“Deus é
tão digno do nosso amor, quando nos consola, como quando nos faz sofrer!"
(São Francisco de Salles)
O SOFRIMENTO
A dor e o sofrimento fazem parte da
existência humana. Desde o nascimento até a morte o ser humano sofre e caso não
encontre um sentido para todo este sofrimento, pode viver angustiado e
deprimido.
“O homem sofre
quando experimenta um mal qualquer. No âmago daquilo que constitui a forma
psicológica do sofrimento encontra-se sempre uma experiência do mal, por motivo do qual o homem sofre.”[1]
Assim,
pode-se dizer que o sofrimento é uma consequência do mal que entrou na vida do
ser humano a partir do pecado original, da desobediência do homem aos planos de
amor de Deus Pai.
Deus
é Amor, Deus é Bom e Deus é Pai, portanto Deus
nunca quer o mal, pois o mal é contrário a Sua natureza; todavia Ele, que é
Onipotente e poderia acabar com o mal se assim quisesse, permite a
existência do mal, pois o que mais respeita é a liberdade humana, o livre
arbítrio onde cada pessoa pode escolher se deseja seguir o caminho do bem ou o
caminho do mal. E ainda, por ser todo poderoso, é o único capaz de tirar o bem
do mal.[2]
Sem
a liberdade o ser humano não passaria de um “robô” e como tal não poderia
corresponder ao amor de Deus. Desta forma, Deus espera uma resposta de amor de
cada pessoa para seguir seus planos e um dia voltar a Sua casa, porém, caso a
pessoa escolha outro caminho, por amor respeita a sua vontade, mas também esta
escolha traz consequências para si mesma e para toda a humanidade.
“Pois Deus
amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que
nele acredita não morra, mas tenha vida eterna. De fato, Deus enviou o seu
Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo
por meio dele.”[3]
São
João, nos versículos citados acima, afirma que foi o amor infinito de Deus por
toda a humanidade que o levou a enviar Jesus Cristo ao mundo, para através do seu sofrimento, salvar toda
a humanidade. O mal e o sofrimento entraram no mundo em virtude da
desobediência do ser humano e então, o mundo foi redimido através da obediência do Filho aos planos do Pai,
por meio de sua paixão e morte na Cruz.
“É por meio deste seu sofrimento que ele (Jesus) tem de fazer com que « o homem não
pereça, mas tenha a vida eterna ». É precisamente por meio da sua Cruz que ele
deve atingir as raízes do mal, que se embrenham na história do homem e nas
almas humanas. É precisamente por meio da sua Cruz que ele deve realizar a obra da salvação. Esta obra, no
desígnio do Amor eterno, tem um caráter redentor.”[4]
O
sofrimento, a dor, analisados apenas sob a luz da razão natural são um total
absurdo, pois contradiz o chamado à felicidade que cada um traz dentro de si
mesmo. Portanto,o sofrimento só pode ser compreendido se analisado sob a luz da
fé, como forma de adesão aos sofrimentos de Cristo, se tornando, desta forma,
um meio de salvação.
“Vimos que, examinar a dor a luz da pura razão
natural se apresenta como algo absurdo e contraditório, por ser uma certa
participação na morte e um processo de desintegração daqueles que estão
intimamente orientados para a felicidade. A fé vem a corroborar esta reflexão
dizendo-nos que o pecado foi efetivamente a ruptura com a fonte mesma da vida.
Não é de estranhar, então, que o pecado tenha uma relação causal com a morte e
a dor. Todavia, à luz desta mesma revelação, o crente está em condições de
encontrar seu sentido, a partir da ação misericordiosa de Deus que oferece a redenção,
mas sem abolir a liberdade do homem. A vocação ao amor, a comunhão e à
felicidade permanecem mas, para alcançar sua meta, é preciso fazer um bom uso
da liberdade se aderindo a Cristo.Neste contexto, a dor, que foi fruto do pecado e do afastamento de Deus e da
felicidade, se transforma, através de Jesus Cristo, em caminho de reencontro.
Assim adquire sentido.” [5]
[1] Carta Apostólica Salvici Doloris de João Paulo II, item 7
[2] Conforme Santo Agostinho († 430) e São Tomás de Aquino († 1274): "A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem" (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).
[2] Conforme Santo Agostinho († 430) e São Tomás de Aquino († 1274): "A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus; ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para tirar do próprio mal o bem" (Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).
[4]
Carta Apostólica Salvici Doloris de
João Paulo II, item 16
[5]
“Perspectiva cristiana del dolor humano”, pg. 56, P. Jaime Fernández M.,
editora Nueva Patris, Santiago, Chile, 2008
CRÉDITOS DAS FOTOS: PHOTOPIN.COM
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