terça-feira, 18 de outubro de 2016

SENHOR, ESCUTAI A NOSSA PRECE!


Ouvi um testemunho de uma pessoa que estava numa sala de espera de um Pronto Socorro, quando uma família chegou com uma criança doente. Assim que a criança entrou para ser atendida, os demais membros da família se abraçaram e começaram a rezar em voz alta, pedindo a Deus que tudo corresse bem e a saúde da criança fosse restabelecida.

Quando soube disso, fiquei pensando: será que faria o mesmo em tal situação? Sempre achei que nossa família fosse uma família de oração, mas esse testemunho me fez refletir de como podemos melhorar nesse quesito. Essa família não estava dando um show; eles estavam em uma necessidade e pediram ao Pai Celestial por sua ajuda. O ambiente não importava - eles fizeram o que ocorreu naturalmente a eles, e ficou óbvio que a oração era parte de suas vidas diárias.

A oração faz parte de nosso dia a dia? Ela é tão natural para nós que podemos começar a rezar em qualquer hora, em qualquer lugar? Talvez não tenhamos uma personalidade que nos leve a rezar em voz alta em lugares públicos, mesmo numa crise. Mas no mínimo rezar - ter Deus em primeiro lugar em nossos pensamentos em qualquer situação - é o que o Primeiro Mandamento requer de nós.

A oração é muito mais do que apenas pedir a Deus o que nós queremos. Na oração, reconhecemos o poder e a bondade de Deus e admitimos nossa própria necessidade e dependência dele. Quando rezamos, expressamos nossa fé e esperança em Deus. Através da oração, obtemos a graça e elevamos nossas mentes e corações para um maior conhecimento e amor por Deus. Quanto mais rezamos, mas chegamos a conhecer e amar a Deus. É como o exercício, quanto mais nos exercitamos, nossas mentes ficam mais eficientes e nossos corpos mais fortes. Eventualmente, o exercício se torna parte de nossa rotina e nós o fazemos sem mesmo refletir muito. O mesmo acontece com a oração.

O sinal mais óbvio de amor a Deus é a oração. Cada oração realmente boa contém não apenas pedidos e expressões de pesar por nossas falhas, mas também louvor e adoração a Deus.

A oração não é apenas sobre falar, mas também sobre ouvir. Aqui lembro um testemunho da Ir. Petra sobre nosso o Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt. Ela contou que após terminar um trabalho importante, o padre pediu que ela levasse o texto ao Santuário e o apresentasse a Nossa Senhora. Ela foi, colocou sobre o altar, fez alguns minutos de oração pedindo que a Mãe de Deus cuidasse daquele trabalho e saiu. Então, o Pe. Kentenich perguntou o que a Mãe de Deus  havia dito. Ela ficou confusa e quando contou a ele como havia feito, ele respondeu que ela saiu muito rápido do Santuário, justamente quando Nossa Senhora iria dar a resposta. Então, ela voltou ao Santuário, ficou em silêncio e pediu que a Mãe de Deus lhe respondesse. Depois de algum tempo, ela começou a sentir em seu coração aquilo que a Mãe queria lhe transmitir.

Como todo bom hábito, a oração requer frequentes lembretes. Para nós católicos, os sacramentais são sinais e símbolos que nos aproximam de Deus, como por exemplo, água benta, a cruz, imagem de Nossa Senhora, terços, imagens de santos, etc. Eles são como aqueles bilhetinhos que penduramos para não esquecer um compromisso importante, nos lembrando de Deus e de sua bondade.

Não existe um manual a se seguir quando se trata de oração, principalmente oração em família. Cada um deve se ajustar de acordo com as necessidades e capacidades da família. Mas o importante é rezar junto, pelo menos uma vez ao dia. 

