Vamos refletir sobre as importantes questões levantadas pelo Pe. Nicolás Schweizer, publicado em suas Reflexões, No. 76, de 01.02.2010.
Existe uma
ambiguidade que caracteriza aos sinais e milagres de Jesus Cristo.
Por um lado, os
evangelhos estão cheios de milagres. O caminho de Jesus está marcado por
acontecimentos prodigiosos: os cegos recobram a vista, os coxos andam, os
leprosos ficam limpos, os mortos ressuscitam.
Por outro lado, Cristo é reticente com os milagres.
Multiplica os sinais, mas não pretende apresentar-se como taumaturgo. Vem para
trazer a salvação, não para fazer milagres. Evita todo sensacionalismo, se nega
decididamente ao espetacular.
Se, olharmos
atentamente o Evangelho, podemos dizer que existem duas coisas que são capazes
de arrancar-lhe milagres: a fé dos que pedem e a miséria dos homens.
1. A fé de quem pede. Um rosto que implora
com fé é um espetáculo diante do qual Cristo não pode resistir. É seu ponto
débil. Deixa escapar expressões de admiração: “Mulher, que grande é tua fé!” E
não pode evitar realizar o milagre: “Faça-se segundo teus desejos...”
2. A miséria humana. Quando Jesus se
encontra pelo caminho com a miséria, sente-se quase obrigado a presentear o
milagre. Em muitos casos, nem sequer é necessário que formulem um pedido
explícito. Basta ver a presença da dor. P.ex. as lágrimas de uma mãe que
acompanha ao sepulcro seu único filho. E Cristo responde imediatamente. Não
pode ver como os homens sofrem.
Tratando-se
de nós, há cristãos que querem ver milagres
a todo custo. Como se sua fé estivesse pendente, mais que da palavra de Deus,
dos milagres. Sua vida se desenvolve sob o signo do extraordinário, do
excepcional, às vezes até do extravagante.
Não
compreenderam que a fé é o que provoca o
milagre. E não o contrário. Alteraram o procedimento de Jesus. No evangelho
aparece com claridade que o Senhor ressalta a liberdade, deixa a porta aberta,
sem obrigar ninguém a entrar, sem golpes espetaculares. Ele é vencido só pela
fé dos homens.
Mas existe
também uma postura contrária, também fora de sintonia. São cristãos que tem
medo, que quase se envergonham do milagre. Pretendem impedir que Deus
seja Deus. Gostariam de aconselhar-lhe que não é oportuno, que é melhor, para
evitar complicações, deixar em paz o campo das leis físicas. Como se Deus
estivesse obrigado a pedir-lhes conselho antes de manifestar sua própria
onipotência. Esquecem que os milagres são a expressão da liberdade de Deus.
Nossos milagres. Por
cima destas atitudes frente aos milagres e sinais de Deus, está a obrigação
precisa para todos nós: Cristo nos deixou a recomendação de fazer milagres.
É o “sinal” de nossa fé. Mais ainda, havemos de “converter-nos” em milagres:
Milagres de coerência, de fidelidade, de misericórdia, de generosidade, de
compreensão.
Uma vez mais
esta “geração perversa pede um sinal”. E tem direito a esperá-lo de nós,
os que nos chamamos cristãos. Que sinal podemos oferecer-lhes? Que milagre
podemos apresentar-lhes?
Uma resposta ao mundo que nos rodeia. Nosso caminho
passa por um mundo que tem fome, fome de pão e fome de amor. Um mundo
enfermo de desilusões. Um mundo cego pela violência. Um mundo assolado pelo
egoísmo. Não podemos passar por esse caminho limitando-nos a contar-lhes aos
demais, os milagres de Jesus. Não podemos contar com seus milagres. Havemos de
contar com os nossos.
O que buscam
os homens desse mundo são nossos milagres de cada dia: nossos milagres
de fé, de amor, de transformação, de vida cristã.
Perguntas para a reflexão:
1.
Que milagre de transformação
podem ver em mim?
2.
Que ofereço aos que buscam
algo?
crédito da foto: photopin.com
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