A maioria dos pais conhece a técnica pedagógica de colocar o
filho em um “cantinho”, quando a criança apresenta algum comportamento errado.
Tirar do local onde o mau comportamento está ocorrendo e levá-lo a outro lugar
para que fique por um tempo “pensando” no que fez de errado. Geralmente o tempo
nesse “cantinho” é contado em minutos, de acordo com a idade da criança. Essa
técnica tem se mostrado eficiente (pelo menos é a minha experiência quando
tinha os filhos pequenos), pois a criança passa a entender que determinadas
formas de agir podem ter como consequência a ida para o “cantinho”.
A parte que provavelmente não é muito eficaz é a de que a
criança deva pensar na atitude errada que estava fazendo. Eu realmente não
acredito que meus filhos ficavam pensando no que o comportamento deles não
estava correto, principalmente por serem muito novos. Mas como o resultado era
atingido, nunca dei muita importância para essa parte da técnica.
Agora, porém, com essa quarentena obrigatória que o mundo
inteiro está passando, fiquei pensando se Deus, como um bom Pai, não achou que
era hora de colocar cada um de nós no “cantinho” para pensarmos em nossas
atitudes, para refletirmos como estamos preparando nosso encontro com Ele,
nossa vida futura na eternidade.
O “cantinho” é o nosso próprio lar, a nossa família. Estamos
todos confinados em casa, com um tempo que jamais imaginamos que possuíamos,
muitos estão ansiosos, outros entediados, outros super atarefados com as
questões domésticas e também do teletrabalho, mas será que esse tempo no “cantinho”
está realmente sendo eficiente? Será que estamos aproveitando para pensar no “para
que” de tudo isso?
Sabemos que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus”
(Rm 8,28) e que a Divina Providência tudo conduz para que cada ser humano possa,
um dia, gozar da alegria eterna no Céu, respeitando sempre a liberdade de cada um de querer ou não seguir esse caminho. Deus nunca quer o mal, mas muitas vezes
o permite para tirar um bem maior. Acredito que essa é a nossa situação atual.
Deus está falando “alto”, como que bradando para o mundo (e cada um de nós)
acordar e refletir que caminho está seguindo.
Proponho aqui que façamos uma séria reflexão sobre a nossa
vida, o caminho que estamos trilhando. Será que nossa meta é o Céu? Será que
estamos mais preocupados com nosso bem estar físico do que com o nosso bem
estar espiritual? Será que me relaciono com Deus como a um pai amoroso, que
deseja o meu bem e que um dia quer me ver com Ele no Paraíso? Eu pelo menos
converso com ele todo dia através de uma oração pessoal?
Outra reflexão que precisamos fazer é sobre nossa vida
sacramental. A grande maioria de nós está privada da recepção dos sacramentos,
especialmente aqueles que nos ajudam em nossa caminhada espiritual, a Confissão
e a Eucaristia. Daí a pergunta: será que eu aproveitei bem as oportunidades de
receber a Santa Eucaristia? Será que sempre a recebi com o devido respeito e
amor? Confessei-me regularmente ou só uma vez ao ano como pede a Santa Igreja?
Como fazia minhas confissões? Tinha arrependimento e o firme propósito de não
mais pecar?
Precisamos levar esse tempo muito a sério. Já diz o ditado
que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Não podemos desperdiçar nosso
tempo, que é um dos bens mais preciosos que possuímos. Sabemos que, cedo ou tarde, essa quarentena irá acabar e a pergunta que fica é se fizemos aquilo que Deus gostaria que fizéssemos nesse período. Ainda estamos gozando do
tempo da misericórdia de Deus, mas sabemos que um dia virá o tempo da justiça. Vamos
dar a resposta que o nosso Pai espera de nós: acertar nosso rumo, fazer as
mudanças de vida necessárias, para que possamos a cada dia amar mais e melhor a
Deus e a nosso próximo e assim cumprir a missão para a qual cada um de nós foi criado.
photo credit: donnierayjones <a
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