domingo, 20 de dezembro de 2020

UM LUGAR VAZIO NA MESA DE NATAL

 

Todos os anos muitas famílias experimentam a dor de ter um lugar vazio na mesa de Natal, por um ente querido ter falecido durante o ano. Esse ano, minha família fará essa experiência, pois meu pai morreu no dia 14 de novembro, três semanas depois de ter contraído o Covid. Apesar dessa grande dor, precisamos refletir como Deus Pai gostaria que celebrássemos esse Natal.

Acredito que a primeira atitude é lembrar que Deus é um Pai amoroso e providente, que deseja sempre o nosso bem e a nossa felicidade eterna. Ele sabe de todas as coisas e, se decidiu chamar meu pai para a eternidade nesse ano, é porque sua missão tinha acabado e agora vai viver na eternidade, colhendo os frutos de sua vida aqui conosco. Por mais que minha mãe, minhas irmãs, eu e todos que o amam achássemos que ele poderia viver mais alguns anos, afinal tinha “apenas” 74 anos e estava bem antes de ficar doente, precisamos confiar que Deus sabe muito mais que cada um de nós e que o mais importante é a salvação de sua alma, que certamente aconteceu. Pouco antes de ir para a UTI, ele confessou (disse para a minha irmã que foi a melhor confissão da sua vida), recebeu a unção dos enfermos e comungou. Nossa eterna gratidão ao Pe. Humberto por ter sido um reflexo do Bom Pastor, pois sem pensar na própria vida, corajosamente ministrou os sacramentos para o meu pai. 

Apesar de não estar fisicamente presente conosco, esse ano podermos dar a ele o melhor presente de todos: nossas orações, sacrifícios, a Santa Missa, tudo para aliviar suas penas do Purgatório, caso ele ainda esteja por lá. A Igreja Católica nos ensina que, depois da morte, para aquelas almas que foram salvas e ainda não se livraram de todas as penas, das consequências de seus pecados, existe o Purgatório, onde acontece sua purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do Céu. (CIC §1030 e §1031)

Infelizmente muita gente se esquece dessa realidade e acaba presumindo que a pessoa falecida já está na glória do Céu, não rezando por essa alma, o que resulta num tempo muito maior no Purgatório. Quem está no Purgatório já não pode fazer nada para si mesmo e depende totalmente das orações e sacrifícios de nós que ainda estamos aqui na Terra e do auxílio de quem já está no Céu. Rezar pelas almas do purgatório é um grande ato de caridade, uma obra de misericórdia para os nossos irmãos falecidos.

Mesmo sentindo imensamente sua falta, penso que não devemos ficar muito tristes. Como família, vamos recordar a sua vida, os momentos que passamos juntos, suas piadinhas, fazer suas comidas favoritas, enfim, agradecer a Deus pelo homem, marido, pai, avô, amigo que ele foi. Penso também que de alguma forma, ele estará lá conosco, intercedendo por cada um de nós, para que, um dia, possamos reencontrá-lo no Céu.

Essa é uma das grandes belezas da Igreja Católica: a realidade da comunhão dos santos. Nós aqui ainda nessa vida terrena, como Igreja Militante, intercedemos uns pelos outros e também pelas almas do Purgatório, a Igreja Padecente, que não pode socorrer a si mesma, mas intercede por nós. E a Igreja Triunfante, todas as almas santas que gozam das alegrias do Céu, intercedem por nós e pelas almas do Purgatório, para que um dia, todos estejamos juntos na alegria eterna de contemplar Deus face a face.

