quarta-feira, 8 de setembro de 2021

SERÁ QUE REALMENTE SOMOS LIVRES?



A liberdade é um dos direitos fundamentais de todo ser humano. Mas ela também é um direito muito frágil, podemos perdê-la se não cuidarmos bem. Podemos falar em dois tipos de liberdade: aquela interior, de agir de acordo com a própria razão e vontade e a exterior, que é regulada pela sociedade em que cada pessoa vive, que pode limitar ou até extinguir o direito de ação do indivíduo. Esses dois tipos de liberdade vivem constantemente ameaçados.

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1731, assim define a liberdade: “A liberdade é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, portanto de praticar atos deliberados. Pelo livre-arbítrio, cada qual dispõe sobre si mesmo. A liberdade é, no homem, uma força de crescimento e amadurecimento na verdade e na bondade. A liberdade alcança sua perfeição quando está ordenada para Deus, nossa bem-aventurança.”

Portanto, para conseguirmos exercer bem esse poder de agir ou não agir, precisamos utilizar nossa inteligência para discernimos o que é o bem e fortalecermos nossa vontade para conseguir agir de acordo com esse discernimento. “Quanto mais pratica o bem, mais a pessoa se torna livre. Não há verdadeira liberdade a não ser a serviço do bem e da justiça.” (CIC 1733)

Ninguém pode tirar nossa liberdade

Essa liberdade interior, de agir de acordo com a própria consciência, ninguém pode nos tirar. Nós só perdemos essa liberdade por própria culpa, quando não discernimos o que é o bem ou quando, mesmo sabendo o que é o bem, nossa vontade não tem força para agir de acordo com o que a inteligência propõe. Cedendo aos nossos impulsos, nos tornamos escravos deles. E ao invés de agir, apenas reagimos.

O Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, mesmo preso num campo de concentração durante a 2ª Guerra, manteve sua liberdade interior intacta. Apesar de fisicamente limitado pela prisão, ele vivia com o coração e a mente no Céu. Aceitou aquela circunstância como permissão divina e a utilizou para ajudar quem ele pode a sobreviver àquele verdadeiro inferno.

Não existe liberdade total

Ninguém é totalmente livre, pois existem várias limitações impostas pela própria natureza. Não somos livres para escolher onde nascemos, para sentir fome ou frio, para ser mais alto ou baixo. São inúmeras circunstâncias que não controlamos e que interferem em nossa vida. Porém, se buscarmos viver as virtudes, com o tempo conseguiremos um alto grau de liberdade interior e estas circunstâncias externas interferirão muito pouco no modo como agimos.

Conta-se que todos os dias um homem passava por uma banca de revista e cumprimentava o jornaleiro. Como resposta, sempre recebia alguma grosseria. Um dia seu amigo perguntou por que ele continuava sendo gentil e cumprimentando o jornaleiro se a resposta sempre era negativa. Ele respondeu que era livre para fazer o que achava certo e não era a atitude do outro que iria afetar seu modo de agir.

Desta forma para não perdermos nossa liberdade interior, precisamos lutar constantemente para adquirir as virtudes, como a paciência, temperança, fortaleza, prudência, entre outras. Cada um precisa analisar onde está seu ponto mais fraco, para iniciar essa luta que vai durar a vida toda.

A liberdade exterior não está em nossas mãos

Quanto a liberdade exterior, muito pouco podemos fazer para permanecermos livres. Basta um simples decreto de uma autoridade civil e não podemos mais sair de casa ou até expressarmos nossa opinião publicamente. Claro que devemos sempre lutar pela liberdade com os meios que possuímos, mas no fundo, vivemos em sociedade e, para termos segurança, abrimos mão dessa liberdade e a damos ao governo.

Isso não deve nos afligir, pois não adianta ter liberdade exterior, se interiormente somos escravos de nossos desejos e paixões. Façamos tudo o que está em nosso alcance para permanecermos livres exteriormente, mas lutemos bravamente contra nossas imperfeições para possuirmos o máximo de liberdade interior possível.

A liberdade torna o homem responsável por seus atos, na medida em que forem voluntários. O progresso na virtude, o conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da vontade sobre seus atos.” (CIC 1734)

Photo by Pablo Heimplatz on Unsplash


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