quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A BELEZA DO AMOR

O amor verdadeiro é de uma beleza indescritível. Supera todo sofrimento e é capaz de realizar os anseios mais profundos de nossa alma. Mas será que conhecemos esse amor? Já o experimentamos? É possível vive-lo em nossa sociedade tão individualista e utilitarista?

SIM É POSSÍVEL! E mais, todos nós devemos experimentar e viver a beleza do verdadeiro amor humano, pois para isso somos chamados! Além disso, precisamos proclamar a todos essa beleza, esse tesouro que está à disposição de quem quiser e estiver disposto a lutar por ele.

Gostaria de salientar hoje as quatro características do amor conjugal, segundo exposto tão sabiamente pelo nosso querido S. João Paulo II, em sua Teologia do Corpo. Ele revela que o verdadeiro amor é livre, fiel, total e fecundo. Faltando uma dessas características, pode ser outro sentimento, mas não é amor.

O amor livre significa que a pessoa só pode amar se livremente escolheu amar. O amor não pode ser imposto, não pode ser exigido. Não pode ser condicional também: eu amo se você me amar, ou eu amo se você fizer isso ou aquilo.

O amor exige a fidelidade, a entrega a uma só pessoa por toda a vida. Não é moralismo, nem machismo (já ouvi dizer que a fidelidade foi “inventada” pelos homens para garantir que saberiam quem eram seus filhos!!), é até uma questão de lógica. Conhecer uma pessoa leva tempo, saber como torna-la feliz também. Exige dedicação e muita energia. Como amar uma pessoa, querer se entregar a ela, mas ao mesmo tempo buscar também outra pessoa? A fidelidade está no profundo de nosso ser: ninguém deseja ser apenas mais um na vida do outro. Queremos ser os únicos.

O amor deve ser total, completo. Se não nos entregamos por inteiro, com tudo o que somos e temos, não estamos amando. Não dá pra falar: eu te amo só com o meu corpo, minha mente é só minha, não te pertence. Ou eu vou te amar só por dois anos, três meses e cinco dias. Soa até ridículo! Ou ainda posso te dar meu afeto, mas não estou disposto a compartilhar meus bens, minhas ideias, meu futuro.

Claro que a individualidade permanece, quando eu amo, continuo sendo eu mesmo, mas estou disposto a entregar todo o meu ser para a pessoa amada, para o seu bem, para a sua felicidade. Estou disposto a ser uma pessoa melhor, a buscar corrigir os meus erros, tudo para o bem do outro.

E por fim, o verdadeiro amor é fecundo, gera vida. O amor deseja se multiplicar. Ele é muito poderoso e muito grande para permanecer apenas entre duas pessoas. Isso é tão maravilhoso que um novo ser humano é gerado a partir de um ato concreto de amor. A forma que somos chamados a existência é através da celebração do amor de nossos pais!

Se isso que acabei de dizer faz sentido para você, se você concorda que para ser amor é necessário que seja livre, fiel, total e fecundo, então procure colocar isso na prática! Se isso faz sentido, então não é possível aceitar um aborto, que seria matar o fruto do próprio amor! A contracepção também não pode ser aceita, pois estou dando ao outro tudo menos a minha fertilidade. As relações sexuais pré-matrimoniais também não representam o verdadeiro amor, porque um casal nessas situações ainda não prometeram a fidelidade para toda a vida e provavelmente também usam métodos contraceptivos para impedirem que seu amor seja fecundo.

E toda vez que agimos contra essas características do verdadeiro amor, acabamos por matar o amor... Infelizmente é isso que presenciamos todos os dias em nossa sociedade. Precisamos propagar essa verdade para todos os lados, para não sermos enganados pela cultura do prazer que nos envolve e também para ajudar as outras pessoas a identificarem seu sentimentos e a lutar por um amor verdadeiro.


sábado, 27 de agosto de 2016

GRAVIDEZ DEPOIS DA PERDA: REDESCOBRINDO A ESPERANÇA E A CONFIANÇA ATRAVÉS DA INTERCESSÃO DE S. GERALDO MAJELLA



O testemunho de hoje é de Charisse Tierney, que gentilmente autorizou sua tradução e publicação neste blog. Ele foi originalmente publicado no site CatholicMom.com. Quem quiser checar a versão original, pode clicar aqui

Pode ser assustador tentar conceber depois de perder um bebê num aborto espontâneo. Depois da alegria de um teste de gravidez positivo, cada dia é passado pensando se pode ser o último dia do bebê. Cada manhã é saudada com gratidão pelo dom de apenas mais um dia. A data do parto é um número apagado no horizonte – a linha de chegada da qual a existência é difícil de reconhecer. E cada pequeno chute é uma fonte de alegria, a saudade pela perda do outro bebê está sempre presente, muitas vezes extremamente fresca em uma ferida que ainda está lutando para ser curada.

