quarta-feira, 10 de abril de 2019

CUIDADO! VOCÊ PODE ESTAR VICIANDO SEU FILHO!



Um dia desses assisti um trecho de uma entrevista do psicólogo Leo Fraiman no programa do Roni Von onde ele fala da “síndrome do imperador”, que resumidamente significa a atitude dos pais de quererem fazer os filhos felizes realizando todos os desejos deles. Gostaria de comentar sobre alguns aspectos desse vídeo, acrescentando um pouco da visão sobrenatural, pois essa reflexão é muito necessária nos dias de hoje.

Primeiramente precisamos ter a consciência de que nesse mundo não existe felicidade plena. Esse tipo de realização só acontecerá quando, um dia, estivermos na presença de Deus no Paraíso. Até lá, o que temos aqui são momentos felizes que vem e vão. Assim, é impossível fazer os filhos integralmente felizes.

Os pais que tentam proporcionar um estado de felicidade constante para os filhos realizando todos os seus desejos, na verdade estão criando pessoas egoístas, que serão sempre frustradas e insatisfeitas. E o pior: ao proporcionar um prazer imediato que não exigiu do filho nenhum esforço, podem estar viciando os filhos nesse tipo de sentimento, que quando crescerem e verem que o mundo não lhes trata da mesma forma, buscarão esse prazer no álcool, nas drogas, na promiscuidade.

Esse comportamento dos pais é um reflexo da ideologia que paira em nossa sociedade onde somos estimulados a buscar o prazer e fugir da dor. Nosso cérebro já é programado para isso como é o dos animais, mas como seres humanos, que possuem inteligência e vontade, temos a capacidade de negar um prazer se vemos que aquilo será um bem para nós ou para o outro. E essa capacidade só os seres humanos possuem. Essa capacidade é o que chamamos de amor. Só sabe amar quem aprendeu a renunciar a si mesmo pelo bem do outro.

Isso é muito sério. Os pais tem o grave dever de educar os filhos para viverem bem na sociedade, saberem que tem responsabilidade pelo bem comum, que tem deveres e não só direitos. A forma de aprender isso é através da frustração do desejo, de aprender a esperar, de saber que precisa contribuir de alguma forma para o bem da família (pequenos serviços domésticos), da responsabilidade pelo estudo e bom desempenho escolar, de respeitar a autoridade dos pais e professores. E com o amadurecimento, as crianças também precisam aprender a amar, a se sacrificarem pelo bem dos pais, dos irmãos, para um dia poderem também se sacrificar pelo bem do marido, da esposa, dos filhos.

Para experimentarmos o sentimento de felicidade precisamos também experimentar o sentimento de tristeza, de frustração. Nossa experiência vem do contraste. O branco aparece melhor com o preto de fundo e vice-versa. Só saberemos o que é verdadeira alegria ao possuir alguma coisa se isso no custou esforço.

Fomos criados para amar e sermos amados, mas amar requer sacrifício, doação de si mesmo, desapego dos próprios gostos e caprichos. Sabemos que somos amados quando vemos o outro se sacrificar por nós. E quanto antes ensinarmos isso aos filhos, mais fácil eles aprenderão. Quanto mais tempo eles permanecerem centrados em si mesmos, exigindo tudo e a todo momento e tendo esses desejos prontamente realizados pelos pais, mais difícil será aprenderem realmente o que é o amor.


Precisamos cuidar muito para não aleijar nossos filhos, tirar deles a capacidade de serem pessoas plenas e realizadas. E isso custa muito esforço por parte dos pais. É preciso tempo, paciência e muito amor, amor de verdade, onde os pais renunciam ao prazer do descanso, da televisão, da internet, da saída com os amigos, da viagem, pelo bem de seus filhos, para ensina-los a serem pessoas capazes de amar. E é só amando que somos realmente felizes, com a máxima felicidade que podemos ter nessa vida.  

photo credit: josstyk <a href="http://www.flickr.com/photos/33632522@N00/248920216">Done</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>