domingo, 21 de abril de 2024

ESTE MISTÉRIO É GRANDE

 





Ano passado comemoramos 25 anos de casados. Foi um momento maravilhoso de agradecimento por todas as graças e bênçãos recebidas durante todos esses anos, especialmente pelo dom da vida de nossos quatro filhos: Gabriel (21), Nicole (18) Matias (17) e a Júlia que já nos precede no Paraíso.

Os jubileus são momentos de alegria e essa palavra vem do latim “iubilatio” que é justamente uma das formas de alegria. Além da alegria, são momentos de reflexão e uma das coisas que refleti foi sobre a grandeza do sacramento do matrimônio.

Reflexões sobre os sacramentos da confissão e da eucaristia são mais frequentes para mim. Lembro também sempre do sacramento do batismo, que me tornou filha de Deus. Mas o sacramento do matrimônio raras vezes fez parte das minhas meditações e gostaria de compartilhar com vocês sobre o que pensei.

Este mistério é grande (Ef 5,32)

São Paulo, na carta aos Efésios, fala sobre o matrimônio: “Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois constituirão uma só carne. Esse mistério é grande, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja. Em resumo, o que importa é que cada um de vós ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido” Ef 5,31-33

O sacramento do matrimônio é um grande mistério porque, ao ver um casal, deveríamos poder enxergar o amor de Cristo pela Igreja e da Igreja por Cristo. Um amor tão grande que é capaz de dar a vida um pelo outro.

A importância da indissolubilidade

O matrimônio ser indissolúvel significa que o compromisso assumido no altar perante Deus e a comunidade só se desfaz com a morte de um dos cônjuges. Essa característica do sacramento foi determinada pelo próprio Jesus, quando ele disse: “Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu.” (Mt 19,6)

Essa indissolubilidade é uma exigência do próprio amor, afinal ninguém diz ao outro: “vou te amar só por 5 anos...” O amor verdadeiro é para sempre, enquanto o outro viver. Principalmente quando a convivência está difícil, é importante recordar dessa promessa feita no altar, pois o motivo de se casarem foi para ajudarem um ao outro chegarem um dia ao Céu e o caminho para o Céu passa pela porta estreita.

A prova maior que os dois realmente se tornaram uma só carne é a vida do filho. Marido e mulher se uniram no amor e dessa união resultou uma nova pessoa, uma nova alma imortal, que foi feita da carne de um e de outro e agora é impossível separar. Olhar o filho, o fruto de seu amor, deve dar as forças necessárias para cada cônjuge resistir à tentação de pensar em separação.

Uma graça especial

Sem a ajuda da graça, isso é impossível, pois tanto o marido como a esposa são seres com defeitos e limitações e amar exige alto grau de heroísmo e de luta contra o egoísmo. Por isso, o casal ao receber o sacramento do matrimônio, recebe também uma graça específica que só esse sacramento pode dar: a graça da santificação do vínculo

Isso significa que quem recebe esse sacramento tem o direito de pedir a Jesus essa graça toda vez que o relacionamento estiver difícil. Essa graça vai ajudar a moldar tanto o homem como a mulher para que efetivamente se tornem uma só carne, um só coração.

É através dessa graça também que o casal poderá realizar a primeira finalidade do matrimônio, que é o bem dos cônjuges. É ela que possibilita que um faça o outro feliz e que ambos caminhem juntos rumo ao Céu.

Ultimamente vemos tantos casais que decidem morar juntos sem receber o sacramento do matrimônio. Meu marido e eu fazemos parte da equipe de preparação para o matrimônio de nossa paróquia e no último encontro de noivos, dos 12 casais presentes, todos já moravam juntos; alguns inclusive há mais de 10 anos e estavam ali para regularizar sua situação perante a Igreja.

Claro que é uma alegria quando um casal procura a Igreja para receber o sacramento, mas é importante sabermos a grande diferença dos casais que simplesmente decidem morar juntos daqueles que optam por receber o sacramento do matrimônio. Quem recebe o sacramento, recebe essa graça tão especial e tem muito mais chances de que o casamento seja mesmo duradouro. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos atesta que morar juntos, sem o sacramento do matrimônio, aumenta as chances de divórcio[1].

Tenho certeza de que essa graça que recebemos há mais de 25 anos e a consagração que fizemos de nossa família a Nossa Senhora é que nos sustenta, aumentando a cada dia nosso amor. Hoje meu maior desejo é que meus filhos também possam receber essa graça e formar santas famílias católicas, caso não sejam chamados a consagrarem suas vidas inteiramente a Deus como religiosos ou sacerdotes...