segunda-feira, 10 de novembro de 2014

DEIXAR-SE CONHECER

Conhecidos os temperamentos de cada cônjuge, o próximo passo para que se realize a união dos dois é o “deixar-se conhecer”: marido e esposa precisam abrir-se ao outro, revelar o que passa dentro de si, seus anseios, sonhos, necessidades, dúvidas, enfim, o seu “ser”. Somente através do conhecimento profundo do outro é que a união se torna possível.
O conhecimento do outro só é possível através do diálogo. “Diálogo é o encontro pessoal e personalizante entre duas ou mais pessoas.”[1]Assim, para existir o diálogo é necessário que haja um encontro pessoal com o outro, ou seja, reservar um tempo para estar com seu parceiro e então poderem estabelecer esta comunicação.
Para haver realmente a comunicação aberta entre os cônjuges é necessária uma atitude de profundo respeito pela personalidade do outro, uma vontade firme de buscar este conhecimento e também de deixar-se conhecer, uma abertura ao outro, a aceitá-lo como ele é, com suas capacidades e imperfeições, como obra-prima do Criador.
Deve-se ressaltar, porém, que esta abertura ao outro tem um certo limite, o chamado “mistério da personalidade”.
“Em toda pessoa há uma riqueza profunda que não pode ser esvaziada. Nós falamos do sacrário do coração, sacrário da alma, aquele último cantinho que pertence somente a Deus. (...) Mantenho, então, um mínimo de reserva, um mínimo de interioridade: não me descrevo totalmente por dentro senão que deixo sempre algo que no fundo se entrevê. (...) É aos poucos, por conseguinte, que descubro esta grandeza, algo do que há de Deus no tu. Tenho que aprender a descobrir, a olhar o outro, o tu, com o olhar de Deus à luz da fé. Assim, vou descobrindo cada vez algo mais interessante e me vou enamorando cada vez mais. (...) Devemos ter cuidado com o que um revela para o outro, seja na ordem da miséria ou da grandeza pessoal. Podemos revelar só em parte; o mais íntimo e o mais profundo de minha oração e de meu encontro com Deus, sempre permanecerá um mistério para o outro. (...) Há coisas que pertencem à comunidade conjugal e coisas que são pessoais. O que é conjugal, o que é da comunidade, deve se dizer sempre. Por exemplo, se há problemas econômicos, o marido não irá inquietar a mulher com esses problemas, porém informa-a de tal maneira, que ela saiba em quem carro está andando. Todavia, há outras coisas que são estritamente pessoais, e o limite entre o conjugal e o pessoal é diferente para cada pessoa e para cada casal.”[2]
Existe uma grande diferença entre conversar e dialogar. Na conversa, as pessoas falam de algo que não lhes dizem respeito diretamente e refere-se a fatos exteriores que não as envolvem pessoalmente, transmitindo apenas informações, como, por exemplo falar de outras pessoas, ou de acontecimentos gerais, sobre o clima, etc.
No diálogo, todavia, existe uma comunicação do que se passa no interior da pessoa, o que ela sente, como ela pensa a respeito de determinado assunto, o que gosta ou não gosta, quais são seus sonhos, alegrias, projetos, etc.[3]
Portanto, na família deve se procurar sempre o diálogo como forma de conhecer o outro, de saber o que pensa, como pensa, pois somente o diálogo pode proporcionar este conhecimento. As conversas sempre existirão, porém, é aconselhável tentar transformar as simples conversas em diálogos, extraindo da mera comunicação dos fatos o que o interlocutor pensa a respeito dos mesmos.
Todos possuem a necessidade de serem compreendidos e valorizados. A compreensão é uma forma de aceitação do outro como ele é, com toda sua originalidade. E a necessidade de ser acolhido e valorizado pressupõe que o outro realmente saiba como a pessoa realmente é, ou seja, a compreenda.
Desta forma, o diálogo conjugal é fundamental para a compreensão mútua, a aceitação recíproca e assim, o amadurecimento do amor. Para que o diálogo seja fecundo, o mesmo precisa ser revestido de respeito e amor. O respeito leva a pessoa captar a grandeza do outro e o amor leva a se interessar e procurar se abrir para o outro.
Uma das características para que este diálogo seja proveitoso é que os cônjuges devem saber escutar.
“Escutar pacientemente, sabendo que temos sempre algo a aprender com o outro. Saber escutar é condição indispensável para o diálogo. Do contrário, não passará de um monólogo. A atitude de escutar é um respeito devido a quem nos fala.(...)Pessoas prepotentes excluem a possibilidade de um diálogo, pois ninguém gosta de conversar com quem sempre tem razão.”[4]
O ideal é que o casal dialogue sempre. Para garantir esse diálogo, recomenda-se, que pelo menos uma vez na semana, por um período de cerca de uma hora, o casal se reúna para dialogar. Deve ser um compromisso assumido pelos dois, marido e mulher, em prol de sua família, de seu relacionamento, para o cultivo do seu amor.
Portanto, o “deixar-se conhecer” é realizado através do diálogo conjugal que precisa ser bem cultivado pelo casal e assim caminharão mais seguramente no caminho da plena comunhão de vida e alcançarão a tão sonhada felicidade.




