terça-feira, 5 de abril de 2016

PERGUNTAS SOBRE REPRODUÇÃO ASSISTIDA - PARTE 3

Hoje publico a última parte das perguntas sobre reprodução assistidas, baseadas no capítulo 7 do livro Good News About Sex and Marriage, de Christopher West. Como das outras vezes, fiz algumas adaptações na tradução. Sugerimos como complemento de leitura e para maiores esclarecimentos sobre a questão, a Instrução Donun Vitae, que pode ser obtida aqui.

5. Entendo que as crianças devem ser frutos do amor de seus pais. Mas as crianças concebidas dessas tecnologias não podem ser frutos do amor de seus pais a nível espiritual?

É verdade que o amor é espiritual, para Deus, que é puro Espírito, que é amor. Mas os seres humanos não são puro espíritos. Nós somos pessoas com corpo. E no e pelo nossos corpos que somos imagens de Deus e compartilhamos seu amor com os outros. Isto é bem exemplificado na expressão de amor única do matrimônio: a união do marido e da esposa em uma só carne.

Os esposos que buscam tais procedimentos tecnológicos podem fazer isso porque querem uma criança para amar. E eles podem certamente amar a criança uma vez que ela é produzida. Todavia, por mais que desejamos pensar que é possível, nenhuma ginástica mental ou força do pensamento pode transportar o "amor espiritual" do casal para fora de seus corpos e para dentro do procedimento do médico ou cientista. O fato permanece de que a origem de tal criança não é o amor encarnado de seus pais, mas o resultado de procedimentos tecnológicos despersonalizados.

6. É terrivelmente cruel a Igreja negar a um casal que se ama o direito de ter um filho quando eles desesperadamente querem um.

O desejo de um casal por um filho é muito natural. A Igreja é a primeira a reconhecer e dividir o doloroso sofrimento de casais que descobrem que não são capazes de conceber. É natural querer aliviar o sofrimento do casal ao garantir a eles suas legítimas aspirações sempre que possível. Mas como já dissemos, nos encontramos em um terreno muito perigoso se deixarmos simplesmente nossa empatia guiar nossas decisões morais, especialmente quando essas decisões dizem respeito a própria vida e destino de outro ser humano.

A Igreja é defensora dos direitos legítimos das pessoas. Ela nunca os nega. Esposos, entretanto, não podem reivindicar o direito de terem filhos. Os filhos são presentes de Deus. Nenhum casal tem direito a eles, nem eles podem ser exigidos. O compromisso que o casal faz no altar é de "receber com amor os filhos que Deus lhes confiar" reflete essa realidade.

Os esposos tem o direito apenas de ter relações sexuais e pedir que a vontade de Deus seja feita. Eles certamente são livres para fazer com que as condições para a concepção sejam as melhores possíveis, mas quer que uma criança seja o resultado ou não dessa doação mútua deve ser deixada nas mãos de Deus. O ensinamento da Igreja sobre a imoralidade intrínseca da fertilização artificial na realidade garante o único direito humano em questão: o direito da criança de ser fruto do ato específico do amor conjugal de seus pais.

7. Deus não nos ordenou que dominássemos a natureza?

Deus ordenou que submetêssemos a terra e dominássemos os animais (Gn 1,28). Contanto que sejamos administradores responsáveis, somos livres para manipular a criação para o nosso benefício. Não há nada de errado, por exemplo, em inseminar artificialmente o gado. Ele não é chamado para amar como imagem de Deus. Mas este domínio não se estende sobre seres humanos.

Nem o corpo pode ser considerado como parte do reino da natureza "sub humana" sobre a qual temos o domínio. Como João Paulo II avisou em sua Carta às Famílias: "Quando o corpo humano, considerado fora do espírito e assim ser usado como um material bruto da mesma forma que os corpos dos animais são usados... nós inevitavelmente chegamos a uma derrota ética terrível."

8. Nós temos uma filha linda que foi concebida por inseminação artificial. Nós rezamos muito para que Deus nos abençoasse com uma criança e acreditamos que ele o fez. Nós não podemos imaginar nossas vidas sem ela. Eu me recuso a acreditar que o que fizemos foi errado.

Admitir que o que você fez foi errado não significa que você deve concluir que sua filha em si mesmo é "errada". Nem significa que a existência de sua filha não é um presente de Deus. Ela é um presente de Deus.

Deus está sempre procurando por "desculpas" para nos abençoar e nos mostrar seu amor, mesmo (acredite se quiser) quando agimos fora de seu plano. Ainda, mesmo que uma grande bênção veio disso, a maneira da concepção dela permanece uma injustiça para com ela. Honestamente, e para o bem de todos os envolvidos, é preciso reconhecer isso.

É um caso semelhante a uma criança concebida fora do casamento. Mesmo que ela seja muito amada e uma verdadeira bênção para a família, não exclui o fato de que o que os pais fizeram (sexo fora do casamento) seja muito errado. Fingir de forma contrária seria uma injustiça adicional a todos os envolvidos, especialmente para a criança.

Nada está fora do amor redentor de Deus, exceto o orgulho que recusa a admitir quando erramos.

9. Temos filhos gêmeos que foram concebidos in vitro. Sabíamos que a Igreja ensinava que era errado, mas até agora não entendíamos esses ensinamentos. O que devemos fazer?

Primeiramente, continue a amar seus gêmeos e sejam gratos a Deus por eles. Eles são um sinal de que Deus os ama e confiou a vocês estas vidas preciosas mesmo quando vocês se afastaram de sua vontade e fizeram a vontade de vocês. Não devemos presumir a misericórdia de Deus, mas quando expressamos verdadeiro arrependimento pelos nossos erros, devemos certamente contar com sua misericórdia.

Encontrem um padre que entenda essas questões e confessem com ele. Quando o padre os absolver, saibam que o próprio Cristo os está absolvendo.

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