Continuando nosso estudo sobre a
Teologia do Corpo vemos que as Escrituras utilizam muitas imagens para nos
ajudar a compreender o amor de Deus por nós e a mais utilizada é do amor
nupcial. A união do homem e da mulher numa só carne. E Deus queria que este
eterno plano conjugal, fosse tão claro para nós, tão óbvio para nós, que ele
inscreveu uma imagem dele nos nossos corpos, fazendo-nos homens e mulheres e
chamando-nos a nos tornar uma só carne.
"Deus não depositou o ideal da perfeição humana num sexo, mas o
entregou ao homem e à mulher; é por isso que ambos os sexos são chamados a
completar-se mutuamente." (Pe. Kentenich)
A união dos sexos, deve ser, em
certo sentido, um sinal sacramental, do eterno mistério de Deus, de que o
próprio Deus é uma eterna comunhão de amor e de que nós, como homens e
mulheres, estamos destinados a tomar parte desta comunhão. Aqui o São João
Paulo II traz um enorme desenvolvimento no pensamento católico.
Tradicionalmente, os teólogos diziam: somos a imagem de Deus como indivíduos,
através de nossa alma racional. Isto é certamente verdade. Mas o Santo Padre se
atreve a dar um passo mais longe. Ele diz que não só somos a imagem de Deus
como indivíduos, mas também somos a imagem de Deus, através da comunhão do
homem e da mulher, que Deus criou desde o princípio.
"Esposos cristãos são vinculados por um tríplice laço: pelos
vínculos naturais de união de carne e sangue, pela diferença dos sexos e pelo
vínculo sobrenatural do sacramento. Já na aurora da criação, a sabedoria e a
bondade de Deus teceram vínculos da união de carne e sangue. Formou Eva, (...)
da costela do homem que dormia. Adão reconheceu-o e disse: Eis o osso dos meus
ossos e a carne da minha carne. Por isso o homem deixa pai e mãe, para
dedicar-se à sua esposa. (...) A experiência de todos os dias comprova a
vigorosa união que existe entre as particularidades corporais e anímicas dos
dois sexos. Quanto mais acentuada a
particularidade, de ambos os sexos, quanto mais viril o homem e mais feminina a
mulher, tanto maior será a atração mútua." (P. Kentenich)
E desta forma, o Santo Padre está
dizendo, que a própria relação sexual,
se torna uma imagem, um ícone, em certo sentido, da vida interior da Trindade.
Deus em si mesmo não é sexuado, usamos o amor sexual só como uma analogia, do
mistério trinitário. A analogia é frágil. Deus permanece infinitamente
transcendente para qualquer imagem ou linguagem humana. Deus não é feito em
nossa imagem como homens e mulheres, mas nós somos feitos à Sua imagem como
homens e mulheres. Por isso, apesar de Deus não ser sexuado, a nossa
sexualidade revela algo no mundo do mistério escondido em Deus. Algo daquela
comunhão de amor que dá vida que encontramos na Trindade, não esquecendo que há
um abismo infinito entre o Criador e a criatura.
Mas esta união do homem e da
mulher revela não somente a eterna comunhão de amor da Trindade, como também
revela o nosso destino para tomar parte desta comunhão de amor. E como? Carta
aos Efésios Capítulo 5 "por esta razão,
o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma
só carne." E depois ele acrescenta: "Isto é um grande mistério".
"Pelo sacramento, o matrimônio se torna imagem e símbolo da
misteriosa união entre Cristo e sua Igreja." (P. Kentenich)
Qual é o mistério? A união de
Cristo com sua Igreja. Foi Cristo quem deixou seu Pai no Céu, foi quem deixou a
casa de sua Mãe na terra, para entregar seu corpo à sua noiva, para que nós,
como esposa de Cristo, possamos nos tornar uma só carne com Ele. Onde nós
tornamos uma só carne com o noivo Cristo? Na Eucaristia. A santa comunhão do
homem e da mulher em uma só carne, desde o princípio, desde o Gênesis deve ser
uma prefiguração da santa comunhão de Cristo e sua Igreja.
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