sexta-feira, 6 de março de 2015

O FILHO ESTÁ NO CENTRO

Na Família de Nazaré o filho sempre está no centro. Observa-se na narrativa da fuga para o Egito (Mt 2, 13 e ss), que José e Maria prontamente seguem para uma terra estranha tendo na mente sempre o cuidado com o filho, não importando quantos sacrifícios sejam exigidos. Depois permanecem o tempo necessário, vivendo em condições muito difíceis, até que o filho não corra mais perigo e possam voltar para sua terra natal. E ainda, quando Jesus precisa partir para a sua vida pública, para cumprir os planos de Deus, Maria também precisou renunciar a seu filho. A preocupação pelo bem do filho está sempre em primeiro lugar.
A responsabilidade pelo cuidado do filho abrange três aspectos: o bem estar corporal, o bem estar psíquico/intelectual e a vida religiosa. Esta responsabilidade não pode ser delegada a outras instituições como a Igreja ou a escola, sendo própria dos pais.
Os pais não podem limitarem-se a ser simples fornecedores de bens econômicos, mas devem ser verdadeiros educadores de seus filhos e isto exige um alto grau de sacrifício e de autoeducação. Tudo o que irromperá, no futuro, na vida do filho se fundamenta dentro da família.
Pai e mãe precisam estar sintonizados no mesmo ideal: ter como objetivo principal o cuidado e a educação do filho. Evidentemente isto não significa fazer todas as vontades do filho, ou torná-lo um verdadeiro tirano do lar; mas todas as decisões que envolvem a família devem ser tomadas tendo como em primeiro lugar o bem estar dos filhos.
“Procuro minha grandeza no bem estar dos filhos. Para isso eu vivo e morro. O resto deixo andar. Esta é a paternidade genuína, a maternidade genuína, e é isto que devemos fazer. (...) Devemos sintonizar-nos impulsivamente com o ideal, para o qual desejamos educar os filhos. Sintonizar-nos, não apenas conforme a razão e a vontade, mas também mediante os impulsos. Isto é algo tão grandioso.”[2]
 O filho é, em primeiro lugar, filho de Deus e os pais são os responsáveis pelo cuidado desta alma imortal e depois deverão prestar contas a Deus da educação que proveram a seus filhos. Os pais não são “donos” do filho, pois o filho pertence a Deus. Como filho de Deus, a criança demanda todo o respeito, o carinho e o cuidado e qualquer negligência nestes aspectos, afeta negativamente sua personalidade e até mesmo a salvação da sua alma no futuro.
Ter o filho sempre no centro das ocupações dos pais significa buscar ser uma pessoa melhor, um pai e uma mãe mais santos, pelo bem do filho, para que ele, olhando o exemplo dos pais, também consiga vencer suas limitações e se tornar um verdadeiro filho de Deus.
Tudo o que o pai e a mãe fizerem, devem fazer pensando no filho. Quanto maior for a qualificação moral dos pais, mais dotes transmitirão para os filhos. Por isso os pais devem ser incansáveis na busca de seu aperfeiçoamento pessoal, na educação de seu temperamento, na valoração de suas qualidades e mitigação de seus defeitos. Todo este trabalho de autoeducação refletirá positivamente na vida e na educação do filho.
Como pode funcionar isso na prática? Por exemplo: se o filho é muito bagunceiro, não deixa nada em ordem, não consegue organizar seus afazeres, então em primeiro lugar o pai e a mãe devem se perguntar se eles mesmos não possuem este tipo de dificuldade em suas próprias vidas, se também não tem algo de desordem no seu dia-a-dia. Então, devem primeiro lutar consigo mesmo para conseguir vencer esta dificuldade, para então cobrar do filho a ordem e a disciplina. Desta forma, a educação realmente alcançará resultado e não ficará apenas “da boca pra fora”.
Outro exemplo: se a filha adolescente flerta com os rapazes de uma maneira muito sensual, se gosta de despertar o desejo, de uma maneira que os pais receiem que possa acontecer algo, eles podem simplesmente proibir a filha de agir desta forma? Claro que sim, porém será que surtirá o efeito desejado? A experiência mostra que quanto mais se proíbe, mais os jovens e adolescentes buscam o proibido.
Então, os pais devem em primeiro lugar procurar em si mesmos se não há algum tipo de desordem sexual, ou até mesmo em relação a outros instintos, como o de auto-conservação (comer, beber, dormir) e daí lutar para vencer em si mesmos estes desejos desordenados, a falta de domínio, para que possam se apresentar diante da filha e lhe dizer o que deve fazer.
Portanto, o ideal da Família de Nazaré mostra que o filho deve estar sempre em primeiro lugar na família, se transformando na principal ocupação dos pais, através do seu esforço constante para vencer em si mesmos as imperfeições de seus filhos e assim prepará-los para um dia, chegar ao Céu.



[2] “Família Serviço à Vida”, Pe. José Kentenich, Vol. I, pg. 54, 1994, Editado pelo Instituto das Famílias de Schoenstatt, Vallendar/Alemanha
credito da foto: photopin.com

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