quinta-feira, 6 de novembro de 2014

SEREIS UMA SÓ CARNE

Para alcançarem a verdadeira felicidade no matrimônio os esposos necessitam entender os planos de Deus para a família, pois só é feliz aquele que busca cumprir a vontade do Pai em sua vida.
A Sagrada Escritura assim dispõe a respeito do matrimônio: “Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se une à sua mulher, e eles dois se tornam uma só carne” (Gn 2, 24).
Da análise deste pequeno, porém, importantíssimo versículo, pode-se extrair três condições para que efetivamente um casamento seja concretizado consoante a vontade de Deus: deixar pai e mãe, unir homem e mulher e tornar-se uma só carne.
DEIXAR PAI E MÃE
Uma leitura rápida desta expressão pode parecer contraditória ao ordenado pelo Criador no 4º Mandamento: Honrar Pai e Mãe. Ora, se é preciso honrar os pais, como se deve “abandoná-los” para contrair matrimônio?
Na verdade, a intenção de Deus Pai ao afirmar que o casal deve “deixar pai e mãe” significa que devem abrir mão de tudo aquilo que trouxeram de sua criação, de sua educação, que possa atrapalhar sua união com o cônjuge.

Significa ainda que, após o “sim” no altar, devem se preocupar em primeiro lugar com o seu consorte, com o lar que estão formando, com as necessidades e ocupações dele e não com os problemas e preocupações de seus pais, irmãos e familiares.
É necessário mencionar ainda aspetos um pouco mais complexos da educação de cada um que precisam ser conhecidos, analisados e muito bem conversados entre o futuro casal, para que cada um se esforce por abandonar tudo o que não é saudável para o relacionamento.
A forma de lidar com o dinheiro, tom de voz nas conversas, o que compartilhar com os outros, frequência das visitas em casa, o que fazer nos momentos de folga, como educar os filhos, como lidar com o stress, enfim, cada um recebeu um tipo de criação e possui hábitos relacionados a estas questões e se não forem elaboradas de uma maneira madura e responsável, poderão destruir a família.
Mesmo hábitos que sejam considerados bons e que funcionaram enquanto estava na casa paterna, poderão precisar ser abandonados caso não se ajustem ao cônjuge e a nova realidade do lar.
Existe também o aspecto físico de deixar pai e mãe. Já diz o ditado: “quem casa quer casa!”. Desta forma, é importantíssimo ao novo casal que viva em uma casa própria (mesmo que seja alugada), longe dos pais, ainda que seja bem simples e humilde, para poderem iniciar sua vida conjugal de uma maneira mais livre, construindo o seu lar.
Aliado a este aspecto físico de deixar pai e mãe, está o aspecto financeiro. Não é saudável à construção do matrimônio que o casal permaneça dependente financeiramente dos pais, seja de um dos cônjuges ou de ambos.
Não é fácil sustentar um lar. Muitas vezes com a ajuda dos pais o novo casal pode ter um padrão de vida melhor do que se contassem apenas com seus proventos, porém é muito melhor para o casamento que vivam dentro do que o próprio casal produz e tenham um padrão de vida inferior, do que dependam financeiramente dos pais para manter uma vida que não é sua.
Esta dependência financeira pode dar a impressão aos pais de que tem o direito de interferir na vida do casal, posto que continuam a exercer o domínio econômico sobre seus filhos e esta interferência é muito prejudicial ao casamento.
Por mais que sejam boas as intenções dos pais em ajudarem financeiramente seus filhos no início do casamento, esta ajuda deve ser educadamente recusada, pois o que pode parecer bom por facilitar a vida dos dois, certamente irá se tornar um martírio para o casal no futuro.
Não se quer dizer aqui que toda a ajuda dos pais deva ser recusada, pois há situações em que ela possa ser realmente necessária. Um incentivo inicial ao casal, como por exemplo, dar uma casa ou um carro, pode ser considerado um presente de casamento e não prejudica o relacionamento. Há o caso também de desemprego, ou de uma situação de problema de saúde, onde a ajuda dos pais pode ser fundamental, porém, o importante é que seja provisória e aceita de comum acordo entre marido e mulher.
Este “deixar pai e mãe” é um processo, que pode ser mais longo ou curto, dependendo do grau de maturidade de cada um. Quanto mais a pessoa tem a consciência de que, após o casamento, deverá se ajustar ao seu cônjuge, o que significa, muitas vezes, abrir mão daquilo que lhe é confortável, mais rápido consegue esta harmonia no lar.
É preciso contar também, muitas vezes, com a incompreensão dos próprios pais, que não entendem e não aceitam que os filhos “cortem o cordão umbilical” e passem a tomar suas decisões sozinhos, consultando apenas o cônjuge, ou que os visitem apenas nos fins de semana. Porém, nesta hora, a união e determinação dos dois, como casal, é fundamental para que esta transição entre ser filho solteiro e ser filho casado, seja mais tranquila.    
Ressalta-se que aos pais é devido todo o respeito e cuidado, deve-se fornecer todo o apoio, principalmente na velhice, porém essa consideração não pode interferir negativamente na vida do novo casal.
Assim, um casal que deseja ser verdadeiramente feliz no matrimônio, deverá aprender a “deixar pai e mãe”, ou seja, renunciar tudo aquilo que recebido em sua formação pessoal, possa atrapalhar a perfeita união conjugal.

CRÉDITOS DAS FOTOS: PHOTOPIN.COM

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