Enquanto eu embarcava nessa jornada nesses últimos meses, eu me voltei para vários santos para orações e conforto, mas especificamente para São Geraldo, o santo padroeiro das grávidas. Tendo crescido em uma família italiana pobre nos anos de 1700, Geraldo Majella sempre teve muito respeito pelos pobres e sofredores. Ele trabalhou em alguns empregos humildes depois que seu pai faleceu, mas sempre pareceu atraído pela vida religiosa. Ele dividia os seus ganhos com sua mãe e os pobres, e passava muito tempo com orações e jejum. Sua entrada no mosteiro dos Capuchinhos em Muro foi negada duas vezes em virtude de sua saúde fraca, mas ele persistiu e se junto à Congregação do Mais Santo Redentor com a idade de 23 anos. Três anos depois ele se tornou um irmão consagrado.

S. Geraldo sempre disse que ele estava lá para “fazer a vontade de Deus”, e sua piedade, sabedoria e dom de ler as consciências permitiu que ele servisse bem os pobres e os grupos de mulheres religiosas. Ir. Geraldo também tinha certas faculdades místicas, incluindo a levitação, bilocação e a habilidade de ler as almas. Milagres relacionados a S. Geraldo durante a sua vida inclui a restauração da vida de um menino depois que ele caiu de um alto penhasco; a benção a plantação de um pobre agricultor, a livrando dos ratos; a bênção ao suprimento de trigo de uma pobre família fazendo com que durasse até a próxima colheita e a multiplicação de pães para os pobres em várias ocasiões.

Mas é o milagre associado a um lenço derrubado que levou o Ir. Geraldo a se tornar o patrono das grávidas. Um dia, Ir. Geraldo sem perceber derrubou seu lenço e quando uma jovem menina correu atrás dele para devolver, ele disse: “Fique com ele. Você pode precisar algum dia.” Anos depois, quando essa menina se tornou uma mulher casada e estava passando por momentos muitos difíceis e sombrios no trabalho de parto de seu primeiro filho, ela se lembrou do lenço. Ela sabia que o homem que o havia derrubado era um santo homem, e depois de não encontrar alívio para sua dor ao rezar para muitos outros santos, ela pediu que lhe trouxessem o lenço que havia sido do Ir. Geraldo. Quando colocou o lenço sobre seu corpo, a dor diminuiu e ela deu à luz a uma criança saudável – um resultado muito inesperado, especialmente naquela época.

Mesmo nos dias de hoje, as mães continuam a atribuir bebês saudáveis, partos seguros e concepções aparentemente milagrosas à intercessão de São Geraldo. As mães que experimentaram a infertilidade, abortos espontâneos e perda de filhos se voltam a ele, confiando que suas poderosas orações irão abençoa-las com o milagre que seus braços anseiam por segurar.

Eu encontro grande conforto ao rezar a novena de São Geraldo diariamente (veja a oração abaixo) e me sinto protegida ao usar uma relíquia do santo. Qualquer pessoa pode obter uma relíquia de São Geraldo ao contatar os Filhos do Mais Santo Redentor (Redentoristas Transalpinos) um grupo de monges que vivem na Ilha do Monasteiro de Golgota, na costa da Escócia. Esses monges tem uma devoção especial a São Geraldo e a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Além de enviar uma pequena relíquia para qualquer pessoa que pedir, esses homens santos também rezarão por qualquer intenção especial que lhes for solicitada.

Eu tenho usado minha relíquia de S. Geraldo desde que a recebi no início de minha gestação, e meu marido e eu estamos muito felizes que o bebê e eu estamos saudáveis e prosperando! Mais importante, eu estou crescendo na confiança e na entrega – reconhecendo que o propósito da minha vida, nas palavras de S. Geraldo, é “fazer a vontade de Deus”. Enquanto fazer a vontade de Deus algumas vezes envolve uma dor terrena e sofrimento, eu sei que é São Geraldo que me ajuda a encontrar a alegria que está por baixo.

Deus abençoe todas vocês mães que tiveram o coração partido pela infertilidade, a profunda dor de um aborto espontâneo e a tragédia da perda de um filho! Que a intercessão de São Geraldo possa abençoa-las para que continuem a ter esperança e uma paz que não acaba, mesmo durante suas lutas.
Novena de São Geraldo para Grávidas
Oh grande São Geraldo, amado servo de Jesus Cristo, tu és o perfeito imitador de nosso dócil e humilde Salvador, e um filho devoto da Mãe de Deus. Inflame em meu coração uma faísca daquele fogo celeste da caridade que brilhou em ti e me torne um farol do amor.