[1] “Diálogo em quatro dimensões”, TOALDO, Olindo e Marilene, pg. 37, Scala Gráfica e Editora, Atibaia/SP, 2003.
[2] “Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pgs. 33-35, impresso como manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS
[3] “Diálogo em quatro dimensões”, TOALDO, Olindo e Marilene, pg. 56, Scala Gráfica e Editora, Atibaia/SP, 2003.
[4] “O dever de sentar-se. Diálogo Conjugal”, Equipes de Nossa Senhora, 2ª edição, Edições Paulinas, p.24-25 São Paulo, 1982
CRÉDITOS DAS FOTOS: PHOTOPIN.COM

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

UNIÃO DO HOMEM E DA MULHER

O segundo aspecto do casamento consoante os desígnios de Deus é a união entre o homem e a mulher. Parece óbvia a afirmação de que o homem que contrai matrimônio se unirá à sua mulher e vice-versa, porém, ao analisar o que esta expressão significa, ver-se-á que não é tão fácil nem tão óbvio assim.
O primeiro passo a ser dado para a união do homem e da mulher é o mencionado no post anterior, ou seja, deixar pai e mãe. Superada esta fase, o casal precisa buscar realmente a sua união.
Imagine-se um quebra-cabeça com várias peças soltas. Para conseguir unir cada peça, é preciso conhecer o formato de cada uma, analisar como se encaixam, para então formar um quadro unido e harmonioso.
Da mesma forma, para que um casal possa realmente se unir, é necessário um conhecimento profundo de si mesmo e um do outro. Sem o conhecimento de suas próprias qualidades e defeitos e também do lado positivo e negativo do outro, como se fossem peças de um quebra-cabeça, é impossível a perfeita união dos dois.
Se a pessoa não conhece a si mesma, tampouco pode conhecer aos demais, incluindo seu cônjuge, nem se entender e relacionar com eles. Esse autoconhecimento a ajuda a compreender seus atributos positivos e suas limitações, tornando-a ao mesmo tempo humilde e forte, auxilia em seu crescimento pessoal de forma ordenada e equilibrada, pois sabe aonde deve focar seus esforços de auto-educação e assim progride de maneira acertada na vida.
O conhecimento de si mesmo permitirá descobrir realmente quem se é, quais as suas qualidades e defeitos principais, o motivo pelo qual reage de tal forma em determinada situação, qual é a estrutura de o sua personalidade. A personalidade é complexa; cada um é produto de uma história, conta com uma herança, é influenciado por seu ambiente.
A partir deste conhecimento, a pessoa pode buscar o seu aprimoramento, tentando modificar aqueles traços que prejudicam a si mesma e aqueles que convivem com ela e melhorar ainda mais aquilo que o seu temperamento traz de bom, pois apesar de ser genético, o temperamento pode ser transformado e melhorado. Ninguém está condenado a morrer com as limitações trazidas pelo seu temperamento! A mudança, todavia, depende apenas do seu próprio esforço em se educar e aprimorar os dons que Deus lhe deu através de seu temperamento. 
Para um maior aprofundamento e descoberta do seu temperamento, recomenda-se a leitura dos livros "Temperamento Controlado pelo Espírito", de Tim LaHaye e  "Diálogo em 4 Dimensões", de Olindo e Marilene Toaldo.