Esse ano, esse lugar vazio na mesa de Natal, vai nos lembrar do real sentido da celebração dessa data tão importante: nasceu para nós um Salvador, que veio ao mundo como um bebê indefeso, sofreu muito e morreu numa cruz, mas depois ressuscitou, venceu a morte, para que um dia, cada um de nós possamos ressuscitar com ele e viver num novo Céu e numa nova Terra. 

photo credit: Lee Bennett <a href="http://www.flickr.com/photos/55455788@N00/9344221101">Christmas Day 2005</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

sábado, 5 de dezembro de 2020

AMOR AO PRÓXIMO



“O amor é a lei fundamental do mundo”, nos ensina S. Francisco de Salles. Segundo essa lei, Deus faz tudo por amor, com amor e através do amor. Por isso, o ser humano, como obra prima da Criação, é chamado a amar como Deus ama. 

O amor de Deus por cada um de nós é um amor incondicional, que se oferece inteiramente, não importando nossas limitações e pecados. Ele está sempre pronto a perdoar e a nos acolher em seus braços. Amar desse jeito, para nós, é muito difícil, pois somos criaturas inclinadas ao egoísmo, a pensar só em nós mesmos, em nosso bem, em nosso prazer. Mas não é impossível. Deve ser um exercício diário de renúncia aos próprios desejos, para fazer o bem para o outro, pois o amor não é sentimento, mas sim, ação, atitude. 

Somos chamados a amar a todos sem preconceito. O preconceito é uma ideia que temos do outro, que pode ser em relação a sua cor, sua raça, sua religião, seu sexo, seu estilo de vida, suas escolhas políticas, que nos impede de nos aproximar, de nos vincular e consequentemente de amar. O preconceito também faz com que julguemos os outros, muitas vezes sem nem conhecer direito a situação. 

Para conseguir vencer o preconceito precisamos fazer o exercício de nos colocar no lugar do outro e pensar com empatia. Aqui vale a “regra de ouro” de Jesus, expressa em Mt 7,12: "Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles". Vale refletir também sobre a razão de minha repulsa frente ao outro, qual a origem dessa barreira que levantei e que me impede de amar e servir. 

Se essa barreira se deve a alguma atitude do outro que eu considero errada, então o amor deve me levar a buscar o diálogo. Expor o meu ponto de vista, mas sempre com respeito, sabendo que o outro terá a liberdade de aceitar ou não; de mudar de atitude ou continuar agindo daquela forma. Independente de qual seja a resposta, devo oferecer acolhimento e compreensão. 

O outro lado dessa questão é qual deve ser a minha atitude se eu sofro algum tipo de discriminação ou preconceito. Nesse caso, devemos ter a consciência de que não podemos controlar as atitudes dos outros, apenas controlamos como reagir frente a elas. A atitude de “vitimismo” não ajuda em nada e demonstra imaturidade, pois transfere para o outro a responsabilidade do seu sentimento, da sua postura em relação à vida. 

Aqui também vale o exercício de me colocar no lugar do outro e pensar: talvez se tivesse tido a mesma educação, sofrido os mesmos traumas, vivido as mesmas experiências, poderia estar agindo muito pior do que essa pessoa. Então, não posso julgar e muito menos condenar o outro. O que devo é perdoar, lembrando as palavras de Jesus frente a seus algozes: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34) 

Isso não significa que não devemos corrigir se vemos a outra pessoa agindo de maneira errada. A correção fraterna também é uma atitude de amor. Mas a ênfase deve ser sempre na atitude errada e não na pessoa em si. Cada ser humano tem um valor inestimável para Deus, então precisamos também reconhecer esse valor do outro, independentemente de suas atitudes. 

Uma coisa que não podemos esquecer é que, para nos amarmos como irmãos, precisamos reconhecer que temos um Pai em comum. “Fraternidade sem paternidade é um contra senso”, já disse o Pe. Kentenich. Dessa forma, sem a dimensão sobrenatural, sem pedirmos insistentemente ao Pai a graça de aprendermos a nos amar, nada conseguiremos. O braço horizontal da cruz, que nos lembra que somos irmãos e estamos no mesmo nível, não está solto no ar, ele está fixo na haste vertical, que nos recorda que precisamos ter os pés no chão, mas buscar o alto, só assim amaremos fraternalmente. 