Glorioso São Geraldo, como seu divino Mestre tu suportastes sem murmúrio ou reclamação as calúnias de homens maldosos quando o acusaram falsamente de crime, e fostes elevado por Deus como o patrono e protetor das grávidas. Preserve-me dos perigos e proteja a criança que agora eu trago em meu seio. Reze para que meu bebê seja trazido ao mundo de uma forma segura e receba o sacramento do batismo.

3 Pai-nossos, 3 Ave-Marias e 3 Glórias

photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/115600395@N06/26526186251">Nataliya</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

É POSSÍVEL "BATIZAR" O POKEMON GO?


Nas últimas semanas li e ouvi muita coisa sobre o novo jogo, que é a “febre” do momento, chamado Pokemon Go. Muitas pessoas criticaram o jogo, falando que era coisa do demônio. Outros disseram que era uma forma de ter acesso a privacidade do seu lar, pois para jogar precisava tirar fotos de dentro de casa. Surgiram várias notícias de pessoas que haviam morrido ao se arriscar para capturar os Pokemons. Como uma mãe católica de filhos adolescentes resolvi escrever esse post baseado na minha experiência com o jogo.

O jogo consiste em baixar um aplicativo no celular, que utiliza um programa de localização por mapas para indicar onde o jogador está e onde estão os Pokemons, que são monstrinhos que precisam ser capturados. Para capturar o jogador precisa de deslocar realmente até o ponto onde está o bichinho. Aqui vi a primeira vantagem do jogo: não dá para brincar sentado em frente a TV, é preciso andar pela cidade. E pela primeira vez na vida meu filho de 14 anos pediu para sair para andar no bairro a pé!! Dei as orientações básicas de tomar cuidado com a rua, não ficar só olhando para o celular, pois era perigoso. E daí a segunda surpresa: ele pediu para levar a irmã mais nova junto, daí enquanto um jogava, o outro “vigiava”. Até pedi para repetir: ele realmente estava pedindo para sair junto com a irmã de 11 anos??? Sim, saíram os dois muito felizes e voltaram 30 minutos depois, cansados, mas com a “missão” cumprida.

Comecei a perguntar mais sobre o funcionamento do jogo e descobri que um dos receios, aquele sobre tirar fotos dos lugares, é infundado, porque não precisa ligar a câmera para capturar os Pokemons. Eles até preferem fazer com a câmera desligada, porque é mais fácil. Outra coisa que descobri é que os bichinhos precisam “evoluir” e para isso o jogador precisa fazer alguns “sacrifícios”, por exemplo, andar um determinado número de quilômetros. Mais uma grata surpresa: eis que meus filhos estavam de livre e espontânea vontade dando voltas a pé no parque que fica perto de casa! Voltavam sempre cansados, mas felizes.

Daí comecei a usar todas essas questões envolvidas no jogo para evangelizar as crianças. Primeiro, a busca por algo que não é possível ver “a olho nu”, precisa do celular para enxergar onde está o Pokemon. Fiz a analogia com Deus, com Nossa Senhora, com os anjos: não conseguimos vê-los a olho nu, precisamos do “aplicativo” da fé! Devemos buscar a Deus em todos os lugares onde estivermos. Mesmo se não conseguimos ver com nossos olhos, a nossa fé nos mostra onde Ele está. E Deus está presente em nossas vidas, interagindo conosco a todo momento, basta procura-lo com fé.

A parte dos Pokemons precisarem evoluir foi uma excelente analogia para mostrar que cada um de nós precisamos também evoluir, precisamos melhorar, precisamos buscar a nossa santidade e o meio de conseguir isso é fazendo sacrifícios. E nessa conversa meu filho mesmo me disse que precisava evoluir nas notas na escola! Vi que ele tinha entendido a mensagem. Agora vez ou outra eu pergunto para ele como estão as evoluções dos bichinhos e aproveito para perguntar o que ele fez naquele dia para evoluir como pessoa. Está sendo uma experiência muito boa essas conversas com ele.

Outra coisa que li a respeito do jogo é que ele estaria ajudando a movimentar o comércio, pois os locais que são “Pokostop” ou ginásios de batalhas ficam cheios de jogadores e os comerciantes estão aproveitando para vender mais. Isso eu pude comprovar. Meu filho foi ao shopping com os amigos e para poder ficar num desses lugares, que era um café, acabou pagando caro para tomar chocolate quente. Ele jamais faria isso se não fosse o jogo. Boa estratégia do dono do café...