“Conhecer-se a si mesmo é uma arte e uma graça. Ninguém se conhece perfeitamente. Para isso, seria preciso ver-se como o próximo o vê, e isso apenas lhe daria um conhecimento imperfeito, pois que o ‘outro’ nunca está em condições de julgar. Seria preciso, antes, ver-se como Deus o vê. Só ele sabe ‘o que há no homem’ (Jo 2,25); só ele pode dar o devido valor, o devido mérito, a devida desculpa ou a devida condenação, a cada pensamento e ato humano. Por isso, digo que é uma graça o conhecer-se, graça que se obtém pela oração, e pelo empenho, a análise, a observação e o exercício essenciais à aquisição de qualquer arte. Obtém-se, principalmente, pelo auxílio do Divino Espírito”.[1]
Por fim, frisa-se que não existe um temperamento melhor que o outro. Todos possuem traços positivos e traços negativos. Como seu temperamento é uma herança genética, deve considerá-lo como um presente de Deus para cada um, como uma ferramenta para poder cumprir a missão que Ele previu, desde toda a Eternidade, para a sua vida. Nunca a pessoa irá mudar de temperamento. O que se pode fazer é melhorar o temperamento que possui, para se tornar uma pessoa mais equilibrada e feliz.




[1] “Temperamento Controlado pelo Espírito”, Lahaye,Tim, pgs. 5 e 6, 30ª edição, 2010, Ed. Loyola, São Paulo.

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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

SEREIS UMA SÓ CARNE

Para alcançarem a verdadeira felicidade no matrimônio os esposos necessitam entender os planos de Deus para a família, pois só é feliz aquele que busca cumprir a vontade do Pai em sua vida.
A Sagrada Escritura assim dispõe a respeito do matrimônio: “Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne” (Gn 2, 24).
Da análise deste pequeno, porém, importantíssimo versículo, pode-se extrair três condições para que efetivamente um casamento seja concretizado consoante a vontade de Deus: deixar pai e mãe, unir homem e mulher e tornar-se uma só carne.
DEIXAR PAI E MÃE
Uma leitura rápida desta expressão pode parecer contraditória ao ordenado pelo Criador no 4º Mandamento: Honrar Pai e Mãe. Ora, se é preciso honrar os pais, como se deve “abandoná-los” para contrair matrimônio?
Na verdade, a intenção de Deus Pai ao afirmar que o casal deve “deixar pai e mãe” significa que devem abrir mão de tudo aquilo que trouxeram de sua criação, de sua educação, que possa atrapalhar sua união com o cônjuge.

Significa ainda que, após o “sim” no altar, devem se preocupar em primeiro lugar com o seu consorte, com o lar que estão formando, com as necessidades e ocupações dele e não com os problemas e preocupações de seus pais, irmãos e familiares.
É necessário mencionar ainda aspetos um pouco mais complexos da educação de cada um que precisam ser conhecidos, analisados e muito bem conversados entre o futuro casal, para que cada um se esforce por abandonar tudo o que não é saudável para o relacionamento.
A forma de lidar com o dinheiro, tom de voz nas conversas, o que compartilhar com os outros, frequência das visitas em casa, o que fazer nos momentos de folga, como educar os filhos, como lidar com o stress, enfim, cada um recebeu um tipo de criação e possui hábitos relacionados a estas questões e se não forem elaboradas de uma maneira madura e responsável, poderão destruir a família.
Mesmo hábitos que sejam considerados bons e que funcionaram enquanto estava na casa paterna, poderão precisar ser abandonados caso não se ajustem ao cônjuge e a nova realidade do lar.
Existe também o aspecto físico de deixar pai e mãe. Já diz o ditado: “quem casa quer casa!”. Desta forma, é importantíssimo ao novo casal que viva em uma casa própria (mesmo que seja alugada), longe dos pais, ainda que seja bem simples e humilde, para poderem iniciar sua vida conjugal de uma maneira mais livre, construindo o seu lar.
Aliado a este aspecto físico de deixar pai e mãe, está o aspecto financeiro. Não é saudável à construção do matrimônio que o casal permaneça dependente financeiramente dos pais, seja de um dos cônjuges ou de ambos.
Não é fácil sustentar um lar. Muitas vezes com a ajuda dos pais o novo casal pode ter um padrão de vida melhor do que se contassem apenas com seus proventos, porém é muito melhor para o casamento que vivam dentro do que o próprio casal produz e tenham um padrão de vida inferior, do que dependam financeiramente dos pais para manter uma vida que não é sua.
Esta dependência financeira pode dar a impressão aos pais de que tem o direito de interferir na vida do casal, posto que continuam a exercer o domínio econômico sobre seus filhos e esta interferência é muito prejudicial ao casamento.
Por mais que sejam boas as intenções dos pais em ajudarem financeiramente seus filhos no início do casamento, esta ajuda deve ser educadamente recusada, pois o que pode parecer bom por facilitar a vida dos dois, certamente irá se tornar um martírio para o casal no futuro.
Não se quer dizer aqui que toda a ajuda dos pais deva ser recusada, pois há situações em que ela possa ser realmente necessária. Um incentivo inicial ao casal, como por exemplo, dar uma casa ou um carro, pode ser considerado um presente de casamento e não prejudica o relacionamento. Há o caso também de desemprego, ou de uma situação de problema de saúde, onde a ajuda dos pais pode ser fundamental, porém, o importante é que seja provisória e aceita de comum acordo entre marido e mulher.
Este “deixar pai e mãe” é um processo, que pode ser mais longo ou curto, dependendo do grau de maturidade de cada um. Quanto mais a pessoa tem a consciência de que, após o casamento, deverá se ajustar ao seu cônjuge, o que significa, muitas vezes, abrir mão daquilo que lhe é confortável, mais rápido consegue esta harmonia no lar.
É preciso contar também, muitas vezes, com a incompreensão dos próprios pais, que não entendem e não aceitam que os filhos “cortem o cordão umbilical” e passem a tomar suas decisões sozinhos, consultando apenas o cônjuge, ou que os visitem apenas nos fins de semana. Porém, nesta hora, a união e determinação dos dois, como casal, é fundamental para que esta transição entre ser filho solteiro e ser filho casado, seja mais tranquila.    
Ressalta-se que aos pais é devido todo o respeito e cuidado, deve-se fornecer todo o apoio, principalmente na velhice, porém essa consideração não pode interferir negativamente na vida do novo casal.
Assim, um casal que deseja ser verdadeiramente feliz no matrimônio, deverá aprender a “deixar pai e mãe”, ou seja, renunciar tudo aquilo que recebido em sua formação pessoal, possa atrapalhar a perfeita união conjugal.

