Na
Família de Nazaré o filho sempre está no centro. Observa-se na narrativa da
fuga para o Egito (Mt 2, 13 e ss), que José e Maria prontamente seguem para uma
terra estranha tendo na mente sempre o cuidado com o filho, não importando
quantos sacrifícios sejam exigidos. Depois permanecem o tempo necessário,
vivendo em condições muito difíceis, até que o filho não corra mais perigo e
possam voltar para sua terra natal. E ainda, quando Jesus precisa partir para a
sua vida pública, para cumprir os planos de Deus, Maria também precisou
renunciar a seu filho. A preocupação pelo bem do filho está sempre em primeiro
lugar.
A
responsabilidade pelo cuidado do filho abrange três aspectos: o bem estar
corporal, o bem estar psíquico/intelectual e a vida religiosa. Esta
responsabilidade não pode ser delegada a outras instituições como a Igreja ou a
escola, sendo própria dos pais.
Os
pais não podem limitarem-se a ser simples fornecedores de bens econômicos, mas
devem ser verdadeiros educadores de seus filhos e isto exige um alto grau de
sacrifício e de autoeducação. Tudo o que irromperá, no futuro, na vida do filho
se fundamenta dentro da família.
Pai
e mãe precisam estar sintonizados no mesmo ideal: ter como objetivo principal o
cuidado e a educação do filho. Evidentemente isto não significa fazer todas as vontades
do filho, ou torná-lo um verdadeiro tirano do lar; mas todas as decisões que
envolvem a família devem ser tomadas tendo como em primeiro lugar o bem estar
dos filhos.
“Procuro minha grandeza no bem estar dos filhos. Para isso eu vivo e
morro. O resto deixo andar. Esta é a paternidade genuína, a maternidade
genuína, e é isto que devemos fazer. (...) Devemos sintonizar-nos
impulsivamente com o ideal, para o qual desejamos educar os filhos.
Sintonizar-nos, não apenas conforme a razão e a vontade, mas também mediante os
impulsos. Isto é algo tão grandioso.”[2]
O
filho é, em primeiro lugar, filho de Deus e os pais são os responsáveis pelo
cuidado desta alma imortal e depois deverão prestar contas a Deus da educação
que proveram a seus filhos. Os pais não são “donos” do filho, pois o filho
pertence a Deus. Como filho de Deus, a criança demanda todo o respeito, o
carinho e o cuidado e qualquer negligência nestes aspectos, afeta negativamente
sua personalidade e até mesmo a salvação da sua alma no futuro.
Ter
o filho sempre no centro das ocupações dos pais significa buscar ser uma pessoa
melhor, um pai e uma mãe mais santos, pelo bem do filho, para que ele, olhando
o exemplo dos pais, também consiga vencer suas limitações e se tornar um
verdadeiro filho de Deus.
Tudo
o que o pai e a mãe fizerem, devem fazer pensando no filho. Quanto maior for a
qualificação moral dos pais, mais dotes transmitirão para os filhos. Por isso
os pais devem ser incansáveis na busca de seu aperfeiçoamento pessoal, na
educação de seu temperamento, na valoração de suas qualidades e mitigação de
seus defeitos. Todo este trabalho de autoeducação refletirá positivamente na
vida e na educação do filho.
Como
pode funcionar isso na prática? Por exemplo: se o filho é muito bagunceiro, não
deixa nada em ordem, não consegue organizar seus afazeres, então em primeiro
lugar o pai e a mãe devem se perguntar se eles mesmos não possuem este tipo de
dificuldade em suas próprias vidas, se também não tem algo de desordem no seu
dia-a-dia. Então, devem primeiro lutar consigo mesmo para conseguir vencer esta
dificuldade, para então cobrar do filho a ordem e a disciplina. Desta forma, a
educação realmente alcançará resultado e não ficará apenas “da boca pra fora”.
Outro
exemplo: se a filha adolescente flerta com os rapazes de uma maneira muito sensual,
se gosta de despertar o desejo, de uma maneira que os pais receiem que possa
acontecer algo, eles podem simplesmente proibir a filha de agir desta forma?
Claro que sim, porém será que surtirá o efeito desejado? A experiência mostra
que quanto mais se proíbe, mais os jovens e adolescentes buscam o proibido.
Então,
os pais devem em primeiro lugar procurar em si mesmos se não há algum tipo de
desordem sexual, ou até mesmo em relação a outros instintos, como o de
auto-conservação (comer, beber, dormir) e daí lutar para vencer em si mesmos
estes desejos desordenados, a falta de domínio, para que possam se apresentar
diante da filha e lhe dizer o que deve fazer.
Portanto,
o ideal da Família de Nazaré mostra que o filho deve estar sempre em primeiro
lugar na família, se transformando na principal ocupação dos pais, através do
seu esforço constante para vencer em si mesmos as imperfeições de seus filhos e
assim prepará-los para um dia, chegar ao Céu.
[2]
“Família Serviço à Vida”, Pe. José Kentenich, Vol. I, pg. 54, 1994, Editado
pelo Instituto das Famílias de Schoenstatt, Vallendar/Alemanha
credito da foto: photopin.com
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