Assim, mesmo os Pokemons sendo monstros (“pocket monsters” = monstros de bolso) não vejo o mal neles. Claro que o jogo pode se tornar um vício, e todo vício faz mal a pessoa. Tudo é uma questão de como usar, de ter equilíbrio e principalmente colocar limites. Aqui em casa esse jogo acabou estimulando o trabalho em equipe entre os irmãos, a disposição para andar a pé (o que era motivo de muita reclamação antes) e muitas conversas sobre a vida espiritual deles. Devidamente "batizado", o Pokemon Go pode ser um bom instrumento de evangelização das crianças e adolescentes, basta ser usado com discernimento e com sabedoria por parte dos pais.


photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/10426830@N08/28413422996">Pokemon Gym at the peak of Zion Observation Point</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

DIFERENTES E COMPLEMENTARES

Em nossa cultura, o entendimento correto da maternidade e da paternidade está mudando dramaticamente para pior. A forte influência do feminismo fez com que os homens, principalmente no papel de pais, fossem retratados como pessoas com boas intenções, mas que nunca fazem as coisas certas, com por exemplo no seriado dos Simpsons. Eles são retratados como incompetentes e que as mulheres estariam muito melhores sem eles.

E ao mesmo tempo, a vitalidade da maternidade foi diminuída. O foco da mulher mudou radicalmente do “servir” para o “ser servida”. A mídia retrata a mulher como uma espécie de diva que não tem nenhuma obrigação com os outros, apenas consigo mesma e que deve a qualquer custo buscar a sua felicidade.

Essa visão equivocada precisa ser contraposta dentro das nossas famílias. Precisamos mostrar aos nossos filhos e também à sociedade qual é o papel desejado por Deus para o homem e para a mulher e que ambos são diferentes, mas devem se complementar. Existe uma unidade entre os dois e os filhos precisam tanto da maternidade como da paternidade para desenvolverem sadiamente sua personalidade. As mães precisam da autoridade dos pais para apoiá-las; os pais precisam da intuição da mãe para equilibrar sua autoridade.

As crianças precisam ver que o pai enxerga uma situação de maneira diferente da mãe, mas os dois trabalham juntos para resolver qualquer questão dentro da família. Para constatarem isso na prática, é importante que os meninos façam atividades com suas mães e as meninas com seus pais. Mostrar em uma conversa como o homem reage diferente de uma mulher pode ser muito útil também, lembrando que tanto o ponto de vista masculino como o feminino são válidos. É importante não menosprezar as características do outro sexo.

Como educadores, os pais guiam seus filhos para aprender a usar tanto o intelecto como a intuição. A mente do homem que pensa, planeja e constrói, necessita do coração da mulher que percebe, responde e acolhe. É claro que isso não é uma regra absoluta, pois existem homens muito intuitivos e mulheres que planejam muito bem. É a mistura dos dois e a forma que complementam um ao outro que mais importa. Quando trabalhamos nossa complementariedade nossos filhos colhem benefícios imensuráveis.

Precisamos também demonstrar na frente de nossos filhos como nos amamos. Eles estão imersos numa cultura altamente sexualizada, então precisam ter exemplos sadios dentro de casa de como demonstrar carinho e afeto de uma maneira casta e pura. É vitalmente importante que nossos filhos nos vejam abraçando, de mãos dadas, dando um ao outro beijinhos inocentes, sentando lado a lado e curtindo realmente a presença um do outro. Isso mostra a eles que homem e mulher podem estar em um relacionamento amoroso sem necessidade de carícias sexuais, que é o que geralmente veem por aí.  

Além disso, ver os pais sendo carinhosos um com o outro faz com que se sintam amados e seguros. Quando as crianças sentem que seus pais realmente se preocupam um com o outro, eles se tornam mais seguros de si e são mais capazes de formar amizades sólidas e relacionamentos amorosos saudáveis no decorrer de suas vidas.

Para reflexão:
1. Como vocês, como família, podem promover respeito pela paternidade e maternidade?
2. Como casal, vocês se complementam um ao outro?
3. Vocês demonstram uma afeição casta na frente de seus filhos e com os seus filhos? Como podem melhorar isso?
4. Como vocês podem aumentar o espírito do trabalho em equipe em seu casamento?

photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/72933117@N07/15418211523">Promise</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/">(license)</a>

terça-feira, 12 de julho de 2016

FAMÍLIA NUMEROSA: LOUCURA OU SANTIDADE?


Minha avó Amábile disse que sempre sonhou ter 12 filhos. Ela teve 8, perdeu 2 e criou os 6 com muito amor. Depois vieram os genros e as noras, então ela dizia que completou o sonho de ter uma família numerosa.

E esse sonho não era só dela não: as mulheres de sua geração e de TODAS as gerações anteriores até o começo da humanidade sempre viram nos filhos um sinal de bênção e alegria. Uma família sem filhos experimentava uma enorme tristeza e sofrimento.

Apenas duas gerações depois da minha avó, essa sabedoria que estava enraizada no íntimo de todo ser humano praticamente desapareceu! Hoje os filhos são vistos como um “mal necessário”, como um fardo, como um poço sem fundo de despesas, como uma “doença” que precisa ser “evitada”.

Limitá-los a um mínimo (de preferência um, mas dois ainda é um número socialmente aceitável) é visto como a coisa “responsável” a se fazer. Afinal, quem tem muitos filhos é porque não tem TV em casa (!!) ou não sabe usar os milhares de contraceptivos que estão à disposição por aí.

São dois os grandes responsáveis por essa total mudança de mentalidade: as grandes fundações, como os Rockefeller e a Ford, e o feminismo. Pelos anos de 1950, essas fundações começaram a se preocupar com o crescimento populacional, concluindo que poderia haver falta de alimento, de espaço, se a população mundial continuasse crescendo. E se conseguissem diminuir a população, principalmente dos países subdesenvolvidos, evitariam muitas guerras. Para isso investiram muito dinheiro na pesquisa dos contraceptivos.

Porém, com o tempo, viram que não bastava inventar contraceptivos, pois as mulheres quando quisessem, paravam de usá-los e engravidavam. Então perceberam que precisavam mudar a mentalidade das mulheres, elas não deveriam mais QUERER ter filhos. Neste momento, o feminismo assumiu o papel de colocar na cabeça das mulheres que ser mãe era uma “escravidão” da qual precisavam se libertar. Falaram ainda que o marido era um “opressor”, que ser dona de casa e mãe era algo humilhante e que então, as mulheres precisavam se revoltar e abandonar essa visão machista do mundo.

Infelizmente eles conseguiram seu objetivo e estamos todos sofrendo suas consequências. Os países europeus e agora também os Estados Unidos estão enfrentando uma série crise demográfica: simplesmente não há mais crianças para levarem a sua cultura para frente. Os muçulmanos, que não foram contaminados por essa mentalidade ocidental, tem muitos filhos e em breve serão maioria absoluta na Europa, forçando uma mudança no estilo de vida daqueles povos.

Triste. Muito triste mesmo. E parece que ninguém está vendo isso. E o pior é que, quem está remando contra a corrente, quem está querendo mostrar ao mundo que ter muitos filhos é uma grande bênção, sofre perseguições de todos os lados, até dentro da própria família.

Todo mundo acha que tem o direito de opinar nas nossas escolhas. Quem tem uma família razoavelmente numerosa (3 ou 4 filhos) ouve todo o tipo de comentário, muitos até agressivos. Somos vistos como “aliens” e loucos, porém somos nós, as famílias que querem ter muitos filhos, que estamos tentando SALVAR O MUNDO e são os nossos filhos que irão ajudar a sustentar essas mesmas pessoas que nos criticam, quando elas ficarem idosas.

Quando estava na minha quarta gestação, tendo filhos de 5, 2 e 1 ano, olhavam para mim com espanto e diziam: “agora você vai laquear, né?” Eu respondia: “está maluco?? Eu vou me mutilar para não ter mais filhos, para não receber mais bênção??? Cirurgia serve para consertar algo que não funciona bem, para curar uma doença e não para estragar um órgão que está funcionando perfeitamente bem!!”  

Por isso este post é dedicado especialmente a você, pai e mãe de vários filhos: NÃO DESANIMEM! Não permitam que as críticas afetem as suas escolhas! São Paulo já dizia “a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana” (1Cor 1,25). Sim, somos loucos: loucos de amor por nossos filhos, pela nossa descendência e quanto mais filhos, mais amor!!

