Aprender a enxergar o que Deus quer me falar no dia a dia
O nosso mundo atual nos
compele a viver num ritmo frenético. Tudo deve ser instantâneo, ao alcance de
um clique. Vivemos de uma atividade a outra, quase sem pausa e quando paramos
para “descansar”, normalmente nossa mente está olhando uma tela, com uma
enxurrada de informações, imagens, vídeos. São poucos os que escapam a essa
realidade. A grande maioria de nós vive pressionada por todo tipo de
exigências, tentando responder as obrigações matrimoniais e familiares, os
requerimentos do trabalho e, para muitos também, aos múltiplos compromissos
apostólicos.
Esse ritmo de vida pode
causar uma série de doenças “modernas”, como a síndrome do burnout,
ansiedade, depressão. Mesmo aqueles que escapam de ficarem doentes,
eventualmente anseiam por uma paz maior. Às vezes um acontecimento, como a
morte de alguém querido, nos tira um pouco desse turbilhão em que vivemos e
paramos para pensar: para que tudo isso? Qual é o sentido da minha existência?
Para conseguirmos
responder a essas questões e nos confrontar com o que dá o sentido verdadeiro a
nossa vida, precisamos de espaços que nos permitam encontrar conosco mesmos e
que nos conduzam a um contato mais profundo com Deus, pois só Ele possui as
respostas que precisamos.
O Pe. José Kentenich tinha
uma preocupação constante em conduzir o ser humano atual até um encontro com o
Deus vivo através das criaturas e das circunstâncias concretas que o rodeiam.
Para ajudar nesse encontro vital com o Senhor, desenvolveu uma prática de
meditação, a chamada “meditação da vida diária”, que vem responder a esse
anseio e essa necessidade.
Para o homem moderno é extremamente
difícil compreender e praticar a meditação, pois a forma que organizamos nossa
vida está muito orientada para o exterior, para o fazer, produzir, fabricar,
organizar e racionalizar. Vivemos em uma cultura marcara com o selo da
extroversão.
A falta do cultivo da
vida interior (o Pe. Kentenich fala de uma cultura sem alma) afeta o ser humano
em vários aspectos de sua pessoa, inclusive no tocante à profundidade de sua
fé. Recebemos a semente da fé em nosso Batismo, porém ela precisa ser cultivada
para se desenvolver e se tornar um suporte para a nossa vida. Esse cuidado se
dá através do contato íntimo e pessoal com o Senhor e sem ele, a fé pode
morrer.
O Pe. Kentenich se
preocupava também com isso, para que seus filhos espirituais tivessem uma plena
confiança no Pai, através de uma “fé prática na divina providência”. Porém, o
ser humano só consegue confiar em quem conhece e para conhecer, precisamos
passar tempo juntos. Além disso, é importante conseguir enxergar os inúmeros
cuidados que Deus tem conosco a cada dia, demonstrando seu amor infinito por
nós.
Como alcançar uma vida
mais harmônica? Como aprender a parar e deixar de ‘sermos vividos’ pelos
acontecimentos? Como fazer que nossa vida de fé seja mais aprofundada e que
nosso contato com Deus seja mais pessoal?
O Pe. Kentenich nos dá a
resposta: meditação da vida diária. Diz ele:
“Nosso método preferido
de meditação consiste em revisar e saborear, em revisar com antecedência e
saborear depois. Isto deveria ser entre nós uma atitude permanente, um hábito.
A partir de cada realidade, por mais íntima que esta seja, devemos saber subir
até o coração misericordioso e bondoso de Deus Pai. Enquanto isso não tenha se
convertido em uma segunda natureza para nós, queremos exercitar mais e mais até
consegui-lo.
Queremos ingressar
na escola de amor, da oração interior. Não estamos
orientados somente por esta forma de meditação. Podemos aplicar também outros
métodos de meditação. Porém, dada a importância que reveste introduzir ao Deus
na vida em nossa vida, nos encontrarmos com o Deus da vida em nossa vida e
responder a ele a partir de nossa vida, então, penso que, por um certo período,
nossa ocupação predileta deve ser revisar e descobrir, no tempo dedicado à
meditação, onde Deus veio ao nosso encontro no dia de ontem.”
O Pe. Rafael Fernandéz,
em seu livro “Como aprender a meditar?”, explica “O Fundador está
pensando em um método de meditação especialmente apto para as pessoas que estão
chamadas a encontrar a Deus no meio do mundo, através das criaturas. Ou seja,
um método para quem não pode nem deve abandonar as realidades desse mundo: sua
família, seu cônjuge, seus filhos, seus negócios e tudo o que isso implica,
para se retirar e contemplar a Deus na solidão.
Esse é o pano de fundo da
meditação da vida diária como o Pe. Kentenich a concebe. Ele quer nos dar um
caminho que nos leve a entrar em comunhão com o Deus providente, que nos ensine
a descobrir e comungar não só com o Cristo presente nos Evangelhos, mas com o
Cristo presente na história, em nossa história pessoal e nos acontecimentos do
mundo.
De nenhuma forma essa
acentuação deixa de lado o Deus da Eucaristia ou o Deus presente na Palavra.
Mas sim, integra e destaca com força o Deus da vida”.
Essa forma de meditação
não é como uma análise, um estudo de algum aspecto da doutrina ou dos
ensinamentos da Igreja, para que tenhamos um conhecimento maior sobre o tema. O
objetivo da meditação da vida diária não é saber ou conhecer mais, mas amar
mais através do aprofundamento de nosso vínculo de amor pessoal com Deus.
“A meditação deveria se
tornar uma escola de amor por eminência. Esse é o costume que deveríamos
adquirir. Não uma escola de ciência, assim não é um estudo propriamente dito,
mas uma escola de amor. Se quiserem saber se meditaram bem, devem se
perguntar apenas: na meditação aprendi a amar, a amar de forma correta? (P.K.)
A partir de hoje, iniciaremos uma série de artigos para desenvolver o tema da meditação da vida diária e assim aprendermos a colocar em prática essa grande riqueza ensinada pelo Pe. Kentenich. Caso tenha alguma dúvida ao longo dos artigos, pode enviar uma mensagem para o email: ouvidonocoracaodedeus@gmail.com
Photo by Marcos Paulo Prado on Unsplash
Muito obrigada,pela bela partilha da reflexão,ouvido no coração de Deus.🙏
ResponderExcluirAgradeço seu comentário! Pode divulgar o artigo se quiser.
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