Amar não é fácil, pois significa um tipo de morte. Devemos matar o egoísmo em nós, a tendência a nos colocarmos no centro do mundo, de buscar só o que nos agrada e nos dá prazer e sair ao encontro do outro, para servi-lo em suas necessidades. Sozinhos, não conseguimos. Além de pedir insistentemente: “Senhor, ensina-me a amar!”, podemos contar com o auxílio de nossos irmãos, os santos, que dominaram a arte de amar e conhecer a biografia deles para ver como conseguiram colocar o mandamento do amor na prática. Devemos pedir ainda o auxílio de Maria Santíssima, nossa Mãe e Rainha e grande Educadora, nessa caminhada de crescimento no amor.


photo credit: Caitlinator <a href="http://www.flickr.com/photos/21484712@N00/2700430636">Alex & Ashley</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

OS SAPATOS VERMELHOS DO PAPA


 

Olhando as imagens do funeral de S. João Paulo II, mais uma vez me deparei com os sapatos vermelhos do Papa. Sempre achei que eram muito bonitos, mas não sabia de seu profundo significado. Recentemente aprendi que a cor vermelha dos sapatos do Sumo Pontífice nos recorda do amor de Cristo por sua Igreja pois derramou seu sangue por ela e também do sangue de todos os mártires que deram sua vida por amor a Cristo e a sua Igreja.

Desta forma, quando o Papa usa os sapatos vermelhos está nos lembrando que a Igreja está edificada sobre o sangue de Jesus e o sangue dos mártires! O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 2473, nos ensina: “O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de fortaleza. «Deixai-me ser pasto das feras, pelas quais poderei chegar à posse de Deus» (Sto. Inácio de Antioquia)”

Os mártires têm sua inteligência iluminada pela luz natural da razão e a luz sobrenatural da fé que lhes diz que a verdadeira vida e a verdadeira felicidade estão no Céu, junto a Nosso Senhor Jesus Cristo e que não vale a pena trocar a felicidade eterna por mais alguns anos de vida nessa terra. Assim, dar a vida para testemunhar sua fé em Jesus é a escolha mais lógica a se fazer. 

Na audiência pública do dia 25/09/2019, a qual eu tive a alegria de estar presente, o Papa Francisco nos disse: “A Igreja de hoje é rica de mártires. Hoje há mais mártires do que no tempo do início da Igreja. Os mártires estão em todos os lugares. A Igreja é irrigada pelo sangue deles que é a semente de novos cristãos e garante crescimento e fecundidade ao povo de Deus. Os mártires não são "santinhos", mas homens e mulheres de carne e osso que, como diz o Apocalipse, “lavaram suas vestes, tornando-as brancas no sangue do Cordeiro". Estes são os verdadeiros vencedores.” 

Segundo levantamento do site World Watch List de 2020, oito cristãos são mortos e dez são presos injustamente todos os dias virtude de sua fé e 182 igrejas cristãs são atacadas todas as semanas. Esses números são expressivos e quase não são noticiados. Apenas quando acontecem em grandes cidades do Ocidente, como foi o caso das três pessoas mortas a facadas por um adepto do islamismo na cidade francesa de Nice no fim do mês de outubro, é que recebemos alguma informação. 

Será que nós estamos preparados para dar a vida por nossa fé? Ou se chegar esse momento, renegaremos a Cristo para não perdermos a nossa vida? Claro que por nós mesmos, não conseguimos nada. Quem dá a graça da perseverança até o fim é o próprio Jesus. Mas isso não significa que devemos ficar esperando a graça sem fazermos nada. Podemos e devemos nos preparar para defender a nossa fé a qualquer custo. 

Essa preparação se dá primeiramente com uma vida de oração constante e com a frequência aos sacramentos, especialmente a confissão e a eucaristia. O estudo da doutrina católica e do magistério da Igreja também nos fortalece. Ler a biografia de tantos santos que deram sua vida por Jesus pode ser uma grande inspiração. 