A felicidade verdadeira e duradoura só existe onde o amor superou o egoísmo. Pensar em si mesmo, procurar a própria felicidade, só causa solidão e angústia. Amar significa colocar o outro em primeiro lugar, fazer tudo pelo bem do outro. Só assim seremos verdadeiramente felizes. Desta forma, os filhos são a melhor forma de conseguirmos a felicidade, pois desde sua concepção, somos chamados a parar de pensar em nós mesmos e coloca-los em primeiro lugar, em nos sacrificarmos pelo bem deles. E eles nos levarão ao Céu!



quarta-feira, 6 de julho de 2016

RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

Os conflitos dentro da família são inevitáveis, mas é importante saber que a forma que lidamos com os conflitos afetam o futuro ajuste emocional e comportamento de nossos filhos. Se para nós pais, é difícil e complicado ver dois filhos brigando, sem saber quem fez o quê e ver uma multidão de agressões e um colocando a culpa no outro, imaginem como é para nossos filhos verem seus pais brigando. Quando os pais brigam na frente dos filhos, eles ficam no meio do fogo cruzado, tentando entender quem tem culpa e quem não tem e como resolver o problema. Além disso, as crianças nem sempre conseguem perceber a gravidade da situação: o que pode ser um pequeno desentendimento para os pais, pode parecer o fim do casamento para os filhos. Isso pode fazer com que se sintam confusos e desamparados. Então, nossa primeira decisão deve ser nunca brigar na frente dos filhos.

Porém, não importa o quanto nos esforçamos, haverá tempos em que os conflitos aparecerão, de uma forma explícita ou implicitamente. Esses tempos são ótimas oportunidades para ensinar a nossos filhos (e a nós mesmos) a melhor maneira de resolver conflitos.

Seguem aqui algumas dicas de como podemos resolver os conflitos de uma maneira mais sadia:

1. Entender o problema: parece óbvio, mas muitas vezes a esposa fala “A” e o marido entende “B” e vice-versa. A conversa logo vira discussão e acabam os dois falando e nenhum dos dois escutando. Como quebrar esse círculo? Quando um falar uma coisa que o outro não concorde ou até se sinta ofendido, antes de responder, repita o que o outro falou, para ver se entendeu corretamente. É incrível o número de discussões que não existiriam utilizando essa simples técnica. Além disso faça perguntas antes de falar sua opinião. Por exemplo: “o que você está enxergando que eu não consigo ver?”; “fale pra mim porque isso é importante para você”; “o que significou para você quando eu fiz isso? Fale como você viu essa situação.” A ideia é se colocar no lugar do outro e tentar entender seu ponto de vista.

2. Interprete sempre que o outro não quer ofender. Se entrarmos numa discussão com a certeza de que o outro é uma pessoa que nos ama e que jamais deseja nos machucar, então o caminho para a resolução é muito mais curto. Santo Inácio de Loyola disse: “Deve ser pressuposto que todo bom cristão seja ansioso para colocar uma boa interpretação sobre uma declaração do seu próximo do que condená-la. Além disso, se não se pode interpretá-lo favoravelmente, deve-se perguntar o que o outro quis dizer com isso.” Devemos ter claro que jamais sabemos realmente a intenção do outro, apenas sabemos o impacto de suas ações em nós. Se o impacto foi negativo, não significa necessariamente que o outro quis ofender.

3. Peça desculpas sempre. Se tivemos a intenção de ofender, claro que devemos nos desculpar. Se não tivemos a intenção e mesmo assim o outro se sentiu ofendido, também pedimos desculpas. Se interpretamos mal o outro, também nos desculpamos. Enfim, a melhor forma de “quebrar o gelo” é pedir desculpas, sinceramente, sem falsidade.

4. Não deixe os problemas se acumularem. Uma das piores coisas que podemos fazer em nosso relacionamento é deixar os problemas se acumularem. Se não cuidarmos, logo viram uma bola de neve gigante, que pode até acabar com o casamento. A melhor coisa a se fazer é conversar logo que surge uma situação conflituosa. Uma forma de manter sempre em ordem é nos reunimos uma vez por semana, em dia e hora marcados, para conversarmos sobre o nosso relacionamento. Rezamos juntos e nos perdoamos, se houver necessidade.

5. Jamais ofender o outro. Isso deve ser uma regra de ouro. Quando der vontade de falar algo para machucar, morder a própria língua! A ofensa só afasta e torna as coisas mais difíceis.

6. Comece uma conversa difícil com um elogio. Todos nós temos aspectos positivos e negativos. Quando precisarmos conversar sobre algo que não gostamos do outro, uma maneira de deixa-lo mais receptivo ao que vamos falar é começar com um elogio. Destaque o que gosta no outro, o que te deixa feliz e só depois fale, de maneira calma e com amor, o que você acha que o outro precisa melhorar. Tenha em mente que a única pessoa que conseguimos mudar é nós mesmos. Então fale o que você acha que o outro precisa melhorar, mas saiba que isso só vai acontecer se o outro conseguir ver o problema e quiser mudar.

