sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

FAMILIA A MAIS BELA COMUNIDADE DE AMOR

A família é uma comunidade de pessoas (os esposos, pais e filhos) e fundamentada no amor tem como primeira finalidade viver fielmente esta realidade de que formam uma comunidade[1], de que são responsáveis uns pelos outros, pela felicidade do outro, pelo cuidado do outro e juntos formam a célula originária da vida social.[2]
É interessante notar que no relato da criação do mundo, Deus cria a luz, a terra, o céu, enfim, todas as coisas utilizando-se a palavra: “faça-se”.Todavia, quando foi criar o homem, disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.”[3]. Neste momento, não é apenas Deus Pai quem cria o ser humano, há uma reunião da Trindade Santa, Pai, Filho e Espírito Santo e o homem é criado à imagem e semelhança da Santíssima Trindade. E a Santíssima Trindade é família, é uma comunidade puríssima de amor. Portanto, Deus desejou criar o homem e a mulher como família. 
Desta forma, sempre foi dos planos de Deus que o homem e a mulher se tornassem uma família, uma comunidade de amor e de vida, reflexo da Santíssima Trindade. Nesta família divina, o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem infinitamente felizes porque se amam com um amor infinito, pelo que a família humana é chamada a ser o modelo de qualquer sociedade sadia [4].
Outra grande prova do amor de Deus pela família e de sua missão é que Jesus nasceu em uma família e permaneceu nela por 30 anos. O Pai poderia escolher qualquer outra forma de enviar seu divino Filho para o mundo, porém, optou por fazê-lo através de uma família, santificando, desta forma, o convívio familiar.
A permanência de Jesus por 30 (trinta) anos na Sagrada Família de Nazaré também é muito significativa, pois comparando o tempo de sua vida pública, que durou apenas 3 (três) anos, ele dedicou 90% (noventa por cento) do tempo de sua existência terrena para a família. E isto significa que para Deus a família é o bem mais precioso que uma pessoa possui, família é sagrada!
É na Sagrada Família de Nazaré que Jesus, o Verbo Encarnado, encontra a acolhida mais plena, onde vive a realidade mais profunda de sua vida que é fazer a vontade do Pai. Desta forma, a vida oculta e a vida pública de Jesus possuem o mesmo objetivo, a mesma missão: ser em tudo obediente ao Pai e só lhe causar alegria. E esta obediência ao Pai se concretiza através da obediência aos seus pais terrestres: José e Maria, em tudo lhes sendo submisso, santificando também a vida diária, a vida comum em Nazaré, com suas alegrias e tristezas. [5]
Mais uma prova do amor de Deus pela família foi o fato do primeiro milagre de Jesus ter sido realizado em uma cerimônia de casamento, onde estava iniciando uma família, a pedido de sua Mãe, Maria.
Na narrativa deste Evangelho[6], Jesus deixa claro que sua “hora” ainda não havia chegado, ou seja, que a princípio ainda não deveria mostrar seu poder, porém, a pedido de sua Mãe, realiza o milagre, causando grande alegria aos noivos e abençoando o nascimento de mais uma família.
A família pode ser considerada a base da sociedade porque é nela, no convívio familiar, que a pessoa deve aprender a amar, aprender a ser filho e a ser irmão. Nela deve aprender a conviver em sociedade, a tratar adequadamente as demais pessoas que convivem com ela. Deve ainda aprender a dar amor, porque recebe amor.
"O futuro da sociedade e da Igreja passam por ela. É a família que os filhos e os pais devem ser felizes. Quem não experimenta o amor no seio do lar, terá dificuldade para conhecê-lo fora dele." [7]
Assim, a pessoa se desenvolve e amadurece sadiamente se as suas vinculações familiares são sadias. Estas vinculações "são como raízes que permitem que a árvore de sua personalidade seja capaz de resistir aos revezes da vida." [8]
O Padre Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt, costumava dizer: "A história dos povos nos ensina um fato importante. A sociedade e a família se salvam ou se arruínam juntas." [9]. Portanto, para se conseguir resgatar a sociedade atual é necessário resgatar a família, seus verdadeiros valores e sua missão original que é ser a mais bela comunidade de vida e de amor.



[1] Familiaris Consortio, no. 18
[2] CIC 2207
[3] Gn 1,26
[4] Pe. Nicolás Schweizer, publicado em Reflexões, no. 49, de 15.12.2008
[5] Idem pg 214            
[6] Jo 2, 1-11
[8] Pe. Nicolás Schweizer, publicado em Reflexões, no. 49, de 15.12.2008
[9] Pe. Nicolás Schweizer, publicado em Reflexões, no. 49, de 15.12.2008

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

CULTURA DO PRAZER E VISÃO EQUIVOCADA DO MATRIMÔNIO

CULTURA DO PRAZER
A cultura hedonista afirma que não há outro bem - bem absoluto - senão o prazer, e outro mal senão a dor. O lema deste sistema moral é: “deve-se procurar o prazer e fugir da dor.”
O prazer é a moeda de troca onde tudo acontece em torno da vontade, em satisfazer a vontade a qualquer custo. A impulsividade em consumir uma droga ilícita, fazer sexo pelo sexo sem afeto natural, mentiras, desejo exacerbado por dinheiro, consumismo (adquirindo coisas pelo simples prazer de consumir), ou seja, em tudo aquilo que proporciona o prazer imediato e fugindo de tudo aquilo que possa causar algum desconforto, que custe alguma renúncia.
Todavia, observa-se que esta busca desenfreada pelo prazer só causa vazio, angústia e escravidão, pois quanto mais as vontades próprias são satisfeitas, mais escravo a pessoa se torna delas, chegando um momento em que a razão não consegue mais dominar as ações, originando os vícios.
Dentro da família a cultura hedonista é fatal, pois se cada membro busca apenas o seu prazer, o seu bem estar e não se preocupa com a felicidade do outro, em pouco tempo a família se dissolve,  já que o amor verdadeiro é alimentado pelos sacrifícios que são feitos em prol da pessoa amada, e sendo estes inexistentes, resta apenas o egoísmo.

VISÃO EQUIVOCADA SOBRE O MATRIMÔNIO

Grande parte da infelicidade observada nos cônjuges se deve à falta de conhecimento a respeito do matrimônio, de suas finalidades e exigências, posto que o casamento hoje é visto mais pelo lado social e econômico, do que no sentido espiritual, de verdadeira  comunhão de pessoas, de solidariedade de destinos.

No mundo de hoje, casa-se para ser feliz, para ter uma casa, para dividir despesas e somente enquanto este contrato traga felicidade e prazer, ou “enquanto der certo”. Como disse mais de uma vez o Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, “o matrimônio não é mesa de prazeres, mas mesa de sacrifício.”[1]
O homem e a mulher, em consequência da aliança matrimonial, "já não são dois mais uma só carne"[2], sendo chamados a crescer continuamente nesta unidade, através da fidelidade, do respeito mútuo e principalmente dos sacrifícios diários do próprio eu em benefício do cônjuge. Assim, "testemunhar o valor inestimável da indissolubilidade e da fidelidade matrimonial é uma das tarefas mais preciosas e mais urgentes dos casais cristãos do nosso tempo"[3].

Atualmente a ideia reinante sobre os filhos é que estes são “um mal necessário”, que devem ser evitados ao máximo e concebidos apenas quando e se o casal já conquistou grande parte do que gostaria e daí sim, poderão ter um (e não mais que um) filho para também satisfazer um desejo individualista de posteridade.

Esta visão egoísta sobre a fecundidade é uma das consequências da cultura hedonista, pois gerar e criar um filho custa muito sacrifício por parte dos pais, não proporcionando muitos prazeres, por isso deve ser evitado.

O filho é visto como um objeto a ser adquirido e como tal deve “funcionar” da maneira que se espera e atender a todas as expectativas do “pai-consumidor”. Para que não dê aborrecimentos, são concedidos ao filho todos os seus desejos, apenas para que ele pare de incomodar.

A maternidade se resume a dar a luz ao bebê, sendo que logo aos quatro meses de vida, aquela criança já deve ser encaminhada a creches, ou ser deixada ao cuidado de babás ou parentes, para que a mãe possa voltar ao seu posto profissional, encarado como uma “conquista” da mulher, pois assim ela tem sua independência.

O que se presencia muitas vezes são mulheres que gastam praticamente todo o seu salário para pagar terceiros para cuidar de seus filhos, sejam escolas em período integral ou babás. Preferem passar o dia trabalhando fora de casa, pois lá tem o “reconhecimento da sociedade”, sente-se mais “útil”, “economicamente ativa”, mas financeiramente praticamente não há ganho. E emocionalmente, há uma grande perda, tanto para a mãe como para o filho, que perde toda a referência de autoridade, de cuidado e de amor.

É preciso alertar, principalmente aos jovens, que muitas vezes já são frutos deste tipo de relacionamento, do verdadeiro valor e significado do matrimônio e da enorme benção que é na vida do casal e de cada pessoa se tornar pai e mãe.

“A família não é para o homem uma estrutura acessória e extrínseca, que impede seu desenvolvimento e sua dinâmica interior. O homem, por sua própria natureza, é um ser social, que não pode viver sem desenvolver as suas qualidades sem entrar em relação com os outros”[4]




[1] “Família Serviço à Vida, Vol. I, pg. 44, editado pelo Instituto das Famílias de Schoestatt, Vallendar, Alemanha, 1994
[2]  Mt. 19, 6; Gn. 2, 24
[3] Familiaris Consortio, item 20
[4] Constituição Pastoral Gaudium et spes, Papa Paulo VI, 1965
CRÉDITO DA FOTO: PHOTOPIN.COM