Mais uma reflexão do Pe. Nicolás Schweizer, publicada em 15.12.2009, No. 73.
O que celebramos no Natal? Celebramos o nascimento de um menino, mas não de um menino comum, se não de um Menino que é Deus.
Agora, se comparamos este
nascimento com outros nascimentos, p.ex. com o de nossos filhos, então notamos
algumas coisas estranhas. Este menino nasce em condições surpreendentes,
desconcertantes e até chocantes ‑ já que se trata do Filho de Deus.
1. Uma primeira condição estranha. Dá-se a conhecer aos pastores.
Veio a terra. Não preveniu aos
grandes. Não avisou aos poderosos. Não fez saber nada aos sacerdotes. Jogou por
terra a hierarquia.
Não houve conferência de
imprensa para anunciar ao mundo um acontecimento de tal categoria. E, no
entanto tinha sumo interesse de que alguém o soubesse. Alguém tinha direito de
ser o primeiro em conhecer a notícia. E manda seus mensageiros a uns pastores
que acampam perto da cidade guardando seus rebanhos. Os pastores vivem à margem
da sociedade e muitas vezes também à margem da religião. São incultos, não
conhecem a lei, e por isso estão destinados ao inferno, segundo os fariseus. E
precisamente a esses “excomungados” é a quem Cristo envia seus anjos para lhes
anunciar sua vinda.
É que Jesus quer deixar as
coisas claras desde o começo. Ele vê tudo ao revés. A seus olhos, os grandes
são os pequenos. Os últimos são os primeiros. Os deixados de lado pela
sociedade, seus clientes privilegiados. A Boa Nova se comunica e chega a pertencer primeiro a aqueles que estão “fora”.
2. Uma segunda circunstância estranha. Não é reconhecido pelos homens.
Pensemos p.ex. nos hospedeiros de Belém. Se houvessem
sabido que Deus estava ali, lhe abririam a porta, o acolheriam. Porque eram
pessoas religiosas, como nós. Mas acreditaram que se tratava de vagabundos, de
refugiados não se sabe de onde, um par de desconhecidos.
E não os quiseram receber. E nós, os receberíamos?
Como crer que Deus podia se apresentar a nós dessa forma?
3. Uma terceira circunstância estranha do nascimento. É Deus e nasce na miséria.
Deus é totalmente distinto de como o havíamos imaginado; Deus é todo o contrário ao poder, a majestade, a autoridade, a riqueza, a força que lhe havíamos atribuído.
Mas Deus é totalmente semelhante aos singelos, aos pobres, aos que se sentem irmãos, aos misericordiosos, aos que amam, aos que tem fome de justiça.
Não é que Cristo não seja um homem como nós, se não que é tão homem, o único verdadeiro homem: verdadeiramente livre, simples, amante, fiel, disponível. A Boa Nova que anuncia o Natal, consiste nisso.
Para assemelhar-nos a Deus, não temos que fazer-nos ricos, fortes, solitários ou majestosos. Nos basta amar um pouco mais, servir um pouco mais, aproximarmos mais aos pobres, lutar um pouco mais por justiça. Podemos nos converter em Cristo seguidamente, em nossa mesma situação, em nosso nível social ou cultural. Sem aguardar visões ou milagres, mas nos tornado os últimos de todos e os servidores de todos.
Deus é pobre: pobre de todas essas coisas que ambicionamos, que buscamos, que pretendemos. E não digamos que Deus se oculta ou está ausente do mundo. Deus está extraordinariamente presente e visível: tão presente e tão visível – ou tão pouco presente e tão pouco visível como o estão, em nossa vida, os pobres.
Se quisermos nos encontrar com o verdadeiro Deus que nesse Natal vem a nós, devemos nos encontrar com os pobres.
E se então esse amor aos desafortunados nasce em nós, Deus se faz presente realmente em nosso coração. Esse é o Natal que devemos fazer. Esse é o Natal verdadeiro no qual devemos crer. Somos responsáveis de que se faça esse Natal em toda parte.
Perguntas para
a reflexão
1.
Como vivo o Natal?
2. Sou capaz de ver ao Menino Deus
entre os pobres de nosso tempo?
crédito da foto: photopin.com
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