Algum tempo atrás, dei meu testemunho sobre a luta contra um
câncer e como lidar com o sofrimento em uma Igreja. Quando terminei, uma mulher
se aproximou e pediu para conversar comigo. Depois da nossa conversa, prometi a
mim mesma que iria contar essa história ao maior número de pessoas possível,
para alertar sobre um aspecto sombrio da fertilização "in vitro" que
não é mostrado aos casais que procuram esse tipo de "solução" para a
infertilidade. É isso que faço agora.
Ela me contou que há 10 anos sofria muito por não conseguir
engravidar. Depois de vários exames, os médicos disseram a ela e ao marido que
seria impossível engravidarem naturalmente, então sugeriram a fertilização. A
princípio, sendo católica e sabendo que a Igreja não aceitava esse
procedimento, ela recusou. Porém, com o passar do tempo, a angústia aumentava e
como não sabia quais eram os reais motivos pela Igreja ser contra, decidiram
tentar. Aqui ela me conta seu primeiro grande arrependimento: não ter buscado
entender o porquê a Igreja Católica é contra a manipulação da vida através da
fertilização artificial.
No processo, "conseguiram" 6 embriões viáveis, mas
ela não sabe quantos foram descartados para conseguir esse número. Resolveram
implantar 3 embriões e congelar os outros três. Quando estava no quarto mês de
gestação, acabou perdendo os três bebês. Foi uma dor horrível, segundo ela,
pois não parava de pensar que aqueles seus filhos só estavam mortos porque ela
havia insistido em "fabricá-los". Pela primeira vez eu percebi a dura
realidade que para que uma fertilização desse certo, muitos bebês eram
abortados. Não só aqueles que eram implantados e depois vinham a falecer, mas
todos os embriões que eram descartados por serem considerados
"inviáveis" pelos médicos. E no olhar daquela mãe, vi o quanto essa
dor pesava em seu coração.
Ainda em meio a dor da perda, alguns meses depois,
milagrosamente ela engravidou naturalmente. Quanta felicidade!! Nasceu um
menino lindo e saudável. Ela finalmente havia conseguido o que tanto queria.
Porém, quando seu filho completou dois anos de idade, seu marido arranjou outra
pessoa e acabou se divorciando dela.
Agora, a criança já tem seis anos. Mas o grande sofrimento
dessa mulher, o que lhe causa pesadelos e tira o sono, é saber que ainda possui
três bebezinhos, seus próprios filhos, congelados!! Em meio a lágrimas, ela me
pergunta o que fazer. Ela agora é uma mãe solteira, não tem muitas condições
financeiras e se atormenta em saber que seus filhos estão sozinhos em um
freezer.
Naquele momento eu rezei e pedi ao Espírito Santo que me
ajudasse a orientar essa pessoa tão sofrida. Eu nunca a havia visto na vida e
ela tinha me confidenciado um problema tão sério. Enfim, percebi que não tinha
outra saída: disse a ela que deveria procurar um jeito de implantar esses
bebês, dar a eles pelo menos a possibilidade de tentarem nascer. Falei que se
estávamos ali, numa Igreja, com Jesus no Sacrário e ela havia me procurado é
porque no fundo sabia o que tinha que fazer, apenas precisava de um incentivo.
Não sei o que aconteceu com ela. Nunca mais a vi. Mas sua
história me marcou profundamente. Todos precisam saber que se a Igreja Católica
é contra alguma coisa, é porque tem muitos motivos para isso. É porque essa
coisa jamais trará felicidade. Nem tudo aquilo que posso fazer, eu devo fazer. Então,
vamos procurar entender a razão das coisas e orientar o máximo de pessoas
possível. Isso é um ato de caridade com o próximo. Ninguém deve tomar uma
decisão sem saber todas as consequências de sua escolha. Quem quiser saber mais
sobre as razões da Igreja contra as técnicas de reprodução assistida, leiam a
instrução Donun Vitae, da Congregação
para a Doutrina da Fé, escrita pelo então Cardeal Joseph Ratzinger. Podem
acessá-la nesse link: http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19870222_respect-for-human-life_po.html
photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/74896762@N00/3167352760">amniotic sac</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0/">(license)</a>
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