terça-feira, 30 de setembro de 2014

FECUNDIDADE DO MATRIMÔNIO

Veremos hoje a quarta pergunta que é feita aos noivos na celebração de seu matrimônio
: Estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja?diz respeito à FECUNDIDADE matrimonial.
Todo amor verdadeiro é fecundo, produz frutos, pois ao se doar inteiramente ao outro, para que o outro seja feliz, aquele que ama vê seu amor frutificar, se reproduzir, vê o crescimento e amadurecimento do outro.
O amor conjugal é um “amor fecundo que não se esgota na comunhão entre os cônjuges, mas que está destinado a continuar-se, suscitando novas vidas. ‘O matrimônio e o amor conjugal estão por si mesmo ordenados para a procriação e educação dos filhos. Sem dúvida, os filhos são o dom mais excelente do matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos pais.’”[1]
O primeiro aspecto da fecundidade é a geração e educação dos filhos e infelizmente, na cultura atual, os filhos muitas vezes são vistos mais como um “mal necessário” do que uma benção de Deus.
“Na sociedade moderna, ao falar-se dos filhos, dá-se, sempre, uma conotação de algo problemático. Chega-se até a denominá-los ‘peso familiar’, certamente sem nenhuma intenção, mas nem por isso a expressão se torna mais feliz. O que antigamente constituía um grande sonho dos esposos, agora chega a transformar-se em pânico. Sejam quais forem as causas sociais ou econômicas que originaram esta situação psicológica, sejam quais forem as implicações morais que este problema suscita, a realidade é que, no ambiente atual, o filho não é mais um alegre sinal de fecundidade e de bênção. (...) Os esposos que não superarem interiormente o trauma psíquico da fecundidade, fruto de uma cultura decadente, se expõem a experimentar na vida matrimonial, tarde ou cedo, o sentimento de frustração.[2]
Os cônjuges são chamados a gerar novos filhos de Deus, a preparar novos membros para o Corpo de Cristo, a preparar novos cidadãos para o Reino dos Céus, assim como Cristo e a Igreja geram novos filhos de Deus. Os pais dão vida ao corpo e Deus dá vida à alma. Essa missão é sublime: os pais são co-criadores com Deus dos seres humanos! 
“Os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais. Deus mesmo disse: ‘Não convém ao homem ficar sozinho’ (Gn 2,18), e ‘criou de início o homem como varão e mulher’ (Mt 19,4); querendo conferir ao homem uma participação especial em sua obra criadora, abençoou o varão e a mulher dizendo: ‘Crescei e multiplicai-vos’ (Gn 1,28). Donde se segue que o cultivo do verdadeiro amor conjugal e toda a estrutura da vida familiar que daí promana, sem desprezar os outros fins do Matrimônio, tendem a dispor os cônjuges a cooperar corajosamente com o amor do Criador e do Salvador que, por intermédio dos esposos, quer incessantemente aumentar e enriquecer sua família.”[3]
Os casais devem ter a coragem de serem generosos com Deus e não colocar muitos obstáculos na geração dos filhos. Cada família deve pensar com muita responsabilidade quantos filhos tem condições de criar e não limitar os nascimentos por pensamentos egoístas ou apenas pensando no lado material, no “custo” de cada filho.
As famílias numerosas são uma benção para a sociedade e geralmente são mais felizes, pois a educação da criança com vários irmãos é facilitada, já que a vida comunitária dentro da família auxilia na socialização, na consciência de que não se pode ter tudo na hora que se quer (afinal são vários filhos para serem atendidos), que é necessário dividir e ajudar um ao outro.
Certo dia, uma senhora que tinha uma filha única de 15 anos, estava comentando com seu marido como havia sido importante para ela o apoio de seus irmãos quando sua mãe falecera. Então, a filha lhe perguntou: “E eu, mãe, como ficarei quando você falecer se não tenho nenhum irmão para me apoiar?” Esta é uma questão que aqueles adeptos da filosofia do filho único deveriam refletir.
“Imagem de Deus pode considerar-se, também, a própria geração, que faz de cada família um santuário da vida. O apóstolo Paulo diz-nos que toda a paternidade e maternidade recebem o nome de Deus (Ef 3,15). É Ele a fonte última da vida. Por isso, pode-se afirmar que a genealogia de cada pessoa tem as suas raízes no eterno. Ao gerar um filho, os pais atuam como colaboradores de Deus. Missão verdadeiramente sublime! Não nos surpreendamos, consequentemente, de que Jesus tenha querido elevar o casamento à dignidade de sacramento, e de que São Paulo se lhe refira como um «grande mistério», pondo-o em relação com a união de Cristo com a Igreja (Ef 5,32).[4]
 Os casais aos quais Deus não concedeu ter filhos, todavia, também podem ter um matrimônio muito fecundo. Podem optar pela adoção de tantas crianças abandonadas ou frutificar seu amor através do trabalho comunitário, do acolhimento e do sacrifício.
A fecundidade do amor conjugal diz respeito ainda àquilo que a família pode contribuir com a Igreja e com a sociedade. Os cônjuges devem buscar conquistar um patrimônio espiritual para ser compartilhado com os demais.
Muitas vezes a preocupação principal gira em torno dos bens materiais, de comprar uma casa, carro, enfim, dar o conforto físico aos membros da família. É claro que tudo isso é muito importante, todavia, precisa existir a preocupação em criar este patrimônio espiritual, com um estilo de vida próprio, com bens espirituais e afetivos.
Os esposos devem cuidar para criar no lar uma atmosfera própria, de comum acordo, e não deixar apenas que influencias externas, como da televisão ou da internet, determinem como deve ser e se comportar sua família. O tipo das amizades, os livros, os locais que frequentam, tudo deveria ser conscientemente decidido pelo casal, pois o ambiente que vivem influencia muito em seu comportamento.
“Muito poucos são os homens conscientes do valor que tem a gestação livre do ambiente que os rodeia. É normalmente esse ambiente que determina muitas de nossas decisões de cada dia. (...)Se quero chegar até meu subconsciente, possuir-me plenamente, determinar-me a mim mesmo tenho que influir, como eu quero, em meu ambiente mais próximo. Se o deixo ao ‘acaso’ ou deixo a outros a tarefa de determinar meu ambiente próximo, estou abdicando de uma possessão profunda de mim mesmo; estou abrindo brecha a uma verdadeira alienação”.[5]
Dessa forma, ao gestarem um ambiente próprio da família, com seus valores e costumes, os esposos devem comunicar aos demais esta sua verdadeira riqueza familiar, através de seu exemplo e da sua convivência, tornando realmente fecundo seu matrimônio.








[1] Cf Carta Encíclica Humanae Vitae de sua Santidade o Papa Paulu VI sobre a regulação da natalidade – item 9
[2] “Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pg.114, impresso como manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS 
[3] Cf Catecismo da Igreja Católica, no. 1652, citando a Constituição Pastoral  Gaudium et Spes, no. 50, 1, do Concilio Vaticano II
[4] Beato João Paulo II, Angelus de 06.02.1994, in www.evangelioquotidiano.org
[5] “Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pg.112, impresso como manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS

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