sexta-feira, 17 de agosto de 2018

O PODER DA HUMILDADE


A humildade, segundo o Pe. Antonio Royo Marín é "uma virtude derivada da temperança, que nos inclina a coibir ou moderar o desordenado apetite da própria excelência, dando-nos o justo conhecimento de nossa pequenez e miséria principalmente com relação a Deus". Assim, uma pessoa é humilde na medida em que se conhece realmente, sabendo de suas qualidades, mas principalmente de seus defeitos e entendendo que nada pode por si mesma, que tudo o que é e possui, foi lhe presenteado por Deus para ser colocado ao serviço dos outros.

Em nosso mundo moderno, tudo conspira contra a humildade. Somos incentivados a ter cada vez mais coisas, a buscar um lugar de destaque, a fazer tudo para conquistar mais poder. E isso ainda não basta: precisamos nos exibir para todos através das mídias sociais para mostrar como somos importantes!

E o que esse estilo de vida acarreta? Transformamo-nos em pobres insatisfeitos que tudo querem ter e experimentar. Colocamos nosso “eu” no centro de nossas vidas e nos esquecemos de olhar para o lado, para o outro que pode estar precisando de ajuda. Tornamo-nos cada vez mais egoístas, cheios de direitos e qualquer mínima ameaça à imagem que temos de nós mesmos é capaz de despertar uma grande ira e partimos para o ataque.

Quanto maior o nosso ego, maior é o alvo para qualquer coisa nos atingir. E isso nos torna fracos, suscetíveis, mal humorados, rabugentos e reclamões. Então, a verdadeira força, o verdadeiro poder está na humildade. Pela humildade reconhecemos quem realmente somos: criaturas imperfeitas, que precisam uns dos outros para sobreviver e ser feliz.

Mas como alcançar a verdadeira humildade? São João da Cruz nos ensina: “mostra-te sempre mais propenso a ser ensinado por todos do que a querer ensinar quem é inferior a todos.(...) Alegrando-te com o bem dos outros como se fosse teu e procurando sinceramente que estes sejam preferidos a ti em todas as coisas, assim vencerás o mal com o bem, afastarás o demônio para longe de ti e alegrarás o coração. Procura exercita-lo sobretudo com aqueles que te são menos simpáticos. E sabe que, se não te exercitares nesse campo, não chegarás à verdadeira caridade nem tirarás proveito dela.”

O Papa Francisco também nos mostra o caminho da humildade: “A humildade só se pode enraizar no coração através das humilhações. Se não fores capaz de suportar e oferecer a Deus algumas humilhações, não és humilde nem estás no caminho da santidade. (...) Não digo que a humilhação seja algo de agradável, porque isso seria masoquismo, mas se trata de um caminho para imitar Jesus e crescer na união com Ele. Isso não é compreensível no plano natural, e o mundo ridiculariza semelhante proposta. É uma graça que precisamos implorar: ‘Senhor, quando chegarem as humilhações, ajuda-me a sentir que estou seguindo atrás de ti, no teu caminho.’” (GE 118 e 120)

A humildade nos liberta de nós mesmos e começamos a olhar o outro com mais compaixão e misericórdia. Tomamos consciência de que somos fracos, que podemos cair a qualquer momento, assim fica mais fácil perdoar também aquele que nos magoa. Diante de uma ofensa, quem tem um reto conhecimento de si mesmo e é humilde, pensa: “se eu tivesse tido a mesma educação, sofrido os mesmos traumas, vivido as mesmas experiências que essa pessoa que me ofendeu, provavelmente teria agido muito pior.”

Não é nada fácil chegar à verdadeira humildade. Todo ser humano nasce 100% egoísta, querendo que o mundo gire em torno de si, então esse trabalho de se libertar do próprio eu leva uma vida toda. Um santo já disse: “o egoísmo morre 15 minutos depois que a pessoa morre!”. Então, precisamos pedir insistentemente a graça da humildade. Sugerimos a oração da ladainha da humildade, composta pelo Cardeal Merry del Val:

Jesus, manso e humilde de coração, ouvi-me.
Do desejo de ser estimado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser amado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser preferido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser consultado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser caluniado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser esquecido, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser infamado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, ó Jesus.
Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros sejam estimados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuido, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora me torne o mais santo quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.

 photo credit: Catholic Church (England and Wales) <a href="http://www.flickr.com/photos/27340278@N03/13759363753">Conference day 2</a> via <a href="http://photopin.com">photopin</a> <a href="https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.0/">(license)</a>

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