Ano passado comemoramos 25 anos
de casados. Foi um momento maravilhoso de agradecimento por todas as graças e
bênçãos recebidas durante todos esses anos, especialmente pelo dom da vida de
nossos quatro filhos: Gabriel (21), Nicole (18) Matias (17) e a Júlia que já
nos precede no Paraíso.
Os jubileus são momentos de
alegria e essa palavra vem do latim “iubilatio” que é justamente uma das formas
de alegria. Além da alegria, são momentos de reflexão e uma das coisas que
refleti foi sobre a grandeza do sacramento do matrimônio.
Reflexões sobre os sacramentos da
confissão e da eucaristia são mais frequentes para mim. Lembro também sempre do
sacramento do batismo, que me tornou filha de Deus. Mas o sacramento do
matrimônio raras vezes fez parte das minhas meditações e gostaria de
compartilhar com vocês sobre o que pensei.
Este mistério é grande (Ef
5,32)
São Paulo, na carta aos Efésios,
fala sobre o matrimônio: “Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à
sua mulher, e os dois constituirão uma só carne. Esse mistério é grande, quero
dizer, com referência a Cristo e à Igreja. Em resumo, o que importa é que cada
um de vós ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido”
Ef 5,31-33
O sacramento do matrimônio é um
grande mistério porque, ao ver um casal, deveríamos poder enxergar o amor de
Cristo pela Igreja e da Igreja por Cristo. Um amor tão grande que é capaz de
dar a vida um pelo outro.
A importância da
indissolubilidade
O matrimônio ser indissolúvel
significa que o compromisso assumido no altar perante Deus e a comunidade só se
desfaz com a morte de um dos cônjuges. Essa característica do sacramento foi
determinada pelo próprio Jesus, quando ele disse: “Assim, já não são dois,
mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu.” (Mt 19,6)
Essa indissolubilidade é uma
exigência do próprio amor, afinal ninguém diz ao outro: “vou te amar só por 5
anos...” O amor verdadeiro é para sempre, enquanto o outro viver. Principalmente
quando a convivência está difícil, é importante recordar dessa promessa feita
no altar, pois o motivo de se casarem foi para ajudarem um ao outro chegarem um
dia ao Céu e o caminho para o Céu passa pela porta estreita.
A prova maior que os dois
realmente se tornaram uma só carne é a vida do filho. Marido e mulher se uniram
no amor e dessa união resultou uma nova pessoa, uma nova alma imortal, que foi
feita da carne de um e de outro e agora é impossível separar. Olhar o filho, o
fruto de seu amor, deve dar as forças necessárias para cada cônjuge resistir à
tentação de pensar em separação.
Uma graça especial
Sem a ajuda da graça, isso é
impossível, pois tanto o marido como a esposa são seres com defeitos e
limitações e amar exige alto grau de heroísmo e de luta contra o egoísmo. Por
isso, o casal ao receber o sacramento do matrimônio, recebe também uma graça
específica que só esse sacramento pode dar: a graça da santificação do
vínculo
Isso significa que quem recebe
esse sacramento tem o direito de pedir a Jesus essa graça toda vez que o
relacionamento estiver difícil. Essa graça vai ajudar a moldar tanto o homem
como a mulher para que efetivamente se tornem uma só carne, um só coração.
É através dessa graça também que
o casal poderá realizar a primeira finalidade do matrimônio, que é o bem dos
cônjuges. É ela que possibilita que um faça o outro feliz e que ambos caminhem
juntos rumo ao Céu.
Ultimamente vemos tantos casais
que decidem morar juntos sem receber o sacramento do matrimônio. Meu marido e
eu fazemos parte da equipe de preparação para o matrimônio de nossa paróquia e
no último encontro de noivos, dos 12 casais presentes, todos já moravam
juntos; alguns inclusive há mais de 10 anos e estavam ali para regularizar sua
situação perante a Igreja.
Claro que é uma alegria quando um
casal procura a Igreja para receber o sacramento, mas é importante sabermos a grande
diferença dos casais que simplesmente decidem morar juntos daqueles que optam
por receber o sacramento do matrimônio. Quem recebe o sacramento, recebe essa
graça tão especial e tem muito mais chances de que o casamento seja mesmo
duradouro. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos atesta que morar juntos, sem o
sacramento do matrimônio, aumenta as chances de divórcio[1].
Tenho certeza de que essa graça
que recebemos há mais de 25 anos e a consagração que fizemos de nossa família a
Nossa Senhora é que nos sustenta, aumentando a cada dia nosso amor. Hoje meu
maior desejo é que meus filhos também possam receber essa graça e formar santas
famílias católicas, caso não sejam chamados a consagrarem suas vidas
inteiramente a Deus como religiosos ou sacerdotes...