segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

CULTURA DO PRAZER E VISÃO EQUIVOCADA DO MATRIMÔNIO

CULTURA DO PRAZER
A cultura hedonista afirma que não há outro bem - bem absoluto - senão o prazer, e outro mal senão a dor. O lema deste sistema moral é: “deve-se procurar o prazer e fugir da dor.”
O prazer é a moeda de troca onde tudo acontece em torno da vontade, em satisfazer a vontade a qualquer custo. A impulsividade em consumir uma droga ilícita, fazer sexo pelo sexo sem afeto natural, mentiras, desejo exacerbado por dinheiro, consumismo (adquirindo coisas pelo simples prazer de consumir), ou seja, em tudo aquilo que proporciona o prazer imediato e fugindo de tudo aquilo que possa causar algum desconforto, que custe alguma renúncia.
Todavia, observa-se que esta busca desenfreada pelo prazer só causa vazio, angústia e escravidão, pois quanto mais as vontades próprias são satisfeitas, mais escravo a pessoa se torna delas, chegando um momento em que a razão não consegue mais dominar as ações, originando os vícios.
Dentro da família a cultura hedonista é fatal, pois se cada membro busca apenas o seu prazer, o seu bem estar e não se preocupa com a felicidade do outro, em pouco tempo a família se dissolve,  já que o amor verdadeiro é alimentado pelos sacrifícios que são feitos em prol da pessoa amada, e sendo estes inexistentes, resta apenas o egoísmo.

VISÃO EQUIVOCADA SOBRE O MATRIMÔNIO

Grande parte da infelicidade observada nos cônjuges se deve à falta de conhecimento a respeito do matrimônio, de suas finalidades e exigências, posto que o casamento hoje é visto mais pelo lado social e econômico, do que no sentido espiritual, de verdadeira  comunhão de pessoas, de solidariedade de destinos.

No mundo de hoje, casa-se para ser feliz, para ter uma casa, para dividir despesas e somente enquanto este contrato traga felicidade e prazer, ou “enquanto der certo”. Como disse mais de uma vez o Pe. José Kentenich, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, “o matrimônio não é mesa de prazeres, mas mesa de sacrifício.”[1]
O homem e a mulher, em consequência da aliança matrimonial, "já não são dois mais uma só carne"[2], sendo chamados a crescer continuamente nesta unidade, através da fidelidade, do respeito mútuo e principalmente dos sacrifícios diários do próprio eu em benefício do cônjuge. Assim, "testemunhar o valor inestimável da indissolubilidade e da fidelidade matrimonial é uma das tarefas mais preciosas e mais urgentes dos casais cristãos do nosso tempo"[3].

Atualmente a ideia reinante sobre os filhos é que estes são “um mal necessário”, que devem ser evitados ao máximo e concebidos apenas quando e se o casal já conquistou grande parte do que gostaria e daí sim, poderão ter um (e não mais que um) filho para também satisfazer um desejo individualista de posteridade.

Esta visão egoísta sobre a fecundidade é uma das consequências da cultura hedonista, pois gerar e criar um filho custa muito sacrifício por parte dos pais, não proporcionando muitos prazeres, por isso deve ser evitado.

O filho é visto como um objeto a ser adquirido e como tal deve “funcionar” da maneira que se espera e atender a todas as expectativas do “pai-consumidor”. Para que não dê aborrecimentos, são concedidos ao filho todos os seus desejos, apenas para que ele pare de incomodar.

A maternidade se resume a dar a luz ao bebê, sendo que logo aos quatro meses de vida, aquela criança já deve ser encaminhada a creches, ou ser deixada ao cuidado de babás ou parentes, para que a mãe possa voltar ao seu posto profissional, encarado como uma “conquista” da mulher, pois assim ela tem sua independência.

O que se presencia muitas vezes são mulheres que gastam praticamente todo o seu salário para pagar terceiros para cuidar de seus filhos, sejam escolas em período integral ou babás. Preferem passar o dia trabalhando fora de casa, pois lá tem o “reconhecimento da sociedade”, sente-se mais “útil”, “economicamente ativa”, mas financeiramente praticamente não há ganho. E emocionalmente, há uma grande perda, tanto para a mãe como para o filho, que perde toda a referência de autoridade, de cuidado e de amor.

É preciso alertar, principalmente aos jovens, que muitas vezes já são frutos deste tipo de relacionamento, do verdadeiro valor e significado do matrimônio e da enorme benção que é na vida do casal e de cada pessoa se tornar pai e mãe.

“A família não é para o homem uma estrutura acessória e extrínseca, que impede seu desenvolvimento e sua dinâmica interior. O homem, por sua própria natureza, é um ser social, que não pode viver sem desenvolver as suas qualidades sem entrar em relação com os outros”[4]




[1] “Família Serviço à Vida, Vol. I, pg. 44, editado pelo Instituto das Famílias de Schoestatt, Vallendar, Alemanha, 1994
[2]  Mt. 19, 6; Gn. 2, 24
[3] Familiaris Consortio, item 20
[4] Constituição Pastoral Gaudium et spes, Papa Paulo VI, 1965
CRÉDITO DA FOTO: PHOTOPIN.COM

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