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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

OS 10 MANDAMENTOS DO CASAL FELIZ

A prática das virtudes constroem o caminho que não deixa o amor nunca envelhecer e  os 4R (rezar, reencantar, revisar, renovar) do relacionamento são as placas que indicam que estão trilhando este caminho.
Hoje o post é curtinho, mas muito profundo e nem sempre fácil de colocar em prática. Seguem os 10 mandamentos do casal elencados pelo Prof. Felipe Aquino, que se colocados em prática, tornarão o relacionamento conjugal plenamente feliz[1]:
1.                     Nunca irritar-se ao mesmo tempo.
2.                     Nunca gritar um com o outro.
3.                     Se alguém deve ganhar na discussão, deixar que seja o outro.
4.                     Se for inevitável chamar a atenção, fazê-lo com amor
5.                     Nunca jogar no rosto do outro os erros do passado.
6.                     A displicência com qualquer pessoa é tolerável, menos com o cônjuge.
7.                     Nunca ir dormir sem ter chegado a um acordo.
8.                     Pelo menos uma vez ao dia, dizer ao outro uma palavra carinhosa.
9.                     Cometendo um erro, saber admiti-lo e pedir desculpas.
10.                Quando um não quer, dois não brigam.





[1] Prof. Felipe Aquino, in http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo021.shtml
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terça-feira, 4 de novembro de 2014

PREPARAÇÃO PARA A VIDA FAMILIAR

Mais um post do Pe. Nicolás Schweizer, publicado em 15.05.2008, em suas Reflexões No. 15

Sabemos que a família se vê profundamente ameaçada por fatores que atentam contra sua estabilidade e sua integridade. É necessário que os cristãos a defendamos com paixão e valentia.

O fundamento de toda vida familiar é o amor, que há unido duas vidas. Se o amor entre os esposos se debilita, o se perde, toda a família está em perigo.

Por isso, a principal preparação do casal, para chegar ao matrimônio, é a educação para o amor, mas, para o verdadeiro amor.

Digo isso porque hoje existem grandes confusões. O amor não é o mesmo que um sentimento de atração nem uma paixão incontrolada e sensual. Não é o mesmo que uma atração física entre homem e mulher, nem é verdadeiro amor àquilo que tantas vezes aparece nos meios de comunicação e que não passa de um mal dissimulado sexualismo.