Nem todos seremos chamados ao martírio de sangue, isso também é um privilégio reservado a alguns escolhidos, de acordo com a amorosa providência de Deus Pai. Porém, no mundo em que vivemos, em alguma medida cada um de nós, cristãos, passa por algum tipo de martírio. Viver segundo o Evangelho significa valorizar mais o ser do que o ter; significa renunciar a si mesmo, aos nossos gostos e desejos para fazer o bem para o outro; significa ser contrário a tantas ideologias que estão na moda ou são “politicamente corretas” e isso pode resultar em perda de amizades, dificuldades no trabalho e às vezes dentro da própria família. 

Não devemos desanimar com o sofrimento e as dificuldades. Devemos contar com a ajuda sempre pronta de nosso santo anjo da guarda que quer nos ver no Céu, um dia. Temos uma Mãe Santíssima que cuida de nós com amor infinito. E o próprio Jesus nos encoraja: “Mas quem perseverar até o fim, será salvo!” Mt 10,22


photo credit: Beyond Forgetting <a href="http://www.flickr.com/photos/23342600@N00/8226888">POPE JOHN PAUL II</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>

terça-feira, 6 de outubro de 2020

DEUS QUER FALAR COM VOCÊ TODOS OS DIAS!

 

Vivemos numa sociedade que se esquece de Deus. Mesmo que tem religião, muitas vezes acaba deixando Deus em segundo plano, ou como um compromisso para o fim de semana. A vida se torna mecânica, sem uma integração entre o racional e o espiritual, entre a vida material e a vida da graça. Separa-se a fé da vida e frequentemente pode-se até se falar de Deus, mas as pessoas se esquecem de falar com Deus.

Desde a criação do ser humano Deus quer se comunicar com cada alma que ele criou para amar e ser amado. Antes do pecado, essa comunicação era mais fácil e direta, porém, com a rebeldia de nossos primeiros pais, falar com Deus e perceber Deus falando conosco ficou um pouco mais difícil.

Deus é Amor e o amor precisa se relacionar com quem ama. O amor é um movimento de sair de si mesmo para encontrar o outro, onde ele esteja. Deus é amor infinito e perfeito, então todos os dias e todos os momentos está buscando se relacionar, se comunicar, com cada um de nós. O problema é que, com nossa preocupação excessiva com as coisas materiais, não percebemos todos os gestos de amor, todos os sinais que Deus coloca em nossas vidas.

Quando fazemos o propósito de parar um pouco a correria do dia a dia e nos colocar na posição de querer ouvir o que Deus quer nos falar naquele momento, nossa vida se transforma. Não de uma hora para outra como se fosse mágica, mas pouco a pouco. Essa constância em procurar Deus em minha vida, nos dá acesso a uma existência superior, entramos em contato com o mundo sobrenatural que é tão real quanto o mundo material e assim conseguimos enxergar o todo, não apenas uma parte de nossa existência.

Santo Tomás de Aquino fala das “causas segundas”. A Causa Primeira é Deus, princípio de tudo, e todas as coisas criadas, são as “causas segundas” e querem comunicar um pouco do Criador. As “causas segundas livres” são os seres humanos e são os únicos que podem escolher se desejam ou não comunicar algo de Deus. Todo o mais que foi criado, por seu próprio ser, comunicam algo da Beleza, Bondade e Verdade de Deus, basta prestar um pouco de atenção que conseguiremos enxergar.

Esses dias aprendi que, se fotografarmos todos os dias o sol, no mesmo horário e do mesmo lugar, ao final de um ano, o trajeto que o sol fez no céu é exatamente o símbolo do infinito![1] Fiquei encantada com essa descoberta! Um dos símbolos de Jesus Cristo é o sol, então é como se Jesus nos falasse de seu amor infinito por cada um de nós!

