sábado, 27 de janeiro de 2024

QUEM ESTAMOS IMITANDO?

 


A maneira mais eficiente de adquirir uma habilidade é praticando aquilo que queremos aprender. Nós sabemos andar porque alguém nos pegou pela mão e nos mostrou como se anda. Nós imitamos seus passos. A grande maioria dos hábitos que temos, os adquirimos observando alguém, imitando seu comportamento. Desde crianças observamos as pessoas ao nosso redor e tentamos fazer o que o outro está fazendo.

Na fase da adolescência é mais fácil de percebermos essa imitação. Normalmente os jovens se reúnem em “tribos” que falam da mesma maneira, se vestem da mesma maneira, ouvem as mesmas músicas, frequentam os mesmos lugares e praticamente pensam da mesma maneira. Conversar com um da turma é a mesma coisa que conversar com todos.

Mesmo quando adultos, frequentemente nos pegamos imitando a atitude de alguém sem perceber. Quantas vezes você não disse algo para seu filho e depois pensou: “nossa, falei igualzinho meu pai/minha mãe?”

Somos seres sociais

O ser humano sempre está buscando referências. Somos seres sociais, nascemos para viver em comunidade e essa imitação de comportamento acaba criando uma certa harmonia social, nos sentimos mais seguros em um ambiente onde sabemos como o outro vai se comportar. Mesmo sendo seres únicos e irrepetíveis, com um DNA exclusivo, nossa tendência é nos conformarmos com o ambiente e quem é muito diferente acaba ficando marginalizado.

No mundo agitado em que vivemos, fazer o que os outros fazem sem muita reflexão, acaba sendo um comportamento comum, pois agir por si mesmo requer esforço e reflexão. Só consegue nadar contra a corrente quem tem uma personalidade firme e livre: firme porque está enraizada em princípios sólidos e livre porque não está presa nos sentimentalismos ou nos próprios instintos e desejos.

Porém, mesmo essa pessoa com personalidade firme e livre, que não está seguindo a “massa”, possui um modelo, uma referência que procura imitar. O ser humano imita e essa é uma realidade da qual não podemos fugir. Assim a grande questão é: quem estamos imitando?

Nosso modelo: Jesus Cristo

Para o cristão, nosso grande modelo é Jesus Cristo. É a ele quem devemos procurar imitar, mesmo se nos tornarmos excluídos por causa disso. Imitar Jesus Cristo diretamente pode parecer um pouco intimidador, afinal Ele é Deus. Mas existem muitas pessoas que conseguiram conformar sua vida aos ensinamentos de Jesus, e estas são um pouco mais acessíveis a nós. A Virgem Maria, em primeiro lugar é um grande exemplo a ser imitado, com sua disponibilidade para fazer a vontade de Deus e todas as virtudes que desenvolveu em sua vida. Podemos nos inspirar ainda na vida de tantos santos, que em diferentes épocas e estados de vida, cada um com a sua originalidade, também foram fiéis imitadores de Jesus.

Hoje temos acesso à vida e ao comportamento de milhares de pessoas através das redes sociais. Ser “influencer” se tornou até uma profissão! Porém precisamos ficar atentos a quem deixamos influenciar a nossa vida e a nossa família. E nós também precisamos nos formar e fortalecer para sermos boa influência para quem nos rodeia, principalmente para nossa família.

Na prática

Como fazer isso? Em primeiro lugar tomando consciência de que temos essa tendência de imitar e fazendo uma análise de nossa vida para ver quem são os nossos modelos, quem estamos imitando ou gostaríamos de imitar. Depois podemos conhecer melhor a vida dessas pessoas, suas lutas, suas circunstâncias para ver em que grau é possível a imitação. E por último ter a consciência de que podemos tentar imitar as atitudes, mas sempre teremos nossa originalidade. Nunca seremos exatamente iguais a ninguém, então o mais importante é ver como podemos reproduzir aquele comportamento em nossa realidade, no estágio da vida em que estamos.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

UMA NOVA OPORTUNIDADE

 

Logo após as comemorações do Natal, já nos preparamos para comemorar a chegada de mais um ano. Mais uma vez nos enchemos de esperança, de planos e projetos, afinal é um ano NOVO. O que será que acende em nós essa esperança? Por que ficamos tão animados e empolgados? O dia 1º de janeiro não é um dia como outro qualquer?

Deus é um exímio pedagogo, que educa seus filhos para que possamos buscar encontrá-lo em nossa vida e andar no caminho que nos conduzirá à eternidade com Ele no Céu. Pensando nisso, Deus criou a natureza de forma cíclica: percebemos a passagem do tempo não só em nosso corpo, com o envelhecimento, mas principalmente com as diferentes estações do ano.

As diferentes estações do ano são uma forma maravilhosa que Deus utiliza para nos ensinar sobre a transitoriedade da vida e também para nos ajudar a termos esperança de uma nova fase, de um novo começo. Ficamos felizes na primavera ao ver as flores crescendo; super empolgados no verão com tanta vida nascendo, tantos frutos; começamos a ficar mais introspectivos no outono com a vida indo embora e mais apreensivos no inverno, onde parece que tudo está morto.

Mas mesmo no inverno, sabemos que não precisamos ficar apreensivos por muito tempo, pois temos a certeza de que a primavera virá. E essa certeza da primavera, essa esperança que no seu tempo o inverno acaba, é que nos move a seguir em frente, vivendo um dia de cada vez.

Aqueles que vivem em lugares onde as estações do ano não são tão bem definidas (como é aqui no Brasil), podem perceber essa passagem do tempo através do calendário, com a contagem dos meses e podemos entender esse ciclo da vida mais especialmente com o calendário litúrgico.

O ser humano, com suas limitações e falhas, precisa de esperança (uma das virtudes teologais) para conseguir progredir, tanto na vida material, mas principalmente na vida espiritual. E justamente vivermos de forma cíclica, experimentando as diferentes estações e contando os meses do ano, nossa esperança aumenta ao lembramos que no dia 1º de janeiro, inicia o ano novo, recebemos uma nova oportunidade.

Uma nova oportunidade de fazermos melhor, de mudar algum aspecto da nossa vida material, como um novo emprego, um novo carro, uma nova casa. Pode ser uma nova oportunidade para nos reconciliarmos com alguém, para fazer novos amigos, para abrir nossa família para a vinda de outro filho ou para a chegada de genros e noras. Ou ainda uma nova oportunidade para vencermos algum defeito de nossa personalidade, estimularmos ainda mais alguma qualidade que podemos fazer frutificar.

Eu fico encantada em pensar na bondade da providência divina em colocar o dia 1º de janeiro bem no meio do inverno para quem vive no hemisfério norte, justamente onde essa estação é sentida de maneira mais forte... Um impulso quente de esperança no meio do frio do inverno...

Nessas resoluções e projetos para o novo ano, talvez a mais importante seja relativa ao nosso relacionamento com a Santíssima Trindade, afinal nossa meta é o Céu. No fim de nossa jornada na terra, seremos julgados pelo Amor e o que levaremos em nossa bagagem é somente aquilo que fizemos por amor, para o amor e através do amor.

Então coragem! Vamos aproveitar essa nova oportunidade de recomeço, vamos fazer um balanço de como foi o nosso ano e escolher alguma forma de crescermos em nosso amor a Deus. Pode ser melhorar nossa oração diária, fazer alguma leitura espiritual regularmente, rezar o terço diariamente (ou pelo menos uma dezena), talvez incluir a santa missa um dia a mais na semana, ler regularmente a Bíblia, enfim, cada um precisa ver o que pode ser feito. E escolher uma coisa só para começar, sendo fiel nesse pouco, nesse único propósito. Depois, no fim do ano, agradecer pelas conquistas, pedir perdão pelas falhas e sempre ter coragem de recomeçar!

 

Foto de BoliviaInteligente na Unsplash