7. Separe a pessoa do problema. Isso significa que você deve se posicionar de uma forma que os dois vejam o problema juntos. O problema não está em você nem no outro. Por exemplo: você acha que seu marido está trabalhando demais e que a ausência dele está prejudicando a família. O problema então é o excesso de trabalho e não o seu marido. A abordagem seria mostrar para ele como você acha que o excesso de trabalho está atrapalhando a família, sem acusações, ou críticas a pessoa do seu marido. Dessa forma ambos podem tentar achar a melhor solução para a situação e ele não se sentirá ofendido ou ameaçado.

8. Separe “posições” de “interesses”. A “posição” é a forma que você decidiu sobre determinada coisa. No exemplo acima, sua posição seria: meu marido deve trabalhar menos. O “interesse” é o que motivou você a tomar uma posição. Neste caso, seu interesse seria o bem estar da sua família. O que acontece é que interesses dos dois lados normalmente são os mesmos, a diferença está nas posições, como cada um decide resolver a questão. No mesmo exemplo, o interesse do marido também é o bem estar da família, só que a posição que ele tomou é justamente trabalhar mais para aumentar esse bem estar familiar. Desta forma, numa discussão é fundamental dizer qual é o interesse de cada um, pois demonstra o que realmente é importante e até podemos ver que isso que é importante pode ser obtido de forma diferente da posição que inicialmente tomamos.

9. Gere o máximo de opções antes de tomar uma decisão. Depois de identificado o problema e os interesses de cada um sobre a situação, vocês devem falar o máximo de sugestões possíveis para o problema, antes de tomarem uma decisão. Continuando nosso exemplo, possíveis soluções seriam: comprometer-se a não trazer trabalho para casa nos fins de semana; a esposa ajudar o marido em parte do trabalho (p. ex. pagar as contas); o marido, mesmo chegando cansado, reservar um tempo para contar histórias para os filhos; etc. Depois, vejam o que é mais viável e tomem uma decisão a respeito do que deve ser feito. Lembrem-se que a decisão não precisa ser perfeita ou permanente, podem fazer uma experiência e ver como funciona.

10. Coloquem os problemas nas mãos de Deus. Em qualquer situação, devemos pedir a Deus que cuide de nossos problemas e que nos ajude a solucioná-los. Ele sabe qual é o melhor caminho para nós seguirmos, então devemos pedir sua ajuda, especialmente do Espírito Santo, para nos iluminar e tomarmos as decisões de acordo com a Sua vontade. Ele é o maior interessado em nossa felicidade e que nosso relacionamento se aprofunde e amadureça.

photo credit: <a href="http://www.flickr.com/photos/12929727@N06/5533226289">Lost in Conversation</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/2.0/">(license)</a>


sexta-feira, 24 de junho de 2016

A CULTURA DO DIVÓRCIO


Vivemos num mundo do descartável: quebrou, compra novo; num mundo da satisfação imediata, basta um clique, que você tem tudo em suas mãos agora. Infelizmente essa mentalidade invadiu também os nossos relacionamentos: “se EU não estou feliz, é melhor separar”. Vivenciamos, como nunca, o aumento no número de divórcios e também das uniões sem casamento, para “facilitar” a ruptura, ficar mais fácil a separação. E quem sofre com isso? Todos nós, a sociedade como um todo experimenta o grande mal que a cultura do divórcio trouxe para nossas vidas e principalmente para a vida de nossos filhos.

Deus quis que o homem e a mulher se fundissem inseparavelmente num só corpo, isto é, com um vínculo de amor fiel até a morte. E qual a razão disso? Simples moralismo? “Caretice” de uma Igreja ultrapassada, que não entende as necessidades do homem moderno? NÃO. A indissolubilidade do matrimônio foi instituída PORQUE É O MELHOR PARA O SER HUMANO, é o melhor para o homem, para a mulher. A família estável é o melhor ambiente para que uma criança cresça e se desenvolva sadiamente.

Existe uma lei que domina toda a biologia animal: a maior ou menor estabilidade da união dos sexos é determinada pela duração das necessidades do desenvolvimento da prole. Essa é uma verdade evidente que Chesterton coloca de uma maneira muito clara:

“Todos os animais superiores exigem uma proteção paterna muito mais longa do que os inferiores; o filhote de elefante permanece filhote por muito mais tempo do que o filhote de medusa.

Além dessa tutela natural, o homem precisa de algo que é totalmente único na natureza: só os seres humanos precisam de educação. (...) A educação é um cultivo complexo e de muitas facetas, necessário para enfrentar um mundo igualmente complexo; e os animais, sobretudo os inferiores, não precisam dela. (...)

Se os jovens da espécie humana devem alcançar todas as possibilidades da cultura humana, tão variada, tão laboriosa, tão elaborada, devem estar sob a proteção de umas pessoas responsáveis durante os longos períodos exigidos pelo seu crescimento mental e moral. (...)

