O livro “Conchita´s Spiritual Journey” do Pe. Ignacio Navarro
narra os estágios da vida espiritual da beata Concepción Cabrera de Armida,
conhecida como “Conchita”, uma esposa e mãe de 09 filhos, mística e fundadora
de várias famílias religiosas, que tinha revelações privadas de Jesus Cristo
através de locuções interiores, ou seja, não eram estritamente visões de Jesus,
mas ela “ouvia” Jesus falar interiormente a seu coração. Mesmo tendo sido beatificada em 04 de maio de
2019, nenhum católico é obrigado a acreditar nessas revelações, porém a Igreja
atesta que não há nenhum erro teológico nas mesmas.
O livro possui vários relatos dessas “conversas” que ela
tinha com Jesus e podemos perceber como Jesus a vai preparando para todas as
graças que Ele lhe concede para cumprir sua missão aqui na terra. De todas
essas experiências extraordinárias narradas no livro, a que mais me chamou
atenção foi quando Jesus lhe revela sobre o martírio do coração de Maria
Santíssima.
O sofrimento de Maria foi permitido por Deus não para purificá-la,
ao contrário do sofrimento de todos os outros seres humanos, mas para pedir
perdão e expiar os pecados dos outros, foi para a purificação de seus filhos. O
coração de Maria ganhou essas graças após a Ascenção de Jesus, quando sofreu o
martírio de se sentir sozinha e desamparada.
Essa profunda solidão não era em relação aos seres humanos ou
à falta da presença física de Jesus, pois como ela é uma criatura perfeita e
tem uma enorme fé viva, ela era consolada pela presença real de Jesus na
Eucaristia.
O que ela experimentou foi o que S. João da Cruz chama de
“noite escura”, um profundo abandono espiritual, o divino abandono da Trindade,
que se escondeu dela. Esse abismo infinito de amor foi sua grande provação.
Maria sofreu mais que todas as almas porque ela sofreu um
reflexo do abandono de Jesus na cruz e isso não há nenhuma comparação na
linguagem humana. O seu martírio foi de amor e o desamparo que a envolveu por
tantos anos foi um ato de amor de Deus Pai que queria derramar os tesouros e o
mar de suas graças nas almas através desse sofrimento de nossa Mãe do Céu.
Durante a vida de Jesus, apesar de Maria saber e refletir a
dor interna dele nela, o amor filial de Jesus velava essa dor para que ela
sofresse menos. Mas depois da Ascenção, esses martírios a feriram com toda sua
intensidade e amargura, derramando de sua alma pura para o bem de seus filhos
até o fim do mundo.
Quanto a humanidade deve a Maria Santíssima! E como essas
amargas dores não são conhecidas, honradas ou apreciadas! Nesse ano em que
celebraremos a solenidade da Ascenção de Jesus ao Céu no dia de Nossa Senhora
de Fátima, vamos recordar esse martírio do Imaculado Coração de Maria e, com
nossas orações e mortificações, consolar um pouco nossa querida Mãe e Rainha
que tanto sofreu por nós.
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