Muita gente pode dizer que isso é bobagem, que tudo é coincidência, que não tem nada de extraordinário no trajeto do sol pelo céu, ou de uma flor que se abre no seu jardim, ou da chuva que chega quando o calor está grande, ou do amigo que manda uma mensagem com aquilo que justamente você estava precisando ouvir. Tudo isso é “normal e natural”. Sim, é natural, mas Deus utiliza da natureza, das pessoas, dos acontecimentos para nos comunicar algo de seu amor, para que nós consigamos sentir o seu amor e seu cuidado e, assim, conseguir corresponder com atos de amor.

Assim, precisamos nos conscientizar da importância de fazer nossa meditação diária, esse momento de encontro com o Deus da minha vida. Para começar, pode ser apenas 15 minutos, onde nos conectamos com Deus através da oração, pedindo ao Espírito Santo e ao nosso anjo da guarda que nos ajude a ver e entender o que Deus quer falar conosco naquele dia. Escolhemos um momento daquele dia ou do dia anterior e nos perguntamos: o que Deus quis falar para mim com esse acontecimento? O que eu digo a mim mesmo? O que respondo a Deus?

Essa atitude simples pode transformar a sua vida. Você pode anotar em um caderno as respostas diárias a essas perguntas simples e, depois de um tempo, ler novamente para agradecer todas as maravilhas que Deus opera em sua vida e que estavam passando desapercebidas. E, como um “bônus”, verá que tomar decisões no mundo material ficará muito mais fácil depois de ter um relacionamento mais íntimo com o mundo sobrenatural. Faça essa experiência!



[1] O nome científico desse fenômeno é analema

photo credit: tj.blackwell <a href="http://www.flickr.com/photos/8185633@N07/4679548147">Brain of the Sistine Chapel</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/">(license)</a>

photo credit: StarryEarth <a href="http://www.flickr.com/photos/65131760@N06/14597630538">rutan02-001</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc/2.0/">(license)</a>

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

QUAL HERANÇA VOCÊ DEIXARÁ?


Estamos vivendo num tempo de pandemia onde as pessoas foram forçadas a encarar, mais de perto, a morte e as suas consequências. Algumas pessoas começaram a se preocupar em “deixar as coisas em ordem”, para o caso de virem a morrer. Procuraram organizar a documentação de seus bens materiais e esboçar uma eventual partilha, pensando também em evitar discussões entre os herdeiros, que normalmente são seus entes mais queridos.

Infelizmente o que mais vemos hoje são disputas entre os herdeiros. Não importa se o falecido é rico ou pobre, a grande maioria das vezes, existe briga e discussão por causa da herança. E, se não há bens para serem divididos, ainda pode haver briga para ver quem pagará as despesas com o funeral... Isso dentro da própria família!

Essa triste realidade me fez pensar sobre que tipo de herança eu gostaria de deixar para meus filhos. Qual é a herança que realmente importa e fará diferença na vida deles? Sabemos que os bens materiais são importantes para a nossa sobrevivência, mas o que realmente importa, aquilo que efetivamente irá trazer a felicidade duradoura, é a herança espiritual.

Da mesma forma que podemos partilhar nossos bens terrenos, também podemos partilhar os nossos dons espirituais, aquelas graças que recebemos continuamente durante toda a vida para buscar realizar a missão que Deus Pai nos confiou. Desde o nosso batismo, fazemos parte do Corpo Místico de Cristo. Como membros desse Corpo, tudo o que fizermos de bem, reflete em todos os outros membros, principalmente naqueles que mais amamos.

O testemunho que vemos na vida de muitos santos é que a busca pela santidade é “contagiante”. Aqueles que lutaram para viver heroicamente as virtudes, buscando afastar seus defeitos e imperfeições, puderam experimentar também aqui na Terra, a influência desse estilo de vida para as pessoas que mais amavam. Santa Rita de Cássia conseguiu a conversão do marido e a salvação de seus filhos. Santa Mônica também viu a conversão de seu marido e a santidade de seu filho Agostinho, que se tornou Doutor da Igreja. Santa Zelia e São Luis Martin são os pais da grande doutora da Igreja Santa Terezinha do Menino Jesus. Entre suas outras quatro filhas, todas religiosas, também há mais uma, Leonie Martin, que está em processo de beatificação.

