terça-feira, 23 de setembro de 2014

SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO - PARTE 1

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos visíveis sob os quais os sacramentos são celebrados significam e realizam as graças próprias de cada sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem com as disposições exigidas”[1]
Os sacramentos foram instituídos por Jesus para ajudar na caminhada rumo ao Céu, para sinalizar este caminho, pois transmitem as graças necessárias para cumprir a missão de cada um.
No caso do sacramento do matrimônio, a graça que se recebe é a santificação do vínculo que une marido e mulher para sempre. A aliança de amor que é selada com o sacramento do matrimônio, este laço que unirá aquele homem e aquela mulher eternamente, se transforma num sinal eficaz da união de Cristo com sua Igreja.
“O matrimônio, segundo o que foi dito, não é a consagração de duas pessoas, mas a consagração do laço que as une. A relação entre ambas é elevada sacramentalmente. Nisso consiste precisamente a sacramentalidade conjugal. O amor que os une e o vínculo que se gera se faz sinal e sacramento. O amor conjugal puramente humano se faz amor consagrado e por isso mesmo já é uma realidade religiosa. A comunidade conjugal entre ambos se faz comunidade de Deus e com Deus. Neste contexto podemos dizer que o amor redentor de Cristo, que desperta em nós uma resposta proporcional, se desdobra no matrimônio através do amor recíproco dos esposos.”[2]
Os esposos, tendo recebido o sacramento do matrimônio, são chamados a ser sinais do amor de Cristo por sua Igreja e do amor da Igreja para o seu Senhor. Quem vê um casal cristão deve poder ver a presença de Deus, sua atuação na vida daquela família. O casal também deve permitir que Deus influencie as pessoas que os rodeia, através de seu matrimônio.
Segundo Nicola de Martini: “O sacramento do matrimônio não é somente um sinal do matrimônio entre Cristo e a Igreja, mas introduz realmente os dois cônjuges no matrimônio entre Cristo e a Igreja. Assim, o matrimônio torna-se um ‘acontecimento de salvação’. O homem torna-se ‘Cristo que salva a esposa’(...) A esposa torna-se, então, ‘a Igreja que salva o esposo’, a Igreja que ‘forma Cristo no coração do esposo’”.(grifos nossos)
Veja como São Paulo descreve como deve ser este amor, reflexo do amor conjugal:
“Mulheres, sejam submissas a seus maridos, como ao Senhor. De fato, o marido é a cabeça da sua esposa, assim como Cristo, salvador do Corpo, é a cabeça da Igreja. E assim como a Igreja está submissa a Cristo, assim também as mulheres sejam submissas em tudo a seus maridos.
Maridos, amem suas mulheres como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela; (...) Portanto, os maridos devem amar suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, está amando a si mesmo. Ninguém odeia a sua própria carne; pelo contrário, a nutre e dela cuida, como Cristo faz com a Igreja, porque somos membros do corpo dele. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. Este mistério é grande: eu me refiro a Cristo e à Igreja. Portanto, cada um de vocês ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido.”[3]
É preciso ressaltar que a interpretação deste primeiro versículo, onde diz que as mulheres devem ser submissas a seus maridos muitas vezes é mal interpretado, tendo um caráter depreciativo. Todavia a interpretação mais adequada é a da análise da etimologia da palavra SUBMISSÃO, onde SUB quer dizer “debaixo de” e MISSÃO quer dizer “profissão ou vocação”, ou seja, estar debaixo da mesma vocação, da mesma missão.
Assim, a mulher deve ser o apoio do homem, ajudá-lo em seu caminho, pois ambos tem a mesma missão, formar uma família de acordo com os planos de Deus. A submissão, analisada sobre esta ótica, deve ser a mais forte demonstração de amor da mulher para com o marido.
O marido, por sua vez, deve amar a sua mulher como a seu próprio corpo, ou seja, deve cuidar dela com o mesmo cuidado que dispensa a si mesmo, a seus desejos e necessidades. E vai muito além, pois o amor de Cristo pela Igreja é um amor que deu a própria vida. Portanto, o marido deve estar disposto a dar a sua própria vida, aniquilar todo o seu egoísmo, para o bem de sua esposa.






[1] Cf CIC No. 1131
[2] “Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pgs. 8-9, impresso como manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS 
[3] Cf Ef 5,22-25; 26-33

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