecer, aumenta e fortalece o amor e consequentemente o respeito entre nós.
Nesses anos, fui surpreendida várias vezes com a profundidade da troca de
experiências que esses diálogos proporcionaram.
Esse ano o mais velho completa 18 anos e veio me perguntar esses
dias se as nossas “saidinhas” iriam acabar porque ele já será oficialmente um
adulto. Tranquilizei-o dizendo que iríamos continuar com as “saidinhas” até
quando ele quisesse...
Assim, meu testemunho é que ter esse tipo de experiência e
relacionamento com cada filho é muito importante e gratificante também. Na
correria do dia a dia, acabamos não dialogando, só falamos sobre o cumprimento
das obrigações, acabamos por resumir o relacionamento de pai e filho como
ordens e obrigações por parte dos pais e pedidos de coisas por parte dos
filhos. Tudo muito mecânico.
Não somos pais perfeitos, sabemos que muitas vezes erramos na
educação dos filhos, mas vejo que ter esse momento de intimidade com cada um
deles tem feito a diferença nessa época mais conturbada da adolescência.
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