Quando compreendemos isto, entendemos por que as relações entre os sexos normalmente são estáticas, e em muitos casos permanentes. (...) O ambiente de algo seguro e estável só pode existir lá onde as pessoas são capazes de ver tanto o futuro como o passado. As crianças sabem com exatidão o que significa ‘chegar em casa’, e as mais felizes conservam esse sentimento ao longo de todo o seu desenvolvimento. (...)

Essa é, na experiência prática, a ideia básica do matrimônio: a de que fundar uma família é algo que deve ser feito sobre um fundamento firme; que a educação das crianças deve ser protegida por algo que é paciente e permanente. Essa é a conclusão comum de toda a humanidade; e todo o senso 
comum está a seu lado.”[1]

Uma pesquisa realizada pelo Wall Street Journal, dos Estados Unidos, revelou que nenhuma outra instituição social se revelou mais apropriada do que o casamento para cuidar das necessidades humanas. O divórcio e a paternidade fora do casamento são responsáveis por muitos dos males aparentemente incuráveis que acometem a nossa sociedade. Gravidez na adolescência, delinquência juvenil, pobreza infantil, distúrbios de comportamento, dificuldade de relacionamento e de ver o casamento como uma instituição saudável, refúgio na bebida e nas drogas, promiscuidade, entre outros.

Essa questão é muito séria. Estamos tratando do futuro da nossa sociedade, da felicidade dos nossos filhos. O divórcio não resolve nada, muito pelo contrário, cria problemas ainda maiores, tanto para o casal, como para os filhos.

O jornalista britânico Paul Johnson conta sobre o seu matrimônio: “É normal que duas pessoas que vivam juntas tenham amiúde pontos de vista diferentes; saber resolver essas diferenças com simplicidade faz parte da dinâmica vital e do processo de amadurecimento da pessoa. Divorciar-se significa romper esse processo de crescimento, arrancar pela raiz a planta viva e lança-la, sem necessidade, ao fogo. (...) Os matrimônios duradouros edificam-se sobre os estratos arqueológicos de brigas esquecidas.”

Mas onde essa “cultura do divórcio” começa? É na ideia insana de que para ser feliz, a pessoa precisa pensar PRIMEIRO em sua REALIZAÇÃO PESSOAL. O egoísmo reina soberano e onde há egoísmo, não tem amor que resista. O ser humano foi criado para se vincular, para se entregar a outro e só pode ser feliz na medida que faz o outro feliz. Não existe felicidade sozinha, felicidade pessoal, o que existe é ser feliz na medida em que as pessoas que amamos são felizes. E o grande responsável pela felicidade daqueles que amamos é nós mesmos!

O egoísmo leva à imaturidade: quando penso só em mim, permaneço infantil, como aquela criança que quer tudo para si, que acha que o mundo gira em torno de si mesma. Essa fase precisa ser superada. É preciso ver que vivemos em sociedade, que não existe o que é bom só para mim, preciso ver o que é bom para todos. É preciso ensinar nossos filhos desde pequenos que precisamos pensar no outro, no bem da família. Quando há disputa entre os irmãos, a pergunta que deve ser feita a cada filho é: “Qual é a escolha mais generosa que você pode fazer nesse momento?”

Para sermos felizes, precisamos vencer o egoísmo, aquela voz interior que diz que tenho que buscar primeiro a mim, ao que eu gosto, ao que me dar prazer. Amar e ser feliz exige muito sacrifício, o sacrifício de colocar a sua vontade em segundo plano, para fazer o que mais agrada ao outro. Essa é a lógica do amor: eu me sacrifico por você e você se sacrifica por mim, assim construímos juntos a nossa felicidade.

Dom Rafael Llano Cifuentes nos ensina: “É deste modo, talvez descontínuo, intermitente, que se constrói – dia a dia, tijolo a tijolo, com um sacrifício unido a outro, com uma renúncia vivida ao lado de outra -, a felicidade conjugal, renovando uma e outra vez – apesar das diferenças e conflitos – a fidelidade, até que a morte separe os dois esposos. Chegará um momento em que a fidelidade se renovará nos céus, onde a felicidade se prolongará por toda a eternidade.”

Precisamos dizer NÃO à cultura do divórcio. O divórcio nunca deve ser uma opção. Toda crise tem solução. É necessário esforço e sacrifício por parte dos cônjuges e na imensa maioria dos casos, a crise só fortalece o relacionamento, torna as pessoas mais maduras e mais felizes.



[1] CIFUENTES, Rafael Llano “As crises conjugais”, ed Quadrante, São Paulo, 2001, pgs. 10-12
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