segunda-feira, 29 de setembro de 2014

UNIDADE, INDISSOLUBILIDADE E FIDELIDADE DO MATRIMÔNIO

Ao contraírem o sacramento do matrimônio, os noivos dizem quatro vezes “sim” no altar, às perguntas realizadas pelo sacerdote e estes “sim” correspondem às condições para que aquele matrimônio seja realizado plenamente. Hoje analisaremos três destas respostas e amanhã a quarta.
A primeira pergunta: “Viestes aqui para unir-vos em matrimônio. É de livre e espontânea vontade que o fazeis?”, corresponde a UNIDADE que o noivo e a noiva se comprometem, pois estão assumindo aquele compromisso sem qualquer tipo de coação, tendo escolhido um ao outro, livremente, para trilhar o caminho do matrimônio.
O amor conjugal elevado a sacramento pelo matrimônio é realizado entre um homem e uma mulher, ambos são chamados a ser “uma só carne”, pois como é reflexo do amor de Cristo para a Igreja, Cristo é um só e a Igreja uma só; não há qualquer espaço para a poligamia ou poliandria.
A segunda pergunta: “Abraçando o matrimônio, ides prometer amor e fidelidade um ao outro. É por toda a vida que o prometeis?”, corresponde a INDISSOLUBILIDADE do vínculo matrimonial. Esta indissolubilidade é também consequência do amor conjugal como reflexo de Cristo e da Igreja, pois sendo Cristo a cabeça e a Igreja o seu corpo, não há como separar a cabeça do corpo sem destruí-lo.
“Em virtude da sacramentalidade do seu matrimônio, os esposos estão vinculados um ao outro da maneira mais profundamente indissolúvel. A sua pertença recíproca é a representação real, mediante o sinal sacramental, da mesma relação de Cristo com a Igreja.”[1]
Desta forma, unidade e indissolubilidade andam juntas: o matrimônio é realizado entre um homem e uma mulher, para juntos construírem sua família, permanecendo unidos até a morte. “Portanto, já não são dois, mas uma só carne. Pois bem, o que Deus uniu, não separe o homem”[2]
 “O homem e a mulher, unidos em matrimónio, refletem a imagem de Deus e são, de algum modo, a revelação do Seu amor. Não só do amor que Deus nutre pelo ser humano, mas também da misteriosa comunhão que caracteriza a vida íntima das três Pessoas divinas.”[3]
A terceira pergunta: “Prometem ser fiéis, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-se e respeitando-se por todos os dias das suas vidas?”, corresponde à exigência da FIDELIDADE.
A unidade e indissolubilidade do matrimônio exigem dos cônjuges uma fidelidade inviolável. Esta fidelidade também se fundamenta no amor de Cristo pela Igreja, que é absolutamente fiel e que chegou a dar a própria vida para a salvação da Igreja.
A fidelidade abrange muito mais do que simplesmente não sair com outra pessoa, pois a traição propriamente dita é o ápice da infidelidade, mas existem várias outras formas de infidelidade dentro do casamento, as quais é preciso conhecer e se prevenir.
“A fidelidade é a permanência ou conservação pura, viçosa e criadora do primeiro amor, quer dizer, quando o amor que juraram se mantém puro, viçoso e criativo através das provas do tempo.”[4]
Para se manter fiel, o casal deve se preocupar em conservar o primeiro amor, aquele amor que os uniu, sempre puro, viçoso e criador. Esta fidelidade muitas vezes custa muito sacrifício, mas é um sacrifício extremamente necessário para a felicidade da família.
O amor se mantem puro quando vence todo o egoismo que instrumentaliza o outro e também quando afasta todos os outros “amores” que o afasta do outro. Esses outros “amores” podem ser o trabalho, as amizades, as convicções políticas ou religiosas, os próprios pais ou parentes, as preferências de lazer, etc. Tudo aquilo que não pode ser integrado, que não pode conviver com o cônjuge, deve ser repelido.
Não se deve brincar com fogo, nem “baixar a guarda”. O casal sempre deve estar alerta para não deixar que nada e ninguém os separe interiormente de seu cônjuge, pois já seria uma infidelidade.
O amor permanece viçoso, saudável, forte, quando os cônjuges se preocupam em não deixar que a rotina os sufoque, que o amor se transforme em tolerância ou compaixão. Estão sempre dispostos a conhecer cada dia mais o outro, interessar-se pelo que o outro faz e pensa, suas preocupações e anseios.
Os casais devem cuidar de seu amor como se cuida de um jardim: regá-lo com o carinho, realizar as podas necessárias através de um diálogo cordial, colocar adubo da compreensão e do interesse,  e ter paciência com as limitações e frustrações para ver a sua florescência colher seus frutos de uma vida conjugal feliz.
A fidelidade consiste ainda em cuidar que o amor conjugal seja um amor criador, no sentido de que cada cônjuge se preocupe em melhorar sempre, em se aperfeiçoar para o bem do outro. Toda vez que a pessoa procura se apresentar melhor, ser mais educado com alguém de fora, com o chefe ou com os amigos, está cometendo uma infidelidade. O melhor sempre deve  ser para o cônjuge.
Significa ainda procurar criar um ambiente no lar que seja agradável ao outro, buscando tornar-se sempre mais interessante ao outro, mais delicado, mais oportuno, enriquecendo o diálogo, vencendo a tentação do amor que atua por dever.



[1] Exortação Apostólica de João Paulo II – A missão da Família Cristã no mundo de hoje – item 13
[2] Cf  Mt 19,6
[3] Beato João Paulo II, Angelus de 06.02.1994, in www.evangelioquotidiano.org
[4] “Matrimônio, vocação de amor”, Fernandez, Jaime, pg. 73, impresso como manuscrito – 1989 – Movimento Apostólico de Schoenstatt, Santa Maria/RS

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