domingo, 27 de junho de 2021

A ROUPA QUE USO NA MISSA, INTERFERE NAS GRAÇAS RECEBIDAS?

 

Photo by Allen Taylor on Unsplash

Lembro quando era criança que nós tínhamos a “roupa de missa”, que era normalmente um vestido muito bonito que ficávamos esperando o domingo para poder usar. Essa roupa só era usada para ir à Santa Missa ou para algum outro evento muito importante. Com o passar do tempo esse costume foi se perdendo e na minha juventude, já frequentava a missa de jeans e camiseta.


Atualmente vemos pessoas frequentando a Santa Missa com os mesmos trajes que utilizam para ir ao clube ou fazer esportes. Mas será que a roupa que usamos pode interferir nas graças que recebemos? Será que Deus se importa como estamos vestidos para o santo sacrifício da Missa?

A resposta é sim e não. Sim, o modo de nos vestirmos interfere nas graças que recebemos, mas não é porque Deus está preocupado com a nossa roupa, ou que vai dar mais graças para quem estiver melhor vestido, como se fosse um concurso. Nosso Pai é infinito amor, misericórdia e justiça e jamais nos julgaria por causa de nossas roupas. Porém, Ele também respeita muito a nossa liberdade e nos dará as graças de acordo com a nossa intenção e disposição em recebê-las.

S. Leonardo de Porto Mauricio nos ensina: “Eis o meio mais adequado para assistir com fruto à Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes, diante do altar, como o faríeis diante do trono de Deus, em companhia dos Santos Anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito, que recolhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conceder àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.”

Então, para assistirmos a Santa Missa de uma forma que possamos aproveitar de todas as inúmeras graças concedidas por tal atitude, precisamos estar conscientes de que estamos participando do mesmo sacrifício oferecido por Jesus no Calvário. Essa consciência se reflete tanto em nosso comportamento quando estamos diante do altar como na forma de nos vestirmos para tal ato.

Não é fácil termos essa consciência hoje pelo fato de existir uma grande campanha de dessacralização da liturgia, dificultando essa visão sobre o que realmente acontece na Santa Missa. Por isso é importante nos esforçar para nos vestirmos com o melhor que temos para participarmos desse grande momento, pois essa atitude nos ajuda a nos lembrarmos para onde estamos indo e o que iremos testemunhar lá.

Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt dizia: “um homem piedoso se ajoelha para rezar, mas ajoelhar para rezar também torna o homem piedoso.” Ou seja, a forma com que nos comportamos externamente, expressa o que temos em nosso interior, mas da mesma forma, se mudarmos nossa atitude exterior, isso também vai influir em nosso interior, em nossa alma.

Posso testemunhar que aconteceu exatamente isso em nossa casa. Já faz alguns anos que começamos a nos preocupar mais com as roupas para irmos a Santa Missa. Os meninos usam camisa social e as meninas saia ou vestido mais sociais. Esse cuidado com o traje refletiu diretamente no sentimento que temos ao participar desse grande mistério. Os modos ficaram mais contidos, as conversas paralelas praticamente acabaram, o olhar ficou mais voltado para o altar, os gestos de reverência ao Santíssimo Sacramento ficaram mais intensos. Outro fruto foi o testemunho que damos para as outras pessoas que estão presentes. Várias vezes já vieram elogiar a forma com que nossos filhos se vestem e eles mesmos falam que precisam estar bem-vestidos para receberem o Rei dos Reis.

Assim, convido a todos a fazerem essa experiência. Não importa a classe social, não é uma questão de usar roupas caras, mas dessa preocupação de escolher, dentro daquilo que possui, a roupa mais apropriada para um momento tão sublime e uma graça tão extraordinária que é receber o próprio Deus, com seu corpo, sangue, alma e divindade em nosso coração, através da Sagrada Eucaristia.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

A SANTA MISSA: UMA MÁQUINA DO TEMPO

 



Nestes tempos de pandemia, onde muitos de nós fomos privados de participar da Santa Missa e outros, infelizmente, já se acostumaram com a “missa virtual”, gostaria de lembrar o que realmente acontece nesse momento tão especial, de acordo com a doutrina da Igreja.   

A Santa Missa pode ser dividida em duas grandes partes: a liturgia da palavra e a liturgia eucarística, tendo como seu ápice a transubstanciação, quando o pão se torna corpo e o vinho se torna o sangue de Jesus Cristo e onde somos convidados a comungarmos desse corpo, sangue alma e divindade de Jesus, tornando-nos uma só carne com ele, nosso divino Salvador.

Gostaria de focar nossa reflexão sobre a liturgia eucarística. Assim que que ela começa e o sacerdote nos convida a elevar nossos corações, tem início à chamada “comunhão dos santos”, ou seja, a união da Igreja Militante (nós que estamos ainda aqui nesta terra), a Igreja Padecente (as almas que estão no Purgatório) e a Igreja Triunfante (as almas, os santos que já estão no Céu).

Quando respondemos: “o nosso coração está em Deus”, é como se o Céu se abrisse e nós nos transportássemos até lá, para depois nos unir aos anjos e santos para louvar a Deus, cantando ou dizendo: Santo, santo, santo...

Logo depois, o sacerdote inicia a oração eucarística, pedindo ao Pai, que santifique as oferendas do pão e do vinho que estão no altar e que irão se transformar no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo, com a força do Espírito Santo. Nesse momento, ao ouvir a sineta, os fiéis se ajoelham e são transportados no tempo, para o local e o momento da Última Ceia. Apesar de nossos sentidos não perceberem, acontece essa verdadeira “viagem no tempo” e, a partir daquele momento, o sacerdote já não é mais ele, mas sim o próprio Jesus e todos os participantes estão realmente presentes naquele momento sagrado.

Quando Jesus, utilizando-se da voz do sacerdote, diz “Isto é o meu Corpo”, a hóstia se transforma realmente no Corpo de Jesus e então já não estamos mais na Última Ceia, mas sim aos pés da Cruz no Calvário. Nesse momento, somos testemunhas do sacrifício de amor infinito que Jesus fez por cada um de nós, morrendo na Cruz.

Se prestarmos atenção nos gestos do sacerdote/Jesus poderemos captar um pouco mais da beleza infinita desse momento. Da mesma forma que Jesus, na cruz, primeiro inclinou a cabeça e depois, entregou seu espírito, dando seu último suspiro (Jo 18,1), o sacerdote primeiro se inclina sobre a hóstia e depois pronuncia as palavras da consagração, sendo o suspiro do sacerdote o mesmo suspiro de Jesus, transformando a hóstia em Corpo e o vinho em Sangue.

É importante salientar que na cruz, o sacrifício foi consumado pelo sangue sendo separado do corpo de Cristo fisicamente, quando o soldado usou a lança e abriu uma chaga no lado de Jesus, de onde jorraram sangue e água. Na Santa Missa, o sacrifício é consumado pelo sangue sendo separado do corpo de Cristo sacramentalmente, por isso são consagrados separadamente, primeiro o corpo, depois o sangue.

O Céu, a terra e o purgatório nesse momento estão unidos, testemunhando esse gesto de amor incomparável que redimiu toda a humanidade. O sacrifício do Filho, ao Pai, com a presença do Espírito Santo, a Trindade derramando torrentes de amor sobre toda a humanidade. É um momento tão sublime, que se pudéssemos captar algo com nossos sentidos, como alguns santos puderam, não poderíamos parar de chorar. 

A liturgia segue com as orações pelos fiéis presentes, pelos fiéis defuntos, pela Santa Igreja e seus ministros e para que todos, possam, um dia, participar da vida eterna com todos os anjos e santos que continuam ainda ali presentes, louvando e glorificando a Santíssima Trindade.

Chega então o momento mais esperado, quando cada um de nós é convidado a participarmos desse sacrifício de amor, a nos unirmos intimamente com Jesus, tornando-nos um só corpo com Ele. É um mistério insondável como o próprio Deus quis se unir dessa forma conosco, suas criaturas pecadoras. Ele se deu inteiramente a nós, sem reserva, e o melhor que podemos fazer para retribuir tamanha graça, é nos entregarmos inteiramente a Ele.

Esse momento tão sublime deve ser seguido de uma profunda ação de graças por parte de cada um de nós. Aproximadamente nos próximos 15 minutos depois que comungamos, Jesus está ali fisicamente conosco, então devemos aproveitar ao máximo essa presença, nos entregando a ele, agradecendo por esse momento e fazendo nossos pedidos, principalmente o de sermos filhos fiéis e amorosos.  

Vejamos o que nos falam alguns santos sobre a Santa Missa:

“Fica sabendo, ó cristão, que mais se merece em ouvir devotamente uma só Missa do que distribuir todas as riquezas aos pobres e a peregrinar toda a terra” S. Bernardo

“Nosso Senhor nos concede tudo o que lhe pedimos na Santa Missa: e o que mais vale é que nos dá ainda o que nem sequer cogitamos pedir-lhe e que, entretanto, nos é necessário” S. Jerônimo

“Se conhecêssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa que zelo não teríamos em assistir a ela!” S. Cura D´Ars

O Maravilhoso Valor da Santa Missa

“Na hora da morte, as Missas que houveres assistido serão a tua maior consolação. Toda Missa implora o teu perdão junto da justiça divina. Em toda Missa, podes diminuir a pena temporal devida aos teus pecados, e diminuí-la mais ou menos consoante o teu fervor. Assistindo com devoção à Missa, prestas a maior das honras à santa humanidade de Jesus Cristo. Ele compadece-se de muitas das tuas negligências e omissões. Perdoa-te os pecados veniais não confessados, dos quais, porém, te arrependeste. Diminui o império de Satanás sobre ti. Sufraga as almas do purgatório da melhor maneira possível. A missa preserva-te de muitos perigos e desgraças que te abateriam. Toda Missa diminui o teu purgatório. Toda Missa alcança-te um grau de glória maior no céu. Na Missa, recebes a bênção do sacerdote, a qual Nosso Senhor ratifica no céu. És abençoado em teus negócios e interesses pessoais. (livro As 15 Orações de Santa Brigida)

Depois de refletir sobre o valor da Santa Missa, que compromisso mais importante do que esse você pode ter no seu dia? Vamos nos esforçar para participarmos o mais frequente possível da Santa Missa, lembrando que a chamada “missa virtual” não se equipara à missa presencial, sendo apenas um momento de oração e não tendo o poder de nos transportar ao Calvário, como acontece quando estamos fisicamente presentes junto ao sacerdote.