Nestes tempos de pandemia, onde
muitos de nós fomos privados de participar da Santa Missa e outros,
infelizmente, já se acostumaram com a “missa virtual”, gostaria de lembrar o
que realmente acontece nesse momento tão especial, de acordo com a doutrina da
Igreja.
A Santa Missa pode ser dividida
em duas grandes partes: a liturgia da palavra e a liturgia eucarística, tendo
como seu ápice a transubstanciação, quando o pão se torna corpo e o vinho se
torna o sangue de Jesus Cristo e onde somos convidados a comungarmos desse
corpo, sangue alma e divindade de Jesus, tornando-nos uma só carne com ele,
nosso divino Salvador.
Gostaria de focar nossa reflexão
sobre a liturgia eucarística. Assim que que ela começa e o sacerdote nos
convida a elevar nossos corações, tem início à chamada “comunhão dos santos”,
ou seja, a união da Igreja Militante (nós que estamos ainda aqui nesta terra),
a Igreja Padecente (as almas que estão no Purgatório) e a Igreja Triunfante (as
almas, os santos que já estão no Céu).
Quando respondemos: “o nosso
coração está em Deus”, é como se o Céu se abrisse e nós nos transportássemos
até lá, para depois nos unir aos anjos e santos para louvar a Deus, cantando ou
dizendo: Santo, santo, santo...
Logo depois, o sacerdote inicia a
oração eucarística, pedindo ao Pai, que santifique as oferendas do pão e do
vinho que estão no altar e que irão se transformar no Corpo e no Sangue de
Jesus Cristo, com a força do Espírito Santo. Nesse momento, ao ouvir a sineta, os
fiéis se ajoelham e são transportados no tempo, para o local e o momento da
Última Ceia. Apesar de nossos sentidos não perceberem, acontece essa verdadeira
“viagem no tempo” e, a partir daquele momento, o sacerdote já não é mais ele,
mas sim o próprio Jesus e todos os participantes estão realmente presentes
naquele momento sagrado.
Quando Jesus, utilizando-se da voz
do sacerdote, diz “Isto é o meu Corpo”, a hóstia se transforma realmente no
Corpo de Jesus e então já não estamos mais na Última Ceia, mas sim aos pés da
Cruz no Calvário. Nesse momento, somos testemunhas do sacrifício de amor
infinito que Jesus fez por cada um de nós, morrendo na Cruz.
Se prestarmos atenção nos gestos
do sacerdote/Jesus poderemos captar um pouco mais da beleza infinita desse
momento. Da mesma forma que Jesus, na cruz, primeiro inclinou a cabeça e
depois, entregou seu espírito, dando seu último suspiro (Jo 18,1), o sacerdote
primeiro se inclina sobre a hóstia e depois pronuncia as palavras da
consagração, sendo o suspiro do sacerdote o mesmo suspiro de Jesus,
transformando a hóstia em Corpo e o vinho em Sangue.
É importante salientar que na
cruz, o sacrifício foi consumado pelo sangue sendo separado do corpo de Cristo
fisicamente, quando o soldado usou a lança e abriu uma chaga no lado de Jesus,
de onde jorraram sangue e água. Na Santa Missa, o sacrifício é consumado pelo sangue
sendo separado do corpo de Cristo sacramentalmente, por isso são
consagrados separadamente, primeiro o corpo, depois o sangue.
O Céu, a terra e o purgatório
nesse momento estão unidos, testemunhando esse gesto de amor incomparável que
redimiu toda a humanidade. O sacrifício do Filho, ao Pai, com a presença do
Espírito Santo, a Trindade derramando torrentes de amor sobre toda a
humanidade. É um momento tão sublime, que se pudéssemos captar algo com nossos
sentidos, como alguns santos puderam, não poderíamos parar de chorar.
A liturgia segue com as orações
pelos fiéis presentes, pelos fiéis defuntos, pela Santa Igreja e seus ministros
e para que todos, possam, um dia, participar da vida eterna com todos os anjos
e santos que continuam ainda ali presentes, louvando e glorificando a
Santíssima Trindade.
Chega então o momento mais
esperado, quando cada um de nós é convidado a participarmos desse sacrifício de
amor, a nos unirmos intimamente com Jesus, tornando-nos um só corpo com Ele. É
um mistério insondável como o próprio Deus quis se unir dessa forma conosco,
suas criaturas pecadoras. Ele se deu inteiramente a nós, sem reserva, e o
melhor que podemos fazer para retribuir tamanha graça, é nos entregarmos
inteiramente a Ele.
Esse momento tão sublime deve ser
seguido de uma profunda ação de graças por parte de cada um de nós. Aproximadamente
nos próximos 15 minutos depois que comungamos, Jesus está ali fisicamente
conosco, então devemos aproveitar ao máximo essa presença, nos entregando a
ele, agradecendo por esse momento e fazendo nossos pedidos, principalmente o de
sermos filhos fiéis e amorosos.
Vejamos o que nos falam alguns
santos sobre a Santa Missa:
“Fica sabendo, ó cristão, que
mais se merece em ouvir devotamente uma só Missa do que distribuir todas as
riquezas aos pobres e a peregrinar toda a terra” S. Bernardo
“Nosso Senhor nos concede tudo
o que lhe pedimos na Santa Missa: e o que mais vale é que nos dá ainda o que
nem sequer cogitamos pedir-lhe e que, entretanto, nos é necessário” S.
Jerônimo
“Se conhecêssemos o valor do
Santo Sacrifício da Missa que zelo não teríamos em assistir a ela!” S.
Cura D´Ars
O Maravilhoso Valor da
Santa Missa
“Na hora da morte, as Missas
que houveres assistido serão a tua maior consolação. Toda Missa implora o teu
perdão junto da justiça divina. Em toda Missa, podes diminuir a pena temporal
devida aos teus pecados, e diminuí-la mais ou menos consoante o teu fervor.
Assistindo com devoção à Missa, prestas a maior das honras à santa humanidade
de Jesus Cristo. Ele compadece-se de muitas das tuas negligências e omissões.
Perdoa-te os pecados veniais não confessados, dos quais, porém, te
arrependeste. Diminui o império de Satanás sobre ti. Sufraga as almas do
purgatório da melhor maneira possível. A missa preserva-te de muitos perigos e
desgraças que te abateriam. Toda Missa diminui o teu purgatório. Toda Missa
alcança-te um grau de glória maior no céu. Na Missa, recebes a bênção do
sacerdote, a qual Nosso Senhor ratifica no céu. És abençoado em teus negócios e
interesses pessoais. (livro As 15 Orações de Santa Brigida)
Depois de refletir sobre o valor da
Santa Missa, que compromisso mais importante do que esse você pode ter no seu
dia? Vamos nos esforçar para participarmos o mais frequente possível da Santa
Missa, lembrando que a chamada “missa virtual” não se equipara à missa
presencial, sendo apenas um momento de oração e não tendo o poder de nos transportar
ao Calvário, como acontece quando estamos fisicamente presentes junto ao
sacerdote.
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