Para refletir:
1. Como é a nossa vida de oração em família?
2. Como podemos fazer dela um momento que dê mais fruto?
3. Que tipo de oração funciona melhor para a nossa família? Como você pode aproveitar isso para ajudar seus filhos a fomentar um relacionamento mais animado e mais pessoal a Deus?

photo credit: ashley rose, <a href="http://www.flickr.com/photos/22196205@N03/3902458347">70.365 please God hear my cries</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

FÉ PRÁTICA NA DIVINA PROVIDÊNCIA


Todos recebemos o dom da fé pelo Batismo, mas ela é só uma semente, precisamos desenvolve-la no decorrer de nossa vida. Para isso, precisamos conhecer as verdades da fé, aquilo no qual acreditamos e principalmente a pessoa na qual depositamos nossa fé.

Mas não se trata apenas de um conhecimento intelectual, mas de uma vivência, de um verdadeiro encontro com Jesus, o nosso, o meu Salvador. Precisamos aumentar sempre a consciência de que Jesus não só salvou toda a humanidade, mas Jesus salvou a mim! A oração e a frequência ao sacramentos, especialmente a Eucaristia, onde Jesus se dá a mim e deseja se tornar um só comigo e a Confissão, onde ele mesmo perdoa os meus pecados, são a chave para que nossa fé cresça e amadureça.

Possuir uma fé prática na Divina Providência significa que eu acredito que Deus é Pai, Deus é bom e bom é tudo aquilo que ele faz e permite. Eu sei que tudo aquilo que acontece em minha vida faz parte de um plano de amor que ele executa com infinita sabedoria, poder e misericórdia. O grande objetivo que Deus tem para a minha vida é que um dia eu esteja com ele no Céu, gozando das glórias do Paraíso. E tudo aquilo que acontece em minha vida, tem por trás esse plano de amor de Deus.

Deus está sempre tentando se comunicar conosco, mas muitas vezes não conseguimos escutar a sua voz. Ele nos fala através dos acontecimentos, não só na nossa própria vida, mas todos os acontecimentos da história, no mundo inteiro. Ele deseja que sejamos seus cooperadores livres para construir a história conosco. Devemos buscar interpretar esses sinais através dos quais Deus nos fala. Guiados pela luz da fé, devemos tentar entende-los, aprendendo a distinguir sua voz.

O "filho da Providencia" pergunta em todas as situações: "Pai, o que quer que eu faça? Qual é a sua vontade?" A atitude providencialista consiste na constante busca filial da vontade de Deus Pai e na disposição permanente em realizar esta vontade, mesmo que custe pesados sacrifícios.
Para descobrir a vontade de Deus devemos aprender a escutar as vozes do tempo (o que Deus nos diz através das circunstancias), as vozes da alma (o que Deus nos diz através de nossa consciência, aquilo que o Espírito Santo sussurra em nosso coração) e as vozes do ser (o que Deus nos diz através de sua Palavra e das leis naturais)

Como fazer isso na prática? Através da meditação diária dos acontecimentos da sua vida. Não podemos achar que tudo (trabalho, família, saúde) é "natural", tudo devemos agradecer a Deus. Meditar, no sentido em que entendemos aqui, não consiste em refletir, analisar ou aprofundar o conhecimento sobre uma realidade religiosa por meio do estudo. Seu objetivo não é saber mais ou conhecer mais, mas amar mais. O objetivo da meditação não se centra na aquisição de novos conhecimentos, mas do aprofundamento de nosso vínculo de amor pessoal com Deus.

No próximo post falarei mais detalhadamente sobre como colocar em prática essa meditação que nos ajuda a possuir uma fé prática na Divina Providência. Porém, apenas para dar uma dica, podemos sempre fazer três perguntas frente a um acontecimento em nossa vida:

a) O que Deus quer me dizer com isso?
b) O que devo dizer a mim mesmo? Trata-se de um tipo de exame de consciência: como compreendi esta verdade em minha vida? Como a aproveitei? Como a apliquei?
c) O que digo a Deus? Isto é o principal: que aprendamos a dialogar com Deus, que cultivemos uma vida mais profunda e interior, uma comunhão a dois com Deus.


Com essas respostas, aos poucos, nosso amor e vinculação a Deus aumentam, nossa confiança de que somos pessoalmente cuidados por um pai amoroso também crescem e experimentamos cada vez mais uma paz interior que nem as maiores tribulações podem nos tirar.