Ao contraírem o
sacramento do matrimônio, os noivos dizem quatro vezes “sim” no altar, às
perguntas realizadas pelo sacerdote e estes “sim” correspondem às condições
para que aquele matrimônio seja realizado plenamente. Hoje analisaremos três destas respostas e amanhã a quarta.
A primeira
pergunta: “Viestes aqui para unir-vos em matrimônio. É de livre e espontânea
vontade que o fazeis?”, corresponde a UNIDADE que o noivo e a noiva se
comprometem, pois estão assumindo aquele compromisso sem qualquer tipo de coação,
tendo escolhido um ao outro, livremente, para trilhar o caminho do matrimônio.
O amor conjugal
elevado a sacramento pelo matrimônio é realizado entre um homem e uma mulher, ambos são chamados a ser “uma só carne”,
pois como é reflexo do amor de Cristo para a Igreja, Cristo é um só e a Igreja
uma só; não há qualquer espaço para a poligamia ou poliandria.
A segunda
pergunta: “Abraçando o matrimônio, ides prometer amor e fidelidade um ao
outro. É por toda a vida que o prometeis?”, corresponde a INDISSOLUBILIDADE
do vínculo matrimonial. Esta indissolubilidade é também consequência do amor
conjugal como reflexo de Cristo e da Igreja, pois sendo Cristo a cabeça e a
Igreja o seu corpo, não há como separar a cabeça do corpo sem destruí-lo.
“Em virtude da sacramentalidade do seu matrimônio,
os esposos estão vinculados um ao outro da maneira mais profundamente
indissolúvel. A sua pertença recíproca é a representação real, mediante o sinal
sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja.”[1]
Desta forma, unidade
e indissolubilidade andam juntas: o matrimônio é realizado entre um homem e uma mulher, para juntos
construírem sua família, permanecendo unidos
até a morte. “Portanto, já não são
dois, mas uma só carne. Pois bem, o que Deus uniu, não separe o homem”[2]
“O homem e a mulher, unidos em
matrimónio, refletem a imagem de Deus e são, de algum modo, a revelação do Seu
amor. Não só do amor que Deus nutre pelo ser humano, mas também da misteriosa
comunhão que caracteriza a vida íntima das três Pessoas divinas.”[3]
A terceira pergunta: “Prometem ser fiéis, na
alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-se e respeitando-se por
todos os dias das suas vidas?”, corresponde à exigência da FIDELIDADE.
A unidade e indissolubilidade do matrimônio
exigem dos cônjuges uma fidelidade
inviolável. Esta fidelidade também se fundamenta no amor de Cristo pela
Igreja, que é absolutamente fiel e que chegou a dar a própria vida para a
salvação da Igreja.
A fidelidade abrange muito mais do que
simplesmente não sair com outra pessoa, pois a traição propriamente dita é o
ápice da infidelidade, mas existem várias outras formas de infidelidade dentro
do casamento, as quais é preciso conhecer e se prevenir.
“A fidelidade é a permanência ou conservação pura, viçosa e criadora do
primeiro amor, quer dizer, quando o amor que juraram se mantém puro, viçoso e
criativo através das provas do tempo.”[4]
Para se manter fiel, o casal deve se preocupar
em conservar o primeiro amor, aquele amor que os uniu, sempre puro, viçoso e
criador. Esta fidelidade muitas vezes custa muito sacrifício, mas é um
sacrifício extremamente necessário para a felicidade da família.
O amor se mantem puro quando vence todo o
egoismo que instrumentaliza o outro e também quando afasta todos os outros
“amores” que o afasta do outro. Esses outros “amores” podem ser o trabalho, as
amizades, as convicções políticas ou religiosas, os próprios pais ou parentes,
as preferências de lazer, etc. Tudo aquilo que não pode ser integrado, que não
pode conviver com o cônjuge, deve ser repelido.
Não se deve brincar com fogo, nem “baixar a
guarda”. O casal sempre deve estar alerta para não deixar que nada e ninguém os
separe interiormente de seu cônjuge, pois já seria uma infidelidade.
O amor permanece viçoso, saudável, forte, quando
os cônjuges se preocupam em não deixar que a rotina os sufoque, que o amor se
transforme em tolerância ou compaixão. Estão sempre dispostos a conhecer cada
dia mais o outro, interessar-se pelo que o outro faz e pensa, suas preocupações
e anseios.
Os casais devem cuidar de seu amor como se cuida
de um jardim: regá-lo com o carinho, realizar as podas necessárias através de
um diálogo cordial, colocar adubo da compreensão e do interesse, e ter paciência com as limitações e
frustrações para ver a sua florescência colher seus frutos de uma vida
conjugal feliz.
A fidelidade consiste ainda em cuidar que o amor
conjugal seja um amor criador, no sentido de que cada cônjuge se preocupe em
melhorar sempre, em se aperfeiçoar para o bem do outro. Toda vez que a pessoa
procura se apresentar melhor, ser mais educado com alguém de fora, com o chefe
ou com os amigos, está cometendo uma infidelidade. O melhor sempre deve ser para o cônjuge.
Significa ainda procurar criar um ambiente no
lar que seja agradável ao outro, buscando tornar-se sempre mais interessante ao
outro, mais delicado, mais oportuno, enriquecendo o diálogo, vencendo a
tentação do amor que atua por dever.
[1]
Exortação Apostólica de João Paulo II – A missão da Família Cristã no mundo de
hoje – item 13
[2]
Cf Mt 19,6
[3]
Beato João Paulo II, Angelus de 06.02.1994, in www.evangelioquotidiano.org
[4]
“Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pg. 73, impresso como
manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS
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