terça-feira, 29 de março de 2016

PERGUNTAS SOBRE REPRODUÇÃO ASSISTIDA - PARTE 2

Seguem mais algumas perguntas extraídas do livro Good News About Sex and Marriage, de Christopher West. Fiz algumas adaptações na tradução.

2. Você está dizendo que as crianças concebidas destas tecnologias não são criadas por Deus, ou não são feitas a sua imagem?

Não existe nenhuma pessoa nesse planeta que existiria se Deus não quisesse que ela existisse. Logo que o esperma encontra o óvulo, mesmo se for numa placa de petri, Deus está lá para criar uma alma imortal. Mas mesmo que Deus permita que as crianças concebidas tecnologicamente existam, não significa e Deus queira que utilizemos destas tecnologias.

Similarmente, Deus permite a existência de crianças concebidas através de atos de estupro e incesto (se ele não permitisse, elas não existiriam), mas isso não significa que ele quer que pratiquemos estupro ou incesto. Enquanto todas essas crianças são imagem de Deus e devem ser amadas e tratadas como qualquer outro ser humano, nenhuma foi concebida por um ato que reflete a imagem de Deus. Isto sempre será uma injustiça para elas.

Aqui nos confrontamos pelo mistério da interação de Deus com nossa liberdade. Deus não intervém em nossas decisões de agir imprudentemente. Se fizesse isso, negaria nossa liberdade. 

É da natureza de Deus, entretanto, extrair o bem de nossas escolhas erradas, mesmo o maior bem possível - um novo ser humano. Isso significa que devemos agir mal para resultar o bem? Se fizermos isso, de acordo com S. Paulo, nossa condenação é merecida. (Rm 3,8)

3. Nós nos portamos como Deus cada vez que nos submetemos a uma cirurgia ou tomamos algum remédio. Qual é a diferença disso com as tecnologias reprodutivas?

Fitness, saúde e vida estão inscritas em nosso próprio ser como parte do plano original de Deus para nós. Doença e morte são resultado da corrupção causada pelo pecado original. Deus as permite, mas ele não as deseja por si mesmas. Então, assumindo que todos os meios empregados são lícitos em si mesmos, nós agimos em completo acordo com os planos de Deus quando usamos a medicina e a tecnologia para salvar a vida ou restaurar a saúde.

Nestes casos, não estamos agindo como os mestres da vida humana mas como os administradores que Deus nos criou para ser. Similarmente, quando ajudamos o ato conjugal a alcançar seu fim natural, estamos agindo como administradores para restaurar o desígnio de Deus. Mas quando nós substituímos o desígnio de Deus e buscamos "forçar" uma concepção, nós cruzamos a linha entre administradores e mestre, entre sermos criaturas para brincarmos de Deus.

4. A infertilidade é uma doença. Isso não implica que seria um bom uso da medicina e da tecnologia superá-la?

A infertilidade não é exatamente uma doença, mas uma inaptidão. Procurar maneiras de curá-la é um serviço louvável para os muitos casais que sofrem grandemente por causa dela. Mas existem limites para o que pode ser feito.

Assim diz a Humanae Vitae: "A Igreja é a primeira a elogiar e recomendar a intervenção da inteligência, numa obra que tão de perto associa a criatura racional com seu Criador; mas afirma também que isso se deve fazer respeitando a ordem estabelecida por Deus." Se usarmos nossa inteligência para ajudar o ato sexual a atingir sua finalidade natural, então estamos agindo como administradores dos desígnios de Deus, respeitando a ordem que ele estabeleceu. Mas assim que substituímos o ato conjugal como meio para a concepção, nós agimos fora do escopo da ordem de Deus.

De fato, somente ao ajudar o ato conjugal é que podemos falar de verdadeira cura para a infertilidade. Substituir a relação sexual de nenhuma forma cura a doença do casal. Apenas a ignora.

A ordem de Deus não é arbitrária. Ela existe para o nosso bem, para nosso benefício. É um mistério que Deus permita que alguns fornicadores e adúlteros que nem querem ter filhos possam conceber, enquanto ao mesmo tempo ele permite que maridos e esposos amorosos sofram com a infertilidade. Quem pode sondar isso? Mas ambas as situações oferecem uma oportunidade aos envolvidos de se voltarem para Deus e se abandonarem a ele.

Os caminhos de Deus não são nossos caminhos. Confie nele. Isto é o que Cristo nos ensina. Ele mesmo se sentiu abandonado por Deus na cruz. Mas mesmo na hora mais escura, ele confiou. E como sua ressurreição atesta, sua confiança não foi em vão.

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