No
livro do Gênesis, ao narrar a criação do ser humano, vemos como Deus fez o
homem e a mulher a sua imagem e semelhança. Ambos possuem a mesma dignidade e
valor e foram criados um para o outro. Todavia
não são seres incompletos; cada um é uma totalidade, porém são chamados para
uma comunhão de pessoas, para um intercambio de vida e de amor e juntos se
complementarem.
"Cada um dos dois
sexos é, com igual dignidade, embora de modo diferente, imagem do poder e da
ternura de Deus. A união do homem e da mulher no matrimônio é um modo de
imitar na carne a generosidade e a fecundidade do Criador: «O homem deixará o
seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne» (Gn 2, 24). Desta união procedem
todas as gerações humanas." (CIC
2335).
O
modo de ser do homem e da mulher se diferenciam pela maior ou menor acentuação
de determinados valores que ambos possuem, mas que, via de regra, cada sexo
vive com uma intensidade diferente. Por isso mesmo, não há nenhum valor humano
que possamos catalogar como exclusivamente “masculino” ou “feminino”. Porém,
podemos afirmar que algum destes valores se dão “normalmente” com maior força
no homem ou na mulher[1].
Desta forma, cada ser humano possui características do ser masculino e do ser
feminino, porém em graus diversos. O homem possui mais características do ser
masculino e necessita ser complementado pela mulher, com suas características
predominantes do ser feminino e vice-versa.
Esta
aparente "confusão" existente entre os sexos é mais um dos efeitos do
pecado original. Antes do pecado, Adão e Eva se comunicavam e se complementavam
sem qualquer dificuldade. Porém, o sacramento do matrimônio é o meio pelo qual
Deus nos dá a graça de restaurarmos esta verdadeira parceria entre o homem e a
mulher.
Homem
e mulher só chegarão à perfeição de sua personalidade em dependência mútua, um
complementando o outro. Assim foi querido por Deus, que criando tudo por amor e
para o amor, não permite que o ser humano se aperfeiçoe senão através do
caminho de abertura e doação mútua dos sexos.
A graça desse aperfeiçoamento e
complementaridade é conhecida como a finalidade unitiva do casamento.
Quando um homem e uma mulher livremente aceitam partilhar suas vidas e se
doarem totalmente um ao outro, a permanência do seu vínculo os capacita para se
tornarem fluentes na linguagem um do outro e desta forma, com o tempo,
tornarem-se "uma só carne" (Mt 19,5). Essa linguagem é de um alegre
amor e serviço mútuo, uma linguagem criada pelo Pai, exemplificada pelo Filho e
sustentada pelo Espírito Santo.
Quando o Pe. Kentenich,
fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt, se refere ao instinto sexual,
explica que a sexualidade humana compreende, primeiro, a tendência a um
encontro espiritual e pessoal com o outro, ou seja, a alma do outro, a comunhão
de um com o outro no amor. Segundo, a tendência ao contato físico, a atração
pelo corpo do outro, como meio de expressão e cultivo do amor; e. em terceiro
lugar, a tendência ao filho, a fecundidade na paternidade e na maternidade; ou seja,
a tendência a ser fecundos além de si mesmos, como fruto de seu amor.
[1] Fe
y vida matrimonial, Cuadernos de Pastoral Familiar, No. 1, P. Hernán Alessandri
Morandé,pg. 36, Ed. Nueva Patris, Chile,
2009
CRÉDITO DA FOTO: PHOTOPIN.COM
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