Assim, a melhor herança que podemos deixar para os nossos descendentes é o nosso esforço para desenvolver todos os talentos que Deus nos confiou para cumprirmos nossa missão. É mostrarmos que o tempo que estamos por aqui passa muito rápido e que deve ser usado para construir nossa morada no Céu. Quando partirmos, não levaremos nada daqui, a não ser as boas obras que fizemos, justamente esse anseio por amar cada dia mais e melhor a Deus e ao nosso próximo. O mais incrível é que esses mesmos bens espirituais que apresentaremos ao nosso Pai Eterno, o Justo Juiz, no dia de nossa morte, são aqueles que também podemos deixar para os nossos herdeiros e que efetivamente vão ajuda-los em sua caminhada rumo ao Céu.

Da mesma forma que podemos fazer crescer os bens materiais que recebemos como herança de nossa família, também podemos fazer crescer e aperfeiçoar a herança espiritual. Se não recebemos muitos bens espirituais, se nossos antepassados não tiveram as oportunidades e os conhecimentos que possuímos para crescer espiritualmente, temos a obrigação de melhorar essa herança para nossos filhos. Afastar aquilo que não é muito bom, eventualmente quebrar algum círculo vicioso e construir sobre o alicerce da graça. Precisamos assumir essa responsabilidade sabendo que, como disse o Pe. José Kentenich, “o teu ser e a tua vida repercutem neles: determinam sua desgraça ou aumentam a sua felicidade”.

Sozinhos nunca conseguiremos. Mas temos todo um Céu que reza e intercede por cada um de nós. Temos uma Mãe Santíssima que cuida, nos educa, nos conduz pela mão. Temos a Igreja, que nos dá os sacramentos, que nos fortalecem e nos santificam nessa caminhada. Temos também a promessa de que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus.” (Rm 8,28) Procuremos amar a Deus com todo o nosso ser e demonstrar esse amor através do amor ao próximo, para assim deixarmos uma santa herança.


 photo credit: Dawlad Ast <a href="http://www.flickr.com/photos/60072593@N05/30327576363">Tumbas de la familia Gordon y Charlton</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

sábado, 22 de agosto de 2020

JÚLIA, ELIGIMOS LA VIDA!

 

"Elige la vida, entonces, para que tú y tus descendientes puedan vivir" (Dt 30,19)

En el cuarto mes de embarazo de mi cuarta hija, Julia, descubrí que algo andaba mal con el bebé y, según la opinión del genetista, probablemente era un síndrome poco común (enanismo tanatofórico) y el bebé debería morir poco después del parto, también había riesgos para mí. Este médico recomendó hacerse un examen de líquido amniótico y, una vez confirmado el diagnóstico, podría pedir autorización judicial para el aborto, porque, según él, "no valía la pena sufrir con un embarazo en el que el bebé moriría ..." y debería pensar en el bienestar de mis otros tres hijos sanos.

Después de rezar y reflexionar mucho, decidí, junto con mi esposo, no hacerme el examen, porque existía el riesgo de un aborto. Nuestra hija tenía una misión que cumplir y, por doloroso que fuera, no tendríamos derecho a interrumpir su vida, solo para “evitar más sufrimiento”. El sufrimiento es imposible de evitar, todo el mundo sufre. Nosotros, como padres, tenemos la misión de enseñar a nuestros hijos a sufrir y no tratar de evitar que sufran.

El embarazo continuó con muchos problemas y Julia nació el 8 de noviembre de 2007, luego de un parto muy complicado. Fue remitida a la UCI donde se confirmó el enanismo tanatofórico. Ese mismo día, su madrina puede ingresar a la UCI por unos minutos e hizo su bautismo de emergencia. Los médicos le dieron solamente unos días de vida, sin embargo, la pequeña Julia superó todas las expectativas.



Fueron meses de mucho dolor, sufrió mucho, le hizo exámenes diarios, solo se alimentó por sonda y estuvo intubada por mucho tiempo para poder respirar. Además, tenía una fiebre inexplicable, ya que las pruebas siempre eran negativas para la infección y, a pesar de la fiebre, su estado general siempre era bueno, lo que intrigaba mucho a todos los que estaban directamente involucrados con su cuidado.

Un día, uno de los médicos me llamó a su oficina para decirme que no había ninguna razón científicamente explicable por la que ella estuviera viva después de más de tres meses, ya que no había casos registrados de bebés con este síndrome que hubieran sobrevivido tanto tiempo. La única razón por la que pudo explicar el hecho de que ella no murió fue el amor que sentimos y mostramos por ella y que ella sentía por nuestra familia. Esto, según él, lo marcó profundamente como médico y le hizo darse cuenta de que vale la pena luchar por la vida, sin importar cuán malo sea el pronóstico.

El 3 de febrero de 2008, con permiso especial de los médicos, pudimos completar el bautismo de Julia, con la presencia del sacerdote, nosotros los padres y sus padrinos allí mismo en la UCI. Unos días después de la ceremonia, todos pudieron presenciar una gran gracia: ¡Julia comenzó a respirar sola! Usó solo un pequeño soporte de oxígeno y por primera vez los médicos hablaron sobre la posibilidad de que regresara a casa. Fueron 15 días maravillosos. Pudimos recogerla y cuando se quedó sin medicamentos, interactuó más con nosotros e incluso sonrió...

Después de este tiempo ella empeoró y se quedó otros quince días con el tubo. Una vez más se quitó el tubo y logró quedarse el resto del tiempo con un soporte de oxígeno, a veces en la capucha, a veces con un catéter nasal.



Pasaron 5 meses y 11 días antes de que mi esposo y yo fuéramos llamados al hospital para recibir la triste noticia de que ella se había ido a la casa del Padre Celestial. Según el equipo que la acompañó ese día, todo sucedió muy rápido, su pequeño corazón simplemente se detuvo y el médico no pudo reanimarla. Ella se fue en paz.

A pesar de todo el sufrimiento, nuestro corazón se regocija de felicidad en los pocos momentos que pudimos estar con ella, agradeciendo a DIOS por habernos dado el privilegio de ser sus padres. Con Julia, nuestra misión como padres está completa. Tenemos una hija en el Cielo, con nuestros otros tres hijos, todavía tenemos mucho por hacer para que ellos también, algún día, puedan estar con su hermanita en el Cielo.

Nuestra familia ha madurado y se ha acercado mucho con la llegada de Julia. El dolor que sentíamos a diario, la sensación de impotencia ante su sufrimiento era inmensa, pero no podemos imaginar nuestra vida sin ella.

domingo, 9 de agosto de 2020

GRUPOS DE SILÊNCIO E ORAÇÃO PJK


Os Grupos de Silêncio e Oração PJK fazem parte de um projeto que já existe desde 2017 que surgiu no Equador como uma Corrente Internacional de Oração para se alcançar um milagre físico em prol da canonização do Pe. José Kentenich

Atualmente os Grupos de Silêncio e Oração PJK estão presentes em vários países da América e Europa, com mais de 1.800 participantes até o momento. Esses grupos estão vinculados ao Secretariado do Pe. José Kentenich de cada país.

Os grupos operam no WhatsApp com regras de silêncio e são oferecidas as seguintes orações como contribuição ao capital de graças: oração de canonização, terços, minutos de adoração ao Santíssimo Sacramento e o número de graças que alcançamos por sua intercessão. Os pedidos e graças alcançadas por sua intercessão são registrados em um formulário digital.

Mês a mês, as orações oferecidas são contadas e nos dias 18, Dia da renovação da Aliança dê Amor, são apresentadas como contribuições ao Capital de Graças nos Santuários Filiais e no Santuário Original.

Um dos mais importantes propósitos deste apostolado é a vinculação ao Fundador, de tal forma que as pessoas sintam verdadeiramente que há um pai espiritual e intercessor que as assiste em suas preocupações e necessidades. Os pedidos e agradecimentos pelas orações atendidas por sua intercessão são colocadas em um formulário digital.

As graças alcançadas são recebidas diretamente pelo Secretariado Central do Padre Kentenich na Alemanha e constituem um apoio muito importante para a fundamentação da reputação de santidade do nosso Pai e Fundador no âmbito do processo.

Padre Eduardo Aguirre Cancine, atual postulador da causa de beatificação do Pe. Kentenich, nos diz: "Ao rezarmos pela canonização do Pe. Kentenich, rezamos para que a Igreja reconheça, valorize e assimile o seu carisma; a mensagem e a missão de Schoenstatt para a Igreja do 3º milênio. Por esta razão, é Deus que tem de nos mostrar o momento e abrir as portas para que ele possa ser canonizado".

O testemunho das pessoas que participam desse projeto ao longo deste tempo é no sentido de que experimentam que através do vínculo diário ao nosso Pai e Fundador, rezando por sua beatificação, se sentem confiantes para pedir a sua intercessão pelas suas necessidades físicas, espirituais, emocionais e materiais. Sentem-se unidos como uma só família no coração do Pai e Fundador!

O Sr. Tony Gazel, da União de Famílias da Costa Rica, inspirado por esses grupos de oração e silêncio e depois de um forte processo de oração e estudo, compôs uma música pedindo pela canonização do Pe. José Kentenich. A letra foi revisada pelo Pe. José Luis Correa e aprovada pelo Pe. Eduardo Aguirre. Com a autorização do autor, a Ir. M. Carolina Montedori, fez a tradução e adaptação dessa música para o português e vocês podem acessar aqui.

Outra iniciativa surgida a partir destes grupos foi a elaboração de uma jaculatória específica pedindo pela canonização do Pe. Kentenich, que foi sugerida para ser acrescentada em todos os Santos Terços rezados pela Família de Schoenstatt: “Mãe e Rainha, manifeste seu poder e amor; interceda pela a canonização do Pai e Fundador”!

 

Os idealizadores desse projeto esperam que em cada país onde a Família de Schoenstatt esteja, nasça um Grupo de Silêncio e Oração PJK, que nos permita unir em oração pela pronta canonização do nosso Fundador, pelas necessidades da Família, da Igreja e do mundo inteiro.

Atendendo a esse chamado, foi formado o primeiro grupo no Brasil, que está sob a responsabilidade da Elaine e do Fabio Melquiades (XIX Curso União de Famílias/ Londrina) e no momento já conta com mais de 200 participantes, membros dos Institutos, Uniões, Ligas e Peregrinos de Schoenstatt. A expectativa é em breve iniciar um segundo grupo, que estará sob a responsabilidade da Flávia e Luciano Ghelardi (XIII Curso União de Famílias/Campinas).

Convidamos a toda pessoa interessada em ingressar no grupo, a preencher um formulário eletrônico com alguns dados pessoais, como o nome e o ramo a que pertence, depois recebe uma mensagem com as regras para participação e, assim que concorda, é adicionada ao grupo. Você pode acessar o formulário  aqui.

Para aqueles que não gostam muito de participar de grupos de WhatsApp, existe a possibilidade de mandar suas contribuições diretamente para os administradores dos grupos, assim ninguém fica de fora. Caso escolha essa opção, podem entrar em contato com a Elaine (43 99863-1823) ou com a Flávia (19-98124-1055). Elas estão à disposição para o esclarecimento de qualquer dúvida.

Juntos, queremos levar nosso Pai e Fundador à honra dos altares!