segunda-feira, 14 de outubro de 2019

MATRIMÔNIO: ENTREGA TOTAL



A definição do sacramento do matrimônio, segundo o Catecismo da Igreja Católica, é “o pacto (...), pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole” (No. 1601)

Da expressão “comunhão íntima por toda a vida” podemos entender que o matrimônio é irrevogável e exige uma entrega total de um cônjuge ao outro, sem a qual é impossível haver uma comunhão. Hoje em dia é muito difícil as pessoas entenderem esse conceito de entrega total, pois vivemos numa sociedade  egoísta, onde o “eu” está em primeiro lugar.

Porém, para que seja possível um matrimônio feliz, é importante que tanto o marido como a mulher estejam dispostos a se entregarem totalmente um ao outro e façam esse exercício durante toda a vida matrimonial. Sem exigir nada em troca, procurando cada dia dar um pouco mais de si, pois foi isso que prometeram um ao outro, no altar, diante de Deus.

No dia do casamento, na verdade, não entregamos nada ao outro, apenas fazemos a promessa de sermos fiéis, na alegria e na tristeza, na saúde ou na doença, em todas as circunstâncias que a vida apresentar, até a morte. É preciso levar essa promessa a sério, pois é dela que depende a própria felicidade, a felicidade do outro e principalmente a felicidade dos filhos, frutos desse amor conjugal.

O amor não é um sentimento, mas um compromisso de trabalhar e cuidar do outro; é como uma fogueira que precisa ser continuamente alimentada com pequenos gravetos, senão, apaga. E esses gravetos são os sacrifícios que fazemos pelo bem do outro, matando o nosso egoísmo para fazer o outro feliz.

Como prometemos uma entrega total, não podemos colocar nenhuma condição para ela. As condições que normalmente aparecem e nos tentam são as seguintes:

- condições de tempo: não tenho tempo para dedicar ao meu cônjuge, sempre tem algo mais importante para fazer, como cuidar dos filhos, da casa, da família estendida, do trabalho. Preciso ter a consciência de que meu marido (minha esposa) é a minha primeira prioridade. Se não cuidar disso, tudo mais desmorona.

- condições de disposição: agora não posso porque estou cansada(o)”. Ou seja, só faço algo para agradar ou cuidar do outro quando estou disposto. Essa condição também revela que o “eu” vem antes do “tu” e não ajuda a construir um matrimônio saudável.

- condições de gosto: não faço isso porque não gosto”, é mais uma expressão do egoísmo que mata o amor. Devo procurar fazer o que agrada ao outro, mesmo que não seja agradável para mim.

- condições para perdoar: só perdoo se me pedir desculpa” ou “só perdoo se fizer isso ou aquilo”. O perdão tem que ser sempre incondicional. Perdoo porque amo e ponto! Perdoo porque também preciso de perdão. Preciso buscar o autoconhecimento para enxergar que também tenho defeitos que o outro acaba por suportar. Quem se dá conta da miséria pessoal tem mais misericórdia dos defeitos alheios.

Essa entrega total não é possível se contarmos apenas com nossas próprias forças. Nossa natureza é egoísta em virtude da mancha do pecado original, então somente com a graça de Deus e a graça específica que recebemos no dia do sacramento do matrimônio é que podemos ser vitoriosos nessa luta.

Quando contraímos matrimônio, a aliança não é apenas entre o marido e a mulher, mas entre ambos e Deus. Então, precisamos sempre recorrer a esse parceiro essencial de nossa aliança matrimonial pedindo todas as graças necessárias para vivermos o sacramento da forma que ele foi sonhado para nós. Podemos contar também sempre com a ajuda de Nossa Senhora, que desde as bodas de Caná, ajuda os cônjuges para que não falte nada, principalmente o vinho do amor verdadeiro.


photo credit: _.Yann Cœuru ._ <a href="http://www.flickr.com/photos/132252613@N08/28917891918">Wedding  day</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>