O verdadeiro amor não é uma experiência passiva, sim uma atitude ativa que exige algo de mim. O amor é essencialmente dar, é esforçar-se em fazer feliz ao outro. Para a maioria, o amor consiste em “ser amado” e não em “amar”. Ficam esperando que o outro os façam felizes. Preocupam-se em parecer atrativos, ser agradáveis, todo com a finalidade de que se os ame. Amar, para eles, é receber, é gozar, é desfrutar.

Por isso não é de estranhar que uma onda de sexualismo avance em nossa juventude e ameace destruir a alegria, a pureza e a beleza do amor – para convertê-lo num materialismo sensual, fonte de muitos desenganos, dores e fracassos.

A preparação ao matrimônio deve começar na juventude e prolongar-se até que madurem o amor e as atitudes interiores que farão que os jovens cheguem a ser bons esposos e pais; a principal “profissão” deles e a arte mais difícil de aprender.

Hoje vemos inumeráveis casos de pais que não compreendem a seus filhos, que não são capazes de educá-los e ganhar sua confiança. Vemos quantidade de esposos que não são capazes de perdoa-se, de superar seus defeitos de caráter, etc.

E a verdade é que chegaram ao matrimônio praticamente sem preparação alguma, salvo o noivado: sem formação das virtudes morais e sociais, essenciais para formar um bom lar.

Para o exercício da profissão civil, dedicam-se anos de estudo. Ao contrário, para preparar-se ao matrimônio, se dedica pouco. Às vezes nada, ou quase nada. Por que nos surpreendemos de que haja muitos fracassos matrimoniais e familiares?

A Igreja faz esforços para preparar os noivos antes de seu matrimônio. Mas essas reuniões preparatórias são insuficientes. O trabalho de preparação ao matrimônio deve ser feito também nos estabelecimentos educacionais, nos grupos de formação juvenil e, de maneira muito particular, no lar.

A família é a grande escola de amor.

Nela aprendemos e praticamos o amor em suas múltiplas formas: o amor de filhos frente aos pais. O amor fraternal com os irmãos. O amor esponsal experimentado no exemplo dos pais. E também o amor a Deus.

É na família, onde experimentamos o amor, o serviço, o perdão, a bondade, a entrega de uns por outros e também o sacrifício e a renuncia por amor.

Toda a santidade e a beleza do amor familiar encontram sua culminação terrena na Família de Nazaré. Jesus que veio construir um mundo novo passou 30 anos junto a Maria, esforçando-se por viver o novo ideal cristão de família, e apenas três anos, predicando em público. D’Ele aprendeu Maria a importância da família.

Por isso, aonde Ela ia, criava um ambiente de lar: na casa de Isabel, em Cana, no Cenáculo. E desde então aonde chega, cria família de imediato, converte os homens em filhos e irmãos. Assim foi em sua vida terrena e essa é a graça própria que Ela reparte agora desde o céu.

Peçamos à Santíssima Virgem que ajude a criar em todos nossos lares um ambiente de amor pessoal. Se abrirmos as portas de nossos lares ao poder educador de Maria, então Ela se converterá em nossa Mãe e Educadora.

Perguntas para a reflexão
1. Como preparo meus filhos (as) para o matrimônio?
2. Colaboro em minha paróquia na formação dos noivos?
3. Sou uma pessoa que cria ambiente de família?

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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

EXAME DE CONSCIÊNCIA PARA USUÁRIOS DA MÍDIA SOCIAL

O post de hoje é uma contribuição de Erika Marie, que também escreve para o blog CatholicMom.com. Você pode ver a matéria original em http://catholicmom.com/2014/10/20/examination-of-conscience-for-social-media-users/
A mídia social se tornou uma grande ferramenta de comunicação e compartilhamento de ideias. Entretanto, como qualquer outra coisa, se for usada de maneira inapropriada, pode facilmente se tornar um vício e destruir seu relacionamento com Deus e com seus amigos e família.
É importante usar a mídia social com boas intenções e estar atentos a que precisamos evitar para não cair em pecado ou levar outros a pecar através de nossas interações na mídia social.
Usando o Guia de Exame de Consciência para a Confissão dos Pecados de S. Carlos Borromeu (Guide for Examination of Conscience for Confession of Sins by St. Charles Borromeo Catholic Church) como um exemplo, aqui está um simples
Exame de Consciência para Usuários da Mídia Social

Você pode utilizar esse guia para mantê-lo na linha quando usar a mídia social ou corrigir a si mesmo quando necessário e voltar ao caminho que você se afastou.
Primeiro Mandamento: Eu sou o Senhor seu Deus. Não tenha outros deuses diante de mim. (Ex 20, 2-3)
1. Quando eu acordo pela manhã, meu primeiro pensamento é agradecer a Deus por mais um dia ou eu imediatamente penso em checar as novas atualizações em minhas contas nas mídias sociais e emails?
2. Durante os momentos mais quietos do meu dia, eu me volto para Deus em uma oração em silêncio ou eu pego meu telefone e procuro por qualquer coisa interessante em meus feeds de notícia pensando que eu sempre posso rezar depois?
3. Eu confio na oração para ouvir a voz de Deus que guia minha vida ou eu me volto desesperadamente para a mídia social esperando que Ele de alguma forma soletre Sua Vontade para mim no próximo post do blog, tweet ou atualização do status no Facebook?

Segundo Mandamento: Não pronuncie o nome de Deus em vão. (Ex. 20,7)
1. Eu uso o nome de Deus casualmente ou desrespeitosamente em conversas online?
2. Eu uso linguagem vulgar desnecessariamente ou de uma forma depreciativa sobre Deus ou sobre os outros?
3. Eu louvo e agradeço a Deus por todas as bênçãos em minha vida ou eu uso a mídia social para reclamar e me zangar sobre tudo que Deus não fez por mim?

Terceiro Mandamento: Lembre-se do dia de sábado, para santificá-lo. (Ex 20,8)
1. No domingo, eu foco em me preparar e a preparar a minha família para celebrar o Dia do Senhor ou, ao invés, eu passo tempo desnecessário online?
2. Enquanto estou na missa, eu estou ouvindo, participando e permitindo que Deus me aprofunde no Mistério Pascal ou eu penso somente no meu próximo post do blog, atualização de status no Facebook ou como vou aumentar meus seguidores no Twitter?
3. Eu usei a mídia social em meu celular durante a celebração da Eucaristia?

Quarto Mandamento: "Honre seu pai e sua mãe". (Ex 20,12)
1. Eu uso minhas interações online para difamar, desrespeitar ou desonrar algum membro da minha família, incluindo meu cônjuge e filhos?
2. Eu uso a mídia social para trazer honra a Jesus e seus ensinamentos e as tradições passadas a nós através do ministério de Sua Igreja?
3. Quando estou com minha família, eu estou inteiramente presente ou eu fico distraído ao usar a mídia social ao invés de dar a eles minha atenção completa?

Quinto Mandamento: "Não matarás." (Ex 20,13)
1. Eu encorajo, incito ou exalto a violência através de minhas conversas online?
2. Eu uso a mídia social para "matar" a reputação, honra ou dignidade dos outros ao espalhar fofocas ou postar ou  compartilhar comentários insultuosos ou de gozação, incluindo celebridades, políticos ou outras figuras públicas?
3. Eu uso a mídia social para construir relacionamentos ou para matá-los ao falhar em considerar os sentimentos e pensamentos de outros antes de postar, compartilhar ou fazer um comentário público num post?

Sexto e Nono Mandamentos: "Não cometerás adultério." (Ex 20,14) "Não cobice a mulher do próximo." (Ex 20,17)
1. Eu comparo negativamente ou reclamo sobre meu cônjuge publicamente ou privativamente em conversas online?
2. Quando leio sobre os esposos de meus amigos eu desejo que meu esposo ou esposa fosse mais como eles?
3. Eu sinto inveja ou ciúme quando olho fotos que meus amigos compartilharam sobre eles mesmos, seus amigos, seus esposo(a), seus filhos ou família?

Sétimo e Décimo Mandamentos: "Não roubarás." (Ex 20,15). "Não cobiçar as coisas alheias." (Ex 20,17)
1. Eu respeito as leis de direitos autorais dos trabalhos publicados por outros e incluo as fontes quando necessário e disponível ou eu usei as imagens, palavras e ideias de outros como minhas próprias?
2. Eu vejo as imagens ou escritos dos outros e quero para mim mesmo?
3. Eu sinto inveja quando meus amigos compartilham fotos e atualizações sobre suas compras recentes ou posses, seus triunfos, alegrias e realizações ao invés de expressar uma alegria genuína e agradecer por eles?

Oitavo Mandamento: "Não apresente testemunho falso contra o seu próximo." (Ex 20,16)
1. Eu usei a mídia social para mentir sobre a minha identidade ou apresentei uma falsa representação de quem eu realmente sou?
2. Eu deturpo, tiro do contexto, inflo ou de outra forma interpreto equivocadamente as palavras ou informações dos outros através da mídia social para o meu próprio benefício ou reconhecimento?
3. Eu falhei em respeitar a privacidade dos outros ao compartilhar informações que não eram minhas para compartilhar ou ao compartilhar fotos deles online sem sua permissão?

Outros Pecados:
Eu uso a mídia social para destruir amizades, buscar vingança ou fazer a mim mesmo parecer melhor do que os outros?
Se eu usei a mídia social de uma maneira que agride outros, eu humildemente reconheci isto, procurei seu perdão depois de uma desculpa sincera e tentei meu melhor para emendar o uso da mídia social?

Como você se policia quando usa a mídia social? 

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

4o R: RENOVAR - CADA ANO

Os posts sobre os 4R foram baseados na palestra dada pela Ir. M. Tersila Patres, chamada Os 4 R do matrimônio, no  Projeto A Família, a mais bela Comunidade de Amor, Jundiaí/SP abril/2011 e no livreto Os ‘4R’ – material da Liga de Famílias de Schoenstatt. Uma oferta às famílias, para percorrerem seu caminho de aliança. (Secretariado da Liga de Famílias de Schoenstatt, www.maeperegrina.org.br)

A última placa que orienta o caminho do amor que nunca envelhece é a renovação do vínculo matrimonial. Renovar significa tornar novo, dar nova aparência, revigorar, reafirmar, por novamente em vigor.
No relacionamento muitas vezes sentem o cansaço da caminhada, dias, semanas e até meses muito difíceis. Então, é preciso parar, procurar um oásis para refazer as forças, brincar, se divertir e até mesmo, quando possível, conhecer novos lugares. É o tempo de renovar, de sair de férias.
As férias são um momento privilegiado para partilhar em família, se aprofundar no conhecimento mútuo principalmente dos filhos, passar o dia todo juntos por um certo período, saindo da rotina. As férias são tão importantes para o bem estar do ser humano que inclusive são previstas nas leis trabalhistas. Todo empregado, após um ano de trabalho, possui direito as férias, sem as quais sua saúde física e mental pode ficar comprometida.
“Se o casal não tira umas curtas férias de verão para dar uma olhada ao seu redor, logo vai perceber que a vida está começando a tomar decisões em seu lugar. É o que um casal chama de ‘ser levado pela correnteza’.(...) Um tempo para ‘não-atividade’ fica encravado no meio das atividades. Às vezes, contudo, as férias planejadas nada mais são do que uma oportunidade para restabelecer a boa comunicação entre o casal.”[1]
É preciso aproveitar estes momentos de férias para se aproximar do cônjuge, dos filhos, pois durante o ano muitas vezes o excesso de trabalho prejudicou a intimidade e o relacionamento familiar.
Para as crianças, esta convivência mais intensa com os pais podem ser momentos agradáveis guardados para o resto de suas vidas. Não precisa ser nenhum passeio extravagante ou atividade muito cara, basta usar a imaginação e criar atividades divertidas com as crianças, como andar de bicicleta, explorar o jardim, ir ao clube, fazer brinquedos com lixo reciclável, tudo isso podem ser ótimos programas para os filhos.
As férias devem ser também um tempo para Deus. Podem aproveitar este tempo de descanso para talvez fazer algum retiro espiritual, um encontro para casais e perguntar para Deus, através da oração, se estão cumprindo a Sua vontade, se sua família está no caminho traçado por Ele para a sua felicidade.
Podem também frequentar mais vezes a Santa Missa durante a semana, realizar mais leituras da Bíblia, ajudar em alguma atividade da Paróquia, enfim, procurar também neste momento de pausa da rotina estar mais perto de Deus.
Renovar o relacionamento é também um processo que se inicia a partir do interior e é preciso se disponibilizar para fazer ali, também pequenos reparos, resolver pequenas questões que podem causar grandes danos aos relacionamentos, aproveitando as férias da rotina. É ainda um processo que fará nascer novos projetos aperfeiçoados, onde a esperança, a alegria e o amor são as palavras chaves.




[1] “Casamento uma aliança em quatro estações”, Holt, Mary Van Ballen, pg. 66, editora Santuário, Aparecida/SP
CRÉDITOS DAS FOTOS: PHOTOPIN.COM