Consoante os
ensinamentos de João Paulo II, o amor carnal (sexual) deve expressar a
linguagem do amor ágape, ou seja, daquele amor que Cristo tem por cada um de
nós.
Este amor possui quatro
características. "Primeira: Cristo
dá livremente seu corpo ('Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria
vontade' Jo 10,18). Segunda: entrega seu corpo totalmente, isto é, sem resevas,
condições ou cálculos egoístas ('até o extremo ele os amou' Jo 13,11).
Terceira: dá seu corpo fielmente. ('Estarei convosco todos os dias, até o fim
dos tempos' Mt 28,20). Quarta: entrega seu corpo frutuosamente ('Eu vim para
que tenham vida' Jo 10,10). Se homens e mulheres souberem evitar as armadilhas
do falso amor e viver plenamente sua vocação, a união deles deve expressar o
mesmo amor - livre, total, fiel e frutuoso que Cristo expressou.
Outro nome para este tipo de amor é
matrimônio. E isto é precisamente o que uma noiva e um noivo fazem diante do
altar. Quando o celebrante pergunta:'"Vieste aqui livremente e sem
reservas para vos entregardes um ao outro no matrimônio? Prometeis ser fiéis
até a morte? Prometeis receber amorosamente os filhos que Deus vos mandar?'
Noivo e noiva, cada um, por sua vez, responde: 'sim!'"[1]
Assim, o matrimônio é
uma aliança, um contrato pelo qual o homem e a mulher se comprometem a
amarem-se com este grau de amor, da mesma forma que Cristo ama a sua Igreja.
Para conseguirem isto, o próprio Jesus elevou esta aliança ao nível de
Sacramento. Os efeitos principais deste sacramento são: ele dá graças para
fortalecer o amor dos esposos, para compreenderem mutuamente seus defeitos,
superarem as dificuldades na vida conjugal e na educação dos filhos e,
especialmente para santificar os esposos até o fim da vida.
Segundo o Catecismo da
Igreja Católica, “os sacramentos são
sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio
dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos visíveis sob os quais os
sacramentos são celebrados significam e realizam as graças próprias de cada
sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem com as disposições exigidas”[2]
Os sacramentos foram
instituídos por Jesus para ajudar na caminhada rumo ao Céu, para sinalizar este
caminho, pois transmitem as graças necessárias para cumprir a missão de cada
um.
No caso do sacramento
do matrimônio, a graça que se recebe é a santificação
do vínculo que une marido e mulher para sempre. A aliança de amor que é
selada com o sacramento do matrimônio, este laço que unirá aquele homem e
aquela mulher eternamente, se transforma num sinal eficaz da união de Cristo
com sua Igreja.
“O
matrimônio, segundo o que foi dito, não é a consagração de duas pessoas, mas a
consagração do laço que as une. A relação entre ambas é elevada
sacramentalmente. Nisso consiste precisamente a sacramentalidade conjugal. O amor que os une e o vínculo que se gera
se faz sinal e sacramento. O amor conjugal puramente humano se faz amor
consagrado e por isso mesmo já é uma realidade religiosa. A comunidade conjugal
entre ambos se faz comunidade de Deus e com Deus. Neste contexto podemos dizer
que o amor redentor de Cristo, que desperta em nós uma resposta proporcional,
se desdobra no matrimônio através do amor recíproco dos esposos.”[3]
Os
esposos, tendo recebido o sacramento do matrimônio, são chamados a ser sinais
do amor de Cristo por sua Igreja e do amor da Igreja para o seu Senhor. Quem vê
um casal cristão deve poder ver a presença de Deus, sua atuação na vida daquela
família. O casal também deve permitir que Deus influencie as pessoas que os
rodeia, através de seu matrimônio.
A Igreja defende, em
primeiro lugar, a dimensão da comunhão ou finalidade unitiva da sexualidade
conjugal, expressa na comunhão de corações e de vontades na relação íntima dos
esposos. De outra parte, a Igreja defende, ao mesmo tempo, a finalidade
procriativa inerente ao amor conjugal. O
amor dos esposos quer ver-se prolongado no filho. Existe neles um anseio
natural de se perpetuar criadoramente. Seu amor é transcendente, não estéril.
[1] WEST, Christopher Teologia do Corpo para Principiantes - Uma
introdução básica à revolução Sexual de João Paulo II. Ed. Myriam. Porto
Alegre. 2008 Pg. 103
[2] Cf
CIC No. 1131
[3]
“Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pgs. 8-9, impresso como
manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário