A importância de saber o motivo de fazer as coisas
Ouvi uma história muito interessante sobre como um mesmo fato
pode gerar diferentes pontos de vista, dependendo da motivação de cada um.
Havia três homens que trabalhavam na construção de uma grande catedral. Aos
três foi feito a mesma pergunta: “o que você está fazendo?” O primeiro
respondeu: “estou quebrando pedra”; o segundo disse: “estou
sustentando a minha família” e o terceiro falou: “estou construindo uma
catedral!”
As três respostas estão absolutamente corretas, porém demonstram
como cada um desses homens enxerga as suas atitudes, o seu trabalho. A visão do
primeiro está focada no imediato, no que está fazendo naquele instante. Esse
tipo de atitude frente à vida leva a pessoa a ser muito inconstante, a ser
influenciada pelas circunstâncias, a simplesmente “reagir” aos acontecimentos e
não ter uma postura de ação, de fazer porque sabe o que está fazendo. Aquele
que enxerga só o momento, perde a noção do todo, da história; muitas vezes se
sente entediado e tende a buscar “sensações”, prazeres físicos, para se sentir
feliz.
A postura do segundo já mostra um pouco mais de sentido de
responsabilidade pelos outros, de saber que a sua atitude influencia na vida de
outras pessoas. Ele está quebrando pedra, porém com o objetivo de sustentar a
sua família. A visão é um pouco mais ampla, mas ainda falta enxergar o todo, a
beleza da existência humana, o motivo do próprio existir. Se a vida se limitar
a cumprir as obrigações para ter o próprio sustento, ela é muito pobre (mesmo
se cheia de dinheiro) e não preenche os anseios do coração humano.
O terceiro é aquele que entendeu realmente o profundo sentido
de sua existência. Ele sabe que sua ação aqui e agora, mesmo que sirva para
sustentar a sua família, vai ecoar por toda eternidade. As catedrais são
monumentos que duram séculos, então por mais monótono que seja aquele quebrar
pedra, ele é necessário para construir uma obra espetacular que estará de pé
por muitos e muitos anos depois que acabar a existência desse pequeno
construtor.
O verdadeiro sentido da nossa existência
Já disse o poeta: “ao brilhar de um relâmpago nascemos e
ainda brilha seu fulgor quando morremos, tão curto é o viver”. Por isso é
tão necessário entender o que estamos fazendo nesse mundo, saber que enquanto
estamos aqui, temos a oportunidade de preparar nossa vida futura, aquela que
nunca acabará, o destino eterno de nossa alma.
Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de
Schoenstatt, falava da sacralidade do momento, de que esse instante em
que estamos vivendo, jamais voltará, por isso precisamos vive-lo da melhor
forma possível. Ensinava ainda sobre o “fiel e fidelíssimo cumprimento do dever”
e de “fazer o ordinário de forma extraordinária”. Tudo isso para nos
mostrar como é importante cumprirmos de maneira excelente as nossas obrigações
de cada dia, pois as nossas atitudes aqui é que determinam a nossa qualidade de
vida, nossa realização como ser humano e também o futuro da nossa alma quando
encerrar nossa existência nesta terra.
Nosso Senhor Jesus Cristo passou 30 anos de sua vida no
ordinário de sua família, cumprindo seus deveres, para dar o exemplo de como devemos
agir no nosso cotidiano. Nesses anos todos Ele já estava realizando sua obra
redentora, santificando a vida familiar, mostrando a importância da família e o
valor redentor do trabalho bem feito.
A santificação da vida diária
Assim, a nossa santificação ocorre na nossa vida diária, que
deve ser um caminhar constante rumo ao Céu. Minha avó Amábile sempre dizia que
o bem que fazemos aqui, os gestos de amor, de doação, os pequenos e grandes sacrifícios,
são como “tijolos” que enviamos para a construção da nossa casa no Céu. Quanto
mais fizermos aqui, melhor será nossa morada na eternidade.
Para conseguirmos santificar o nosso dia, precisamos nos
conscientizar da presença de Deus ao nosso lado e para isso precisamos da ajuda
de nossa imaginação e de nossa memória. Sabe aquela paradinha que você dá para
olhar as mensagens do WhatsApp durante o dia? Aproveite esses momentos para
dizer “oi” pra Deus.
Essa saudação pode ser através de jaculatórias, que são “flechas”
de amor que mandamos para o Céu. São frases curtas e simples que demonstram
nossa vinculação ao mundo sobrenatural. Alguns exemplos: “Jesus, eu confio em
vós!”, “Nossa Senhora cuide de mim!”, “Jesus eu te amo e quero estar um dia
contigo no Céu!”, “Vem Espírito Santo!”, “Valei-me São José!” enfim, cada um
pode também criar a sua preferida ou pegar inspiração na vida dos santos e nas
jaculatórias que eles usavam.
Conforme vamos nos conscientizando dessa presença divina,
conseguimos cumprir melhor nossos deveres, lutar contra nossas imperfeições e
pouco a pouco enxergar o sentido da nossa existência, que não é apenas “quebrar
as pedras”, mas “construir uma catedral”. O santo é um monumento vivo que
demonstra toda a majestade divina, muito mais que uma catedral de pedras.
Então, a busca e a luta pela nossa santidade é a maior catedral que podemos
construir para Deus.
Photo by Pascal Bernardon on Unsplash
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