quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

ESCRAVIDÕES EXTERIORES E O NÃO APOSTÓLICO


O artigo de hoje foi extraído das Reflexões No. 21, do Pe. Nicolás Schweizer, IPSch, publicado em 01.11.2007.

Um campo que influi fortemente sobre nossa liberdade interior são as pressões que nos chegam de parte de outros. São por exemplo: pressões de pessoas próximas “que querem apenas o melhor para nós”. E com esse motivo nos invadem. 

Muitas vezes o permitimos, porque nos sentimos inseguros, não sabemos que fazer. Ou nós mesmos olhamos de soslaio aos outros, para ver como eles fazem, como faz a maioria. Ou queremos aparecer bem diante dos demais, para que não nos critiquem.

Mas eu sou eu mesmo. Tenho que viver minha própria vida, com meu estilo e ritmo particulares, meus limites e minhas originalidades. Minhas prioridades determinam minhas decisões. Os outros não podem decidir sobre mim, com seus pedidos, sugestões e pressões. 

É verdade, tenho que manter-me sensível frente às necessidades dos demais. Mas não podem atropelar minha liberdade interior, obrigar-me a fazer algo que não quero fazer. Nisso temos que unir ternura e firmeza.

Outro perigo são os meios de comunicação que nos querem pressionar e manipular. Resulta que esses meios, muitas vezes, pensam por nós, decidem por nós, planificam o futuro por nós. E permitimos que nos imponham tudo. E assim nos convertemos, aos poucos, em escravos da opinião pública ou como diria o Pe. José Kentenich, em homens massificados. Assim vamos perdendo a capacidade de tomar interiormente posição frente ao que escutamos ao que vemos ou lemos.

Fruto dessa mentalidade é o que o Pe. Kentenich chama de homem-cinema ou homem-televisão. É o homem descontínuo que vive de sensação em sensação, de impressão em impressão, a toda velocidade, sem parar, sem bússola e sem sentido. 

Um símbolo típico disso é o “zapping”. Desse homem, diz o Padre Kentenich, que perdeu sua alma, que é a descontinuidade personificada, a perfeita despersonalização. Aqui temos, com poucas palavras, a enfermidade e a cruz do homem moderno: é um homem que vive e depende de sensações superficiais.

Aí está também a moda, eixo ao redor do qual gira a sociedade pós moderna. As “revistas do coração” são as transmissoras: por exemplo, a mulher light imita a forma de vestir dos personagens que aparecem nelas, suas expressões, seu tipo de vida vazio. E tudo isso termina na frivolidade e superficialidade.

Devemos ser mais críticos frente à sociedade moderna, e frente aos valores ou anti-valores que propaga. E também devemos procurar fazer uma síntese serena de todas as notícias e opiniões que nos bombardeiam.

Outro tema importante para nós é o das ocupações, compromissos e tarefas apostólicas. Muitos de nós somos gente muito ocupada, e gente ocupada é gente importante. Entretanto, pode ser que sejamos simplesmente adictos ao trabalho. Ao melhor temos muito de Marta e pouco de Maria. E apesar disso talvez não possamos cumprir com tudo. Então, o que podemos fazer?

Primeiro teríamos que ter clareza sobre nossas prioridades pessoais. Ajuda muito, sobretudo em tempos de sobrecarga. E ao outro: será que não sabemos dizer não, quando nos pedem algo? 

Também no apostolado: “o não apostólico” é tão importante como “o sim apostólico”. Assim posso dedicar-me àquele apostolado para o qual tenho aptidão e carisma. Quando me propõem alguma tarefa, convém não aceitá-la logo senão pedir tempo para pensar ou conversar com o cônjuge.

Perguntas para a reflexão

1. Repito o que dizem os meios de comunicação, como verdades absolutas?
2. Quanto influi em mim a roupa de moda?
3. É-me difícil dizer não aos pedidos? Ou digo que sim e depois não cumpro?

photo credit: .v1ctor Casale. <a href="http://www.flickr.com/photos/49699516@N06/6711234961">Handcuffs</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>