A Sagrada Família
de Nazaré é o modelo para todas as famílias, pois realizou de maneira exemplar
o projeto de Deus para a família, tornando-se a mais bela comunidade de vida e
de amor.
Para que se possa
seguir o exemplo da Sagrada Família, é necessário conhecer quais são suas
características principais. Destacam-se três destas características: “Primeira: na Família de Nazaré, pai e a mãe têm a
posição que lhes é própria, conforme a intenção de Deus, desde toda a
eternidade; Segunda: na Família de
Nazaré, o filho está no centro; Terceira:
na Família de Nazaré, pai, mãe e filho estão unidos e entrelaçados pelo laço de
um profundo e íntimo amor.”[1]
1. PAI E MÃE TEM
A POSIÇÃO QUE LHES É PRÓPRIA
No
modelo da Família de Nazaré a autoridade paterna ocupa o lugar central. Nos
Evangelhos observa-se que sempre que Deus comunicava-se diretamente com a
Sagrada Família, se dirigia a S. José, seja quando o anjo apareceu para avisar
sobre Herodes e levá-los ao Egito[2],
seja quando deveriam retornar a Nazaré[3].
Maria também confirma a autoridade principal de S. José, quando, dirigindo-se a
Jesus depois de encontrá-lo no Templo, diz “Olhe
que seu pai e eu estávamos
angustiados à sua procura.”[4]
Interessante
notar que na análise da dignidade das pessoas da Sagrada Família, Jesus, por
ser Deus, está em primeiro lugar e Maria, por ser Imaculada e a Mãe de Deus,
está em segundo e só então está S. José, o homem justo. Mesmo assim, a
autoridade de S. José está em primeiro plano no lar de Nazaré.
Desta
forma, para realizar os planos de Deus para a família, a autoridade do pai deve
estar sempre em primeiro lugar. Esta autoridade, todavia, não pode ser
confundida com autoritarismo, com poder absoluto ou opressão sobre os outros
membros da família.
A
autoridade paterna sadia é aquela que reflete a autoridade de Deus Pai. No pai,
os filhos devem poder vivenciar a paternidade de Deus. Se os filhos
experimentam um reflexo de Deus em seu pai terreno, fica mais fácil ter,
através deste pai terreno, uma imagem correta de Deus Pai. E se como filho ou
filha tenho uma imagem correta de Deus, toda minha vida estará assegurada. Um
exemplo marcante é o de Santa Terezinha do Menino Jesus, que quando olhava para
o seu pai rezando, ali via o rosto de Deus.
O Papa São João XXIII assim se dirigia aos pais: “Que o pai seja o
representante de Deus na família e que se imponha aos outros, não somente pela
autoridade, mas sobretudo pelo exemplo de uma vida irrepreensível.”[5]
A
missão do pai é educar os filhos para a obediência e a coragem. “Meus
filhos devem aprender de mim, pai, a serem corajosos. A vida, mais tarde, exige
coragem. Não deve ser brincadeira. Mas também uma vigorosa obediência e
seguimento à minha autoridade e não a qualquer tipo de lei.(...) Não temos que
seguir uma lei, mas à encarnação da lei no pai.”[6]
A
autoridade da mãe é aquela que se apoia na autoridade paterna. A mãe é quem
conduz os filhos ao pai, pois sem ela os filhos poderiam nem saber quem é seu
pai. Uma função primordial da mãe é proteger esta autoridade do pai, colocando
sempre o pai em primeiro plano.
Muitas
mulheres atualmente, com o conceito errôneo ditado pelo feminismo de que não
deve ser submissa ao homem, acabam por destruir suas próprias famílias ao
deteriorar a autoridade paterna e ao tentar elas mesmas assumirem a função que
é própria do pai.
A
missão da mãe, tendo em visa a natureza psicológica da mulher que é voltada
para a doação, é educar os filhos para a renúncia e a capacidade de suportar os
contratempos da vida. Desta forma, cabe à
mãe é ser uma escola de força, ensinar os filhos a capacidade de querer
o bem e agir conforme esta decisão.
A mulher, em sua natureza, é mais aberta para a
disponibilidade de sacrificar-se e esta força que adquire ao se doar aos
demais, precisa passar para seus filhos, através do treino de sua vontade[7].
Este gosto pelo esforço, o prazer de conquistar algo
através do empenho pessoal, da luta, do sacrifício, pode acontecer de várias
formas, como por exemplo:
- o estimulo em praticar esportes e participar de
competições, onde a criança aprende que só com seu esforço e treinamento
conseguirá atingir seus objetivos;
- incentivar a fazer uma poupança, guardar parte da
mesada, para adquirir algo de maior valor;
- trabalhar em um projeto juntos, por exemplo, de
montar um brinquedo com lixo reciclável;
- preparar uma refeição junto com os filhos, para
eles participarem de todo o processo e experimentarem como os ingredientes aos
poucos vão se transformando numa refeição; etc...
Portanto, na família que tem
como ideal a Sagrada Família de Nazaré, pai e mãe precisam ocupar o lugar que
lhes é próprio, segundo os desígnios de Deus, onde a autoridade paterna é a
principal, sendo a “cabeça” da família e a autoridade materna é aquela que
apoia o pai. Nela o pai educa para a autonomia e a coragem e a mãe educa para a
renúncia e a capacidade de suportar os contratempos da vida.
[1]
“Família Serviço à Vida”, Pe. José Kentenich, Vol. I, pg. 23, 1994, Editado
pelo Instituto das Famílias de Schoenstatt, Vallendar/Alemanha
[2] Mt 2,13
[3] Mt 2,19
[4] Lc 2, 48
[5]
“Lares autenticos não se improvisam”, ARESI, Ricardo, 13ª edição, pg. 214
Edições Paulinas, São Paulo, 1980
[6]
“Família Serviço à Vida”, Pe. José Kentenich, Vol. I, pg. 50, 1994, Editado
pelo Instituto das Famílias de Schoenstatt, Vallendar/Alemanha
[7]
Verificar o exposto no Capítulo 5, especialmente o tópico sobre a educação para
a liberdade.
créditos das imagens: photopin.com
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