terça-feira, 15 de novembro de 2016

É POSSÍVEL UMA MÃE MEDITAR?

Vivemos num mundo muito agitado, com muitas coisas pedindo nossa atenção: marido, filhos, casa, talvez ainda o trabalho fora e os compromissos com o apostolado. Assim, não devemos estranhar que surja em nós um desejo por paz e tranquilidade. Mas será que isso é possível na vida de uma mãe muito ocupada?

Precisamos de um tempo para nos encontrar conosco mesmas e nos confrontar com aquilo que dá o sentido verdadeiro a nossa existência e que nos conduzam a um contato mais profundo com Deus. E é aqui que entra a prática da meditação.

A meditação, nos moldes ensinados pelo Pe. Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, a chamada “meditação da vida diária”, vem responder a esse anseio e essa necessidade. Sua preocupação constante era conduzir o ser humano atual até um encontro com o Deus vivo através das criaturas e das circunstâncias concretas que o rodeiam.

Precisamos cultivar nossa vida interior, nossa dimensão sobrenatural, pois não devemos cuidar apenas do nosso corpo e da nossa mente, mas nosso espírito também precisa ser devidamente nutrido, caso contrário, corremos o risco de perder a vitalidade da nossa fé. A fé só se mantem e se alimenta através do contato íntimo e pessoal com o Senhor.

Pe. Kentenich ensina um método de meditação especialmente apto para as pessoas que estão chamadas a encontrar a Deus no meio do mundo, através das criaturas, e nós, mães, estamos incluídas neste grupo. Ou seja, um método para quem não pode nem deve abandonar as realidades desse mundo: sua família, seu cônjuge, seus filhos, seus negócios e tudo o que isso implica, para se retirar e contemplar a Deus na solidão.

Esse tipo de meditação não é um aprofundamento intelectual das verdades da fé, mas sim encontrar com Deus na nossa vida, perceber onde e como ele se comunica conosco em nosso dia a dia. Ao percebemos o quanto Deus se esforça para se fazer presente na nossa vida, o quanto ele cuida, com muito amor de cada uma de nós, nosso amor por ele cresce e dá frutos. Assim, o objetivo da meditação não é conhecer mais, mas AMAR mais.

O primeiro passo para colocar a meditação na prática é decidir que meditar é importante, e dedicar alguns minutos do dia para isso. Pode ser, no início de 10 a 15 minutos. Podemos começar fazendo uma vez por semana, e depois, gradativamente, aumentando a frequência.

Escolhemos um lugar adequado, onde não seremos interrompidos. Sei que isso pode ser especialmente difícil se temos crianças muito pequenas em casa, mas usando a criatividade e quem sabe até a ajuda de nosso esposo, conseguiremos encontrar um momento e um local apropriado. É bom ter um caderno pessoal para anotar as inspirações que a meditação pode trazer. De preferência, com alguma cruz ou imagem que nos remeta à realidade sobrenatural. Fechar um pouco os olhos, respirar calmamente e nos colocar na presença de Deus, então fazemos uma oração implorando as luzes do Espírito Santo.

Em seguida, escolher sobre o que se vai meditar. Se ainda somos iniciantes nessa prática, é mais fácil escolher um passagem bíblica ou um trecho de uma oração. Depois, com a prática, pode ser um acontecimento da vida (uma situação concreta de nossa vida), que é efetivamente a meditação da vida diária proposta pelo Pe. Kentenich.

Não é necessário que em cada meditação escolhamos um tema diferente, podemos por várias vezes meditar sobre a mesma coisa, pois encontramos algo que captou nosso coração, que nos une a Deus de forma especial. O objetivo é precisamente este: repousar no amor de Deus, crescer nesse amor, expressar nossa entrega, nossa disposição de segui-lo ou nossa vontade de abraçar a cruz que nos presenteia.

O Pe. Kentenich propõe três perguntas que constituem uma excelente ajuda para desenvolver esse encontro com o Senhor:
1.     O que Deus quer me dizer com isso? (através desse texto ou desse fato ou circunstância)
2.     O que digo a mim mesmo?
3.     O que respondo a Deus?

A pergunta mais importante é esta última. É nela que entramos na oração meditativa. Quando falamos de resposta, não significa uma ação ou propósito, mas de uma resposta “de amor”, uma resposta do coração, falando pessoalmente com o Senhor. Expressamos nosso amor de gratidão, de arrependimento, de pedido. Terminamos a meditação com uma oração de ação de graças. É conveniente anotar no caderno pessoal sobre o que meditamos e o que foi mais importante para nós na meditação.


Além de agradecer ao Senhor e a Nossa Senhora pela meditação (ou pedir perdão se não a realizamos bem), as vezes podemos concluir com alguma intenção ou propósito que venha ao encontro do que meditamos. Assim, pouco a pouco, com a dedicação de alguns momentos por dia para meditar, vamos aumentando nosso amor e nossa vinculação ao nosso Pai do Céu que nos ama com amor infinito.

photo credit: sicknotepix <a href="http://www.flickr.com/photos/128658155@N08/20163424394">Mirka</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O PAPEL DO PAI E DA MÃE


Numa cultura em cada vez mais os papeis do homem e da mulher estão confusos, é importante ressaltar que o ser masculino e o ser feminino são diferentes e complementares e para uma educação saudável e equilibrada, a criança precisa experimentar a influência dessas duas maneiras de ser, a masculina e a feminina, o paternal e o maternal. 

O Catecismo da Igreja Católica nos diz que devemos complementar um ao outro não apenas sexualmente, mas também como auxiliares um do outro, pois homem e mulher foram “feitos um para o outro” e “como esposos e pais cooperam de forma única na obra do criador”.

Quando uma criança cai e rala o joelho, geralmente ela vai correr para sua mãe, antes de correr para o seu pai. Isso não é uma ofensa para o seu pai; simplesmente significa que intuitivamente ela reconhece sua mãe como sendo a mais cuidadosa dos dois. Em geral, as mães são aquelas que aconchegam, abraçam e agradam. Olhem para o valor simbólico do corpo da mulher. Seus órgãos sexuais primários mostram uma forte abertura, sinalizando uma grande receptividade, ou seja, a habilidade e a necessidade de receber. Seus órgãos sexuais secundários, simbolizam a doação de si mesma. A característica espiritual da alma da mulher é uma pronunciada doação de si mesma, formando assim uma necessidade dentro dela de dar a si mesma e receber de outros.

Em virtude de suas qualidades inerentes, a mulher realiza três tarefas principais. Primeira, é ela quem dá e protege a vida. Ela cuida daquela vida antes e depois do nascimento da criança de uma maneira muito íntima e continua a desenvolver a vida através do serviço para sua família. Segundo, ela desenvolve a vida emocional e intelectual. A mãe desperta a criança para o mundo a seu redor é a principal influência para a socialização da criança no início de sua vida. Através da mãe, a criança aprende como se relacionar com outras pessoas, apesar disso ser verdade também para o relacionamento com o pai. A mãe ajuda a criança a combinar as ideias com a vida e ensina a criança sobre o amor, lealdade, preocupação, consideração, serviço e dedicação através de sua orientação e por ela assumir essas características em si mesma. Terceiro, ela tende a ser a principal influência religiosa no lar. A mãe geralmente lidera na criação de uma atmosfera religiosa em seu lar e no fornecimento de experiências religiosas tangíveis para a família. Em geral, é a mãe quem nutre os costumes religiosos no lar e inicia as práticas religiosas.

De outro lado, sempre que a criança tem o anseio de fazer alguma aventura, ela geralmente se dirige a seu pai. Os pais são destemidos, estimulam a criança a desafiar o perigo, a não temerem o mundo, mas sim desbravá-lo. Os órgãos sexuais masculinos são para fora do seu corpo, mostrando essa tendência de sair para o mundo. Homens são os conquistadores, os provedores, os protetores. Eles oferecem segurança e força. Sua maior recompensa é saber que sua esposa e seus filhos estão bem cuidados.

Em virtude disso, o pai é a autoridade fundamental da família. Como tal, ele é chamado a ser um reflexo de Deus Pai para seus filhos. As palavras de Jesus “Sejam perfeitos, como é perfeito o Pai de vocês que está no céu” (Mt 5,48) se aplicam aos pais de uma forma muito especial. Sem a experiência de um pai amoroso em nível humano, as crianças podem ter uma dificuldade muito grande de ter um relacionamento amoroso com Deus Pai quando forem adultos. O maior apostolado que um homem pode fazer como homem e como pai é mostrar Deus para seus filhos.

Os pais devem ser bons para seus filhos mesmo se seus filhos não são bons com eles, para refletirem a bondade e misericórdia de Deus Pai. Lembrem da história do filho pródigo: mesmo tendo errado, o pai recebeu o filho de braços abertos. Isso não significa que os pais (nem as mães) devem aceitar desrespeito ou mal comportamento de seus filhos. Significa que o pai carrega sua família em seu coração e age sempre com a máxima benevolência com ela enquanto guia seus filhos pelo caminho do bem.

Para reflexão:
1. De que maneiras você demonstra a paternidade/maternidade para seus filhos?
2. Como vocês podem ajudar um ao outro a ser mais paterno ou materno?
3. O pai é a autoridade fundamental em sua família? Se não é, como vocês podem trabalhar juntos para assegurar que ele seja, ao mesmo tempo mantendo o papel da mãe como uma autoridade de apoio?

* as reflexões de hoje foram inspiradas no livro "Strenghtening your family", de Marge Fenelon.
photo credit: MjZ Photography <a href="http://www.flickr.com/photos/51590961@N04/